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CONTRIBUIÇÃO DOS TEÓRICOS DA ADMINISTRAÇÃO

Todas as organizações são constituídas por pessoas e por recursos não humanos (como recursos físicos e materiais, financeiros, tecnológicos, mercadológicos, etc.) A vida das pessoas depende intimamente das organizações e estas dependem da atividade e do trabalho daquelas.
Na sociedade moderna, as pessoas nascem, crescem, aprendem, vivem, trabalham, se divertem, são tratadas e morrem dentro de organizações. As organizações são extremamente heterogêneas e diversificadas, de tamanhos diferentes, de características diferentes, de estruturas diferentes, de objetivos diferentes. Existem organizações lucrativas (chamadas empresas) e organizações não lucrativas (como Exército, Igreja, serviços públicos, entidades filantrópicas, organizações não governamentais – ONGs – etc.). A Teoria das Organizações – TO é o campo do conhecimento humano que se ocupa do estudo das organizações em geral. Por seu tamanho e pela complexidade de suas operações, as organizações, ao atingirem um certo porte, precisam ser administradas e sua administração requer todo o aparato de pessoas estratificadas em diversos níveis hierárquicos que se ocupam de incumbências diferentes.
A administração nada mais é do que a condução racional das atividades de uma organização seja ela lucrativa ou não lucrativa. A administração trata do planejamento, da organização (estruturação), da direção e do controle de todas as atividades diferenciadas pela divisão de trabalho que ocorram dentro de uma organização. Assim, a administração é imprescindível para existência, sobrevivência e sucesso das organizações. Sem a administração, as organizações jamais teriam condições de existir e de crescer. A teoria geral da administração – TGA é o campo do conhecimento humano que se ocupa do estudo da Administração em geral, não importa onde ela seja aplicada, se nas organizações lucrativas (empresas) ou se nas organizações não lucrativas.
A TGA trata do estudo da Administração das organizações.
Em função dos aspectos exclusivos de cada organização, o administrador define estratégias, efetua diagnósticos de situações, dimensiona recursos, planeja sua aplicação, resolve problemas, gera inovação e competitividade. O administrador bem-sucedido em uma organização pode não sê-lo em outra. Toda vez que uma organização pretende incluir um executivo em seu quadro administrativo, os candidatos são submetidos a uma infinidade de testes e de entrevistas que procuram investigar em profundidade seus conhecimentos, habilidades e competências, suas atitudes, entre outros. Talvez até sua situação conjugal ou estabilidade emocional. Isso porque o executivo dificilmente pode ser transferido de uma organização para outra sem que algum problema de adaptação deixe de ocorrer. Mesmo que o executivo tenha profundos conhecimentos de Administração e apresente um invejável currículo profissional, ele não é julgado pelo que sabe a respeito das funções que exerce em sua especialidade, mas principalmente pela maneira como realiza seu trabalho e pelos resultados que consegue obter dos recursos disponíveis.
  Ao falar do administrador profissional, Theodore Levit, em O carrossel dos administradores, lembra que, enquanto um químico ou um físico são considerados profissionais que passam por um teste de conhecimentos acerca de suas profissões, o mesmo não acontece com o administrador, cujo conhecimento é apenas um dos múltiplos aspectos na avaliação de sua capacitação profissional. Ele não é apenas analisado pelas organizações por seus conhecimentos tecnológicos de Adminstração, mas principalmente por seu modo de agir, suas atitudes, conhecimentos, habilidades, competências, personalidade e filosofia de trabalho. A finalidade é verificar se essas qualidades se coadunam com os novos padrões de cultura e de trbalho, com a competitividade da empresa e com o pessoal que vai trabalhar com ele, pois não existe uma única maneira certa de um administrador agir ou de conduzir. Pelo contrário, existem várias maneiras de levar a cabo as tarefas nas empresas, em condições específicas, por dirigentes de temperamentos diversos e modos de agir próprios. Aliás, é oportuno lembrar a lei de indeterminação de Heisenberg, pela qual o processo de se observar um fenômino altera esse fenômeno. Se na física a observação dos átomos equivale a alterar a posição e a velocidade desses, na administração de uma organização a presença de um profissional em uma determinada função afeta e modifica esta função, independentemente do que seja realizado. A presença de outro profissional produziria outra alteração. Além do mais, se a modificação ocorre, a maneira de agir deve ser e acaba sendo diferente.
  Segundo Robert L. Katz, em Habilidades de um efetivo administraror, o sucesso do administrador depende mais do seu desempenho e da maneira como lida com pessoas e situações do que de seus traços particulares de personalidade. Depende daquilo que ele consegue fazer e não daquilo que ele é. Este desempenho é o resultado de certas habilidades que o administrador possui e utiliza. Uma habilidade é a capacidade de transformar conhecimento em ação e que resulta em um desempenho desejado. Para Katz, existem três tipos de habilidades importantes para o desempenho administrativo bem-sucedido: as habilidades técnicas, humanas e conceituais.
  Habilidades técnicas envolvem o uso de conhecimento especializado e facilidade na execução de técnicas relacionadas com o trabalho e com os procedimentos de realização. É o caso de habilidades em contabilidade, em programação de computador, engenharia, etc. As habilidades técnicas estão relacionadas ao fazer, isto é, ao trabalho com coisas, como processos materiais ou objetos físicos e concretos. É relativamente fácil trabalhar com coisas e com números porque eles são estáticos e inertes, não contestam nem resistem à ação do administrador.
  Habilidades Humanas estão relacionadas ao trabalho com pessoas e referem-se à facilidade de relacionamento interpessoal e grupal. Envolvem a capacidade de comunicar, motivar, coordenar, liderar e resolver conflitos pessoais ou grupais. As habilidades humanas estão relacionadas com a interação com as pessoas. O desenvolvimento da cooperação dentro da equipe, o encorajamento da participação, sem medos ou receios e o envolvimento das pessoas são aspectos típicos de habilidades humanas. Saber trabalhar com pessoas e por meio das pessoas.
  Habilidades conceituais envolvem a visão da organização ou da unidade organizacional como um todo, a facilidade em trabalhoar com ideias e conceitos, teorias e abstrações. Um administrador com habiliddes conceituais está apto a compreender as várias funções da organização, complementá-las entre si, entender como a organização se relaciona com seu ambiente e como as mudanças em uma parte da organização afeta o restante dela. As habilidades conceituais estão relacionadas com o pensar, com o raciocinar, com o diagnóstico das situações e com a formulação de alternativas de solução dos problemas. Representam as capacidades cognitivas mais sofisticadas do administrador e que lhe permitem planejar o futuro, interpretar a missão, desenvolver a visão e perceber oportunidades onde ninguém enxerga nada. Na medida em que um administrador faz carreira e sobe na organização, ele precisa, cada vez mais, desenvolver as suas habilidades conceituais para não limitar a sua empregabilidade. Empregabilidade significa a capacidade que uma pessoa tem para conquistar e manter um emprego. Conquistar um emprego pode até ser fácil; o mais difícil é mantê-lo a longo prazo.
  A combinação destas habilidades é importante para o administrador. Na medida em que se sobe para os níveis mais elevados da organização, diminui a necessidade de habilidades técnicas, enquanto aumenta a necessidade de habilidades conceituais. Os níveis inferiores requerem considerável habilidade técnica dos supervisores para lidar com os problemas operacionais concretos e cotidianos da organização. A TGA se dispõe a desenvolver a habilidade conceitual, embora não deixe de lado as habilidades humanas e técnicas. Em outros termos, se propõe a desenvolver a capacidade de pensar, definir sigtuações organizacionais complexas, diagnósticar e propor soluções e inovações na organização.
  Contudo, estas três habilidades – técnicas, humanas e conceituais – requerem certas competências pessoais para serem colocadas em ação com êxito. As competências – qualidades de quem é capaz de analisar uma situação, apresentar soluções e resolver assuntos ou problemas – constituem o maior patrimônio pessoal do admnistrador; o seu capital intelectual; a sua maior riqueza. Porém, em um mundo em constante mudança e transformação, a aquisição de uma nova competência necessária, significa quase sempre, o abandono de outra que se tornou velha e ultrapassada. O segredo está em adquirir competências duráveis: aquelas que, mesmo em tempos de rápida mudança, não se tornam descartáveis nem obsoletas. Diante de todos estes desafios, o administrador – para ser bem-sucedido profissionalmente – precisa desenvolver quatro competências duráveis: o conhecimento, a perspectiva, o julgamento e a atitude.
  Conhecimento significa todo o acervo de informações, conceitos, ideias, experiências, aprendizagens que o administrador possui a respeito de sua especialidade. Como o conhecimento muda a cada instante em função da mudança e da inovação que ocorrem com intensidde cada vez maior, o administrador precisa atualizar-se constantemente e renová-lo continuamente. Isso significa aprender a aprender, a ler, a ter contato com outras pessoas e profissionais e, sobretudo, reciclar-se contiuamente para não tornar-se obsoleto e ultrapassado em seus conhecimentos. Todavia, as empresas estão repletas de profissionais com excelentes currículos e um enorme cabedal de conhecimentos, mas que não são capazes de transformar a sua bagagem pessoal em contribuições efetivas ao negócio e criar valor para a organização. Eles têm o conhecimento para si e não disponível para a organização. Têm o conhecimento, mas não sabem como utilizá-lo ou aplicá-lo. O conhecimento é necessário e fundamental; mas não é suficiente para o sucesso profissional. Ele precisa ser adicionado a duas outras competências duráveis: a perspectiva e a atitude.
  Perspectiva significa a capacidade de colocar o conhecimento em ação e saber transformar a teoria em prática. Aplicar o conhecimento na análise das situações e na solução dos problemas e na condução do negócio. Não basta apenas possuir o conhecimento; ele pode ficar apeneas em estado potencial. Torna-se necessário saber como utilizaá-lo e aplicá-lo nas diversas situações e na solução dos diferentes problemas. A perspectiva apresenta a habilidade de colocar em ação os conceitos e ideias abstratas que estão na mente do administrador. Em visualizar as oportunidades que nem sempre são percebidas pelas pessoas comuns e transformá-las em novos produtos, serviços ou ações pessoais. Na realidade, a perspectiva é a condição pessoal que torna o administrador capaz de diagnosticar situações e propor soluções criativas e inovadoras. É a perspectiva que dá autonomia e independência ao administrador, que não precisa perguntar ao chefe o que deve fazer e como fazer nas suas atividades. Contudo, o conhecimento e a perspectiva são fundamentais, mas carecem de outra competência durável: o julgamento.
  Não basta ter conhecimento e habilidde. O administrador precisa saber analisar e avaliar a situação com clareza, obter dados e informação suficiente para julgar os fatos com espírito crítico, ponderar com equilíbrio e definir prioridades. Isso é fundamental para tomar decisões – ou fazer julgamentos. O administrador é um tomador de decisões.
  Atitude significa o comportamento pessoal do administrador frente às situações com que se defronta no seu trabalho. A atitude representa o estilo pessoal de fazer as coisas acontecerem, a maneira de liderar, de motivar, de comunicar e de levar coisas para a frente. Envolve o impulso e a determinação de inovar e a convicção de melhorar continuamente, o espírito empreendedor, o inconformismo com os problemas atuais e, sobretudo, a facilidade de trabalhar com outras pessoas e fazer as suas cabeças. É esta competência durável que transforma o administrador em um agente de mudança nas empresas e organizações e não simplesmente um agente de conservação e manutenção do status quo.
  Estas quatro competências duráveis constituem a plataforma que conduz o administrador ao sucesso nas suas atividades. No decorrer deste texto, o leitor sentirá a preocupação constante de proporcionar conhecimento, de burilar a perspectiva, de aclarar o julgamento e impor a atitude empreendedora que conduz à mudança, inovação e sustentabilidade da organização.
  Henry Mintzberg, em A natureza do trabalho administrativo, identifica dez papeis específicos do administrador divididos em três categorias: interpessoal, informacional e decisorial. Papel significa um conjunto de expectativas da organização a respeito do comportamento de uma pessoa. Cada papel representa atividades que o administrador conduz para cumprir as funções de planejar, organizar, dirigir e controlar.
  Papeis interpessoais representam as relações com outras pessoas e estão relacionados às habilidades humanas. Mostram como o administrador interage com as pessoas e influencia seus subordinados.
  Papeis informacionais descrevem as atividades para manter e desenvolver uma rede de informações. Um administrador no nível institucional passa em média 75% do seu tempo trocando informações com outras pessoas dentro e fora da organização. Mostram como o administrador intercambia e processa a informação.
  Papeis decisórios envolvem eventos e situações em que o administrador deve fazer uma escolha ou opção. Estes papeis requerem tanto habilidades humanas como conceituais. Mostram como o administrador utiliza a informação em suas decisões.
  Na verdade, administrador é muito mais do que uma mera função de supervisão de pessoas, de recursos e de atividades. Quando tudo muda e as regras são engolfadas pela mudança, trata-se não apenas de manter a situação, mas de inovar e renovar continuamente a organização. O papel do administrador em épocas de mudança e instabilidade se centra mais na inovação do que na manutenção do status quo organizacional.
TGA: A Administração e suas perspectivas
  Em uma época de complexidades, mudanças e incertezas, como a que atravessa-se nos dias atuais, a Administração torna-se uma das mais importantes áreas da atividade humana. Veive-se em uma civilização em que predominam as organizações e na qual o esforço cooperativo do homem é a base fundamental da sociedade.
  A tarefa básica da Administração é a de fazer as coisas por meio das pessoas de maneira eficiente e eficaz. Nas organizações de serviços públicos, hospitais, universidades, instituições militares ou em qualquer outra forma de empreendimento humano – a eficiência com que as pessoas trabalham em conjunto para conseguir objetivos comuns dependem diretamente da capacidade daqueles que exercem a função administrativa. O avanço tecnológico e o desenvolvimento do conhecimento humano, por si apenas, não produzem efeitos se a qualidade da administração efetuada sobre uma aplicação efetiva dos recursos humanos e materiais. A administração, como veremos adiante, está sendo considerada a principal chave para a solução dos mais graves problemas que atualmente afligem o mundo moderno.
  O trabalho do administrador em qualquer organização – seja ele um supervisor de primeira linha ou o dirigente máximo da organização – é essencialmente o mesmo. Neste sentido, não há uma distinção básica entre diretores, gerentes chefes ou supervisores, como administradores. Qualquer que seja a posição ou o nível que ocupe, o administrador alcança resultados através da efetiva cooperação dos subordinados. A tarefa de administrar se aplica a qualquer tipo ou tamanho de organização, seja ela uma grande indústria, uma cadeia de supermercados, uma universidade, um clube, um hospital, uma empresa de consultoria ou uma organização não governamental – ONG. Toda organização – seja ela industrial ou prestadora de serviços – precisa ser administrada para alcançar seus objetivos com a maior eficiência, economia de ação e de recursos e ser competitiva. Devido às suas limitações físicas, biológicas e psíquicas, as pessoas têm necessidade de cooperar com outras pessoas para, em conjunto, alcançarem objetivos que isoladamente jamais poderiam alcançar. A coordenação dos esforço humano torna-se um problema essencialmente administrativo para o alcance de objetivos – sejam industriais, comerciais, religiosos, militares, caritativos ou educacionais. Onde quer que a cooperação de pessoas, no intuito de alcançar objetivos comuns, se torne organizada e formal, o componente essencial e fundamental desta associação é a Administração – a função de conseguir fazer as coisas por meios das pessoas  e com os melhores resultados. Somente a partir do momento em que as organizações alcançaram um certo tamanho e complexidade é que a sua administração começou a apresentar dificuldades e desafios até então intransponíveis para seus dirigentes. Foi nesse momento que surgiu a necessidade de uma Teoria da Administração que permitisse oferecer aos dirigentes das organizações os modelos e estratégias adequados para a solução de seus problemas empresariais.
  A palavra administração vem do latim ad (direção, tendência para) e minister (subordinação ou obediência) e significa aquele que realiza uma função sob o comando de outrem, isto é, aquele que presta um serviço a outro. No entanto, a palavra administração sofreu uma radical transformação em seu significado original. A tarefa da Administração passou a ser a de definir os objetivos da organização e transformá-los em ação organizacional por meio do planejamento, organização, direção e controle de todos os esforços realizados em todas as áreas e em todos os níveis da organização a fim de alcançar tais objetivos da maneira mais adequada à situação e garantir a competitividade em um mundo de negócios altamente concorrencial e complexo. A Administração é o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de recursos e competências a fim de alcançar objetivos organizacionais.
  Cada autor conceitua administração em sua ótica particular. Vale a pena comparar cada conceituação da administração. Samuel C. Certo, em Administração moderna: diversidade, qualidade, ética e ambiente global, conceitua-a como o processo de alcançar objetivos pelo trabalho com e por intermédio de pessoas e outros recursos organizacionais. James A. F. Stoner, R. Edward Freeman & Daniel A. Gilbert, em Administração, atribuem o conceito de que é o processo de planejar, organizar, liderar e controlar o trabalho dos membros da organização e utilizar todos os recursos organizacionais disponíveis para alcançar objetivos organizacionais definidos. John R. Schermerhorn, em Administração, conceitua-a como o processo de planejar, organizar, liderar e controlar o uso de recursos para alcançar objetivos de desempenho. Richard L. Daft, em Administração, conceitua como o alcance de objetivos organizacionais de maneira eficaz e eficiente graças ao planejamento, à organização, à liderança e ao controle dos recursos organizacionais. Patrick J. Montana e Bruce H. Charnov, em Administração, conceituam como o ato de trabalhar com e por intermédio de outras pessoas para realizar objetivos da organização, bem como de seus membros.
  Contudo, a Administração é muito mais do que simplesmente planejar, organizar, dirigir e controlar, como diz a maioria dos autores. A administração envolve um complexo de decisões e ações aplicado a uma variedade de organizações. Devido a essa complexidade, a administração admite várias interpretações, tais como:
1)  A administração é um processo contínuo e sistêmico que envolve uma série de atividades impulsionadoras como planejar, organizar, dirigir e controlar recursos e competências para alcançar metas e objetivos. Ela implica em fixar objetivos a alcançar, tomar decisões no meio deste caminho e liderar todo este processo a fim de alcançar os objetivos e oferecer resultados.
2)  A administração envolve a articulação e aplicação de vários conjuntos de recursos e competências organizacionais. É um processo abrangente que envolve e aplica uma variedade de recursos: humanos, financeiros, materiais, tecnológicos e informação.
3)  A administração exige várias ações orientadas para alcançar objetivos através de diferentes pessoas e órgãos que trabalham conjunta e integradamente. Trata-se de uma atividade proposital e direcionada para alvos previamente definidos, envolvendo objetivos individuais, grupais e organizacionais ou uma combinação deles no sentido de alcançar níveis cada vez mais elevados de excelência.
4)  A administração envolve liderança e direcionamento de atividades executadas por todo o conjunto organizacional e em todos os níveis das organizações por pessoas com diferentes funções intencionalmente estruturadas e coordenadas para o alcance de propósitos comuns.
Assim, chega-se às seguintes conclusões sobre a Administração:
1)  A Administração ocorre exclusivamente dentro das organizações. Ela não acontece em situações isoladas. Todas as organizações – nações, estados e municípios, empresas, indústrias empreendimentos de todo tipo não importando seu tamanho ou natureza – precisam ser administradas. Contudo, cada organização é única, singular e diferente das demais e suas características ímpares afetam tanto o administrador como todas as pessoas a ele subordinadas. O administrador precisa necessariamente compreender cada organização. Essa é a sua praia.
2)  A Administração requer fazer coisas através das pessoas. O administrador não executa e deve saber assessorar as pessoas e desenvolver nela capacidades e competências para que elas executem adequadamente suas atividades. Deve saber ajustar as capacidades e competências das pessoas aos requisitos da organização e dos objetivos a serem alcançados através do esforço conjunto. Para isso, deve comunicar, orientar, liderar, motivar e recompensar as pessoas.
3)  A administração requer lidar simultaneamente com situações múltiplas e complexas, muitas vezes inesperadas e potencialmente conflitivas. A administração é um processo complexo que requer integração, articulação e visão de conjunto, principalmente quando as atividades são divididas, diferenciadas e fragmentadas. Isso requer consistência e flexibilidade, reflexão e ação, espírito analítico e sintético, olhar para o todo e para as partes simultaneamente. Requer uma perspectiva global e uma compreensão local do mercado, dos clientes, concorrentes, da sociedade, governo e do mundo globalizado.
4)  O administrador deve continuamente buscar, localizar e aproveitar novas oportunidades de negócios. Deve possuir uma mente empreendedora focada no compromisso de aprender constantemente novas habilidades, novos conhecimentos e adquirir novas competências. Deve ser um agente de mudança e de transformação das organizações.
5)  O administrador precisa saber reunir simultaneamente conceitos e ação. Em outras palavras, juntar teoria e prática, o saber e o aplicar, oi pensar e o agir. Conceitos sem ação não levam a nada; ação sem conceitos é pura perda de tempo. Cada vez mais a administração está sendo envolvida por assuntos abstratos e complexos. No seu começo foi eficiência e eficácia. Depois veio a produtividade e lucratividade. Mais adiante veio o mercado, a excelência, estratégia, competitividade, sustentabilidade e responsabilidade social. O que são estes assuntos senão conceitos abstratos e intangíveis? Pura teoria! E sem teoria o administrador fica sem saber exatamente o que fazer em situações abstratas e intangíveis. A menos que queira trabalhar apenas com coisas concretas e dentro de uma rotina bitolada e repetitiva enquanto o mundo de negócios ao seu redor é dinâmico, complexo, mutável e competitivo.
   Além do mais, pela sua complexidade, a Administração é simultaneamente uma ciência, uma tecnologia e uma arte:
1)  Como ciência, a Administração repousa em fundamentos científicos, em metodologias e em teorias sobre fatos e evidências que são analisadas, experimentadas e testadas na prática cotidiana. Como ciência ela define o que causa o quê, por que causa e quando causa, isto é, as relações de causa e efeito. Em outras palavras, quando determinada força fará a pessoa andar e quando a fará parar.
2)  Como tecnologia, a Administração utiliza técnicas, modelos, práticas, ferramentas conceituais baseadas em teorias científicas que facilitam a vida do administrador e tornam seu trabalho mais eficaz. E como se mede isso? Através dos resultados.
3)  Como arte, a Administração requer do administrador a leitura de cada situação em uma visão abrangente com intuição e abordagem criativa e inovadora não somente para resolver problemas, mas principalmente para criar, mudar, inovar e transformar as organizações.
  Tudo em Administração depende da situação e das circunstâncias. Tudo nela é relativo devido à complexidade das organizações. Por isso, existem várias teorias a respeito da Administração. Cada uma dela ensina a discernir o que é relevante e guiar suas ações e o que deve ser feiro em cada situação ou circunstância. Cada teoria funciona como um modelo de pensar sobre o curso de ação diante de uma situação específica. Todo administrador busca resultados mas sem a teoria adequada para chegar lá será apenas um palpiteiro ou um chutador às cegas. Teorias científicas são declarações que predizem como o mundo real vai responder quando provocado de certa maneira. E o que confirma ou nega qualquer teoria é a resposta que o mundo dá a ela.
  Tanto significado como conteúdo da Administração sofreram uma formidável ampliação e aprofundamento por meio das diferentes teorias. O conteúdo do estudo da Administração varia de acordo com a teoria ou a escola considerada. Cada autor da Administração tende a abordar as variáveis e assuntos típicos da orientação teórica de sua escola ou teoria. Aliás, uma das razões que motivou a produção deste texto foi a necessidade de abordagem das várias Teorias da Administração, seus respectivos assuntos e conteúdos.
  As rápidas pinceladas a respeito dos gradativos passos da TGA mostram o efeito cumulativo e gradativamente abrangente das diversas teorias com suas diferentes contribuições e diferentes enfoques. Todas as teorias administrativas são válidas, embora cada qual valorize uma ou algumas das seis variáveis básicas. Na realidade, cada teoria administrativa surgiu como uma resposta aos problemas empresariais mais relevantes de sua época. E, nesse caso, todas elas foram bem-sucedidas ao apresentarem soluções específicas para tais problemas. De certo modo, todas as teorias administrativas são aplicáveis às situações atuais e o administrador precisa conhecê-las bem para ter à sua disposição um naipe de alternativas adequadas para a situação.
  A TGA estuda a Administração das organizações e empresas do ponto de vista de interação e da interdependência entre as seis variáveis principais: tarefa, estrutura, pessoas, tecnologia, ambiente e competitividade. Elas constituem os principais componentes do estudo da Administração das organizações  e empresas. O comportamento destes componentes é sistêmico e complexo: cada um influencia e é influenciado pelos outros. Modificações em um componente provocam modificações em maior ou menor grau nos demais. O comportamento de seu conjunto é diferente da soma dos comportamentos de cada componente considerado isoladamente. A adequação e a integração entre estas seis variáveis constituem o desafio fundamental da Administração.
  Na medida em que a Administração se defronta com novas situações que surgem no decorrer do tempo e do espaço, as doutrinas e as teorias administrativas precisam adaptar suas abordagens ou modificá-las para continuarem úteis e aplicáveis. Isso explica, em parte, os gradativos passos da TGA no decorrer dos tempos e a gradativa abrangência e complexidade que acaba-se de discutir.
  A teoria administrativa está continuamente se expandindo e se ampliando, levando o leitor a uma dificuldade de se familiarizar, mesmo que superficialmente, com uma amostra representativa da literatura sobre a Administração.
  A administração é um fenômeno universal no mundo moderno. Cada organização requer o alcance de objetivos em um cenário de concorrência acirrada, a tomada de decisões, a coordenação de múltiplas atividades, a condução de pessoas, a avaliação do desempenho dirigido a metas previamente determinadas, a obtenção e a alocação de recursos etc. Numerosas atividades administrativas que são desempenhadas por vários administradores e orientadas para áreas e problemas específicos precisam ser realizadas e coordenadas de maneira integrada e coesa em cada organização ou empresa.
  Assim, o administrador não é um mero executor de tarefas, mas o responsável pelo trabalho das pessoas a ele subordinadas. Ele não pode cometer erros ou arriscar apelando para estratagemas de ensaio e erro, já que isso implicaria conduzir seus subordinados pelo caminho menos indicado. O administrador é um profissional cuja formação é ampla e variada: precisa conhecer disciplinas heterogêneas (como Matemática, Direito, Psicologia, Sociologia, Estatística, etc.); precisa lidar com pessoas (que executam tarefas ou que planejam, organizam, controlam, assessoram, pesquisam, etc.) que lhe estão subordinadas ou que estão no mesmo nível ou acima dele; ele precisa estar atento aos eventos passados e presentes, bem como às previsões futuras, pois seu horizonte deve ser mais amplo, já que ele é o responsável pela direção de outras pessoas que seguem suas ordens e orientações; precisa lidar com eventos internos (localizados dentro da empresa) e externos (localizados no ambiente que envolve externamente a empresa); precisa ver mais longe que os outros pois deve estar ligado aos objetivos que a empresa pretende alcançar por meio da atividade conjunta de todos. Não que o administrador seja um herói que pretende-se consagrar, mas ele é um agente – não só de condução, mas também de mudança e de transformação das empresas, levando-as a novos rumos, novos processos, novos objetivos, novas estratégias, novas tecnologias e novos patamares; ele é uma agente educador e orientador no sentido de que, com sua direção e orientação, modifica comportamentos e atitudes das pessoas; ele é um agente cultural na medida em que, com o seu estilo de Administração, modifica a cultura organizacional existente nas empresas. Mais do que isso: o administrador deixa marcas profundas na vida das pessoas, na medida em que lida com elas e com seus destinos dentro das empresas, e na medida em que sua atuação na empresa influi também no comportamento dos consumidores, fornecedores, concorrentes e demais organizações humanas. Sua influência é, portanto, interna e externa.
  Nos próximos anos, o mundo verá o fim da forma organizacional de hoje (a organização burocrática que ainda predomina em muitas organizações) e o surgimento de novas arquiteturas organizacionais adequadas às novas demandas da era pós-industrial. Esta previsão se baseia no princípio evolucionário de que cada época desenvolve uma forma organizacional apropriada às suas características e exigências. As fraquezas da tradicional organização burocrática serão os germes dos futuros sistemas organizacionais, devido a três aspectos:
1)  Mudanças rápidas e inesperadas no mundo dos negócios nos campos do conhecimento e da explosão demográfica, impondo novas e crescentes necessidades a que as atuais organizações não têm condições de atender.
2)  Crescimento e expansão das organizações, que se tornam complexas e globalizadas.
3)  Atividades que exigem pessoas de competências diversas e especializadas envolvendo problemas de coordenação e, principalmente, de atualização em função das rápidas mudanças.
  A Tarefa administrativa nos próximos anos será incerta e desafiadora, pois deverá ser atingida por uma infinidade de variáveis, mudanças e transformações carregadas de ambiguidades e de incertezas. O administrador se defrontará com problemas multifacetados e cada vez mais complexos do que os anteriores. Sua atenção será disputada por eventos e por grupos, situados dentro e fora da organização, que lhe proporcionarão informações contraditórias que complicarão seu diagnóstico perceptivo e sua visão dos problemas a resolver ou das situações a enfrentar: são as exigências da sociedade, dos clientes, dos fornecedores, das agências regulamentadoras; são os desafios dos concorrentes, as expectativas da alta administração, dos subordinados, dos acionistas etc. Porém, estas exigências, desafios e expectativas sofrem mudanças que ultrapassam a capacidade de compreensão do administrador. Essas mudanças tendem a aumentar com a inclusão de novas variáveis, na medida que o processo se desenvolve criando uma turbulência que perturba e complica a tarefa administrativa de planejar, organizar, dirigir e controlar uma empresa eficiente e eficaz. E o futuro parece complicar cada vez mais esta realidade.
  Vários fatores deverão provocar profundos impactos sobre as organizações como:
1)  Crescimento das organizações. As organizações bem-sucedidas tendem ao crescimento e à ampliação de suas atividades, seja em termos de tamanho e de recursos, seja na expansão de mercados, seja no volume de operações. O crescimento é uma decorrência inevitável do êxito organizacional. Na medida em que a organização cresce, ocorre uma subdivisão interna (divisão de trabalho) e especialização dos órgãos e, em decorrência, maior necessidade de coordenação e integração das partes envolvidas para garantir a eficiência e a eficácia.
O mundo externo é caracterizado por mudanças rápidas e frequentes e, para acompanhar com sucesso essas mudanças, os administradores generalistas dotados de habilidades genéricas e variadas terão perspectivas mais promissoras do que os administradores especialistas e concentrados em poucas habilidades gerenciais.
2)  Concorrência mais aguda. Na medida em que aumentam os mercados e os negócios, crescem também os riscos da atividade empresarial. O produto ou o serviço que demonstra ser melhor ou superior será o mais procurado. O desenvolvimento de produtos ou serviços exigirá maiores investimentos em pesquisa e desenvolvimento, aperfeiçoamento de tecnologias, dissolução de velhos e criação de novos departamentos, busca incessante de novos mercados e competição com outras organizações para sobreviver e crescer.
3)  Sofisticação da tecnologia. Com o uso das telecomunicações, do computador e do transporte, as organizações estão internacionalizando suas operações e atividades. A tecnologia proporciona eficiência maior, precisão maior e a liberação da atividade humana para tarefas mais complicadas que exijam planejamento e criatividade. A tecnologia introduzirá novos processos e instrumentos que causarão impactos sobre as organizações.
4)  Taxas elevadas de inflação. Os custos de energia, matérias-primas, trabalho humano e dinheiro estão se elevando continuamente. A inflação exigirá, cada vez mais, maior eficiência da administração das organizações para que possam obter melhores resultados com menos recursos e programas de redução de custos operacionais. A inflação imporá novas pressões e ameaças sobre as organizações: elas deverão lutar pelo lucro e pela sobrevivência por meio de maior produtividade.
5)  Globalização da economia e internacionalização dos negócios. O esforço de exportação e criação de subsidiárias para deitar raízes em outros territórios estrangeiros é um fenômeno que influenciará as organizações do futuro e sua administração. A globalização e o intercâmbio planetário fazem com que a competição se torne mundial.
6)  Visibilidade maior das organizações. Enquanto crescem, as organizações tornam-se competitivas, sofisticadas, internacionalizam-se e, com isso, aumentam sua influência ambiental, ou seja, as organizações chamam mais a atenção do ambiente e do público e passam a ser mais visíveis e percebidas pela opinião pública. A visibilidade da organização – a sua capacidade de chamar a atenção dos outros – pode ocorrer de maneira positiva (imagem positiva da organização perante o público) ou negativa (imagem negativa). De qualquer forma, a organização jamais será ignorada pelos consumidores, fornecedores, imprensa, sindicatos, governo, etc., e isso influenciará seu comportamento.
  Todos esses desafios trarão uma consequência para a administração das organizações: a administração da incerteza. As mudanças rápidas e bruscas, o crescimento organizacional, a concorrência das demais organizações, o desenvolvimento tecnológico, os fenômenos econômicos da inflação, a internacionalização das atividades, a visibilidade e a interferência da opinião pública farão com que as organizações deste milênio passem a lidar não mais com previsibilidade, continuidade e estabilidade, mas com imprevisibilidade, descontinuidade e instabilidade em todos os setores de atividade. Novas formas e modelos de organização serão necessários, bem como uma nova mentalidade dos administradores será imprescindível para os novos tempos.
  Além disso, o futuro parece complicar ainda mais este realidade. A sociedade está passando por grandes transformações – as chamadas megatendências – que produzem forte impacto na vida das organizações, já que elas constituem parte integrante e inseparável da sociedade. Estas megatendências são;
1)  Da sociedade industrial para a sociedade da informação. A Era Industrial está vivendo o seu estágio final. A mudança é definitiva. A sociedade pós-industrial que está surgindo não é uma sociedade de serviços como se imaginava, mas uma sociedade de informação na qual a informação passa a ser o recurso estratégico, assumindo o lugar do capital financeiro. As inovações nas comunicações e telecomunicações, a computação, a explosão do computador doméstico e dos microprocessadores e a descentralização estão fazendo com que esta mudança seja irreversível.
2)  Da tecnologia simples para a tecnologia sofisticada. Estão surgindo tecnologias totalmente novas e não simplesmente desenvolvimentos das tecnologias atuais. Além disso, a conversão da tecnologia em um produto ou serviço acabado e disponível para o consumo será cada vez mais rápida. Com isso serão criadas novas empresas, com novas estruturas organizacionais mais adequadas a essas tecnologias e que se tornarão rapidamente obsoletas as grandes organizações atualmente existentes. Existe uma tendência para a sofisticação da tecnologia que deverá proporcionar eficiência cada vez maior, precisão mais avançada e liberção da atividade humana para atividades mais complexas e que exijam conhecimento.
3)  Da economia nacional para a economia mundial. O mundo tornou-se um enorme ambiente, um mercado único, um centro de compras global. Passou-se de uma economia internacional para uma economia mundial. A globalização está fazendo com que os países deixem de atuar simplesmente em termos de mercados internos para se projetarem em negócios internacionais. Mais do que nunca, o produto ou serviço que demonstra ser superior – mais avançado, seguro e desejável – será o mais procurado. O resultado será um novo sentido de urgência para criar e desenvolver tais produtos e serviços e, para isso, maiores investimentos em pesquisa e desenvolvimento – P&D.
4)  Do curto prazo para o longo prazo. O administrador típico do passado era orientado para o curto prazo: fazer o próximo trimestre ser melhor do que o anterior. Esse estilo de atuação contrasta com o estilo japonês, no qual a visão de longo alcance é que orienta as ações cotidianas, ou seja, a orientação estratégica é que norteia o dia a dia das operações e não o contrário. Esta mudança radical de enfoque implica uma versão conceitual do tipo “qual é realmente o negócio da organização?” Os próprios bancos estão se conscientizando de que dinheiro representa informação em circulação.
5)  Da democracia representativa para a participativa. A revolução política ora em curso está implícita na seguinte informação: as pessoas cujas vidas são afetadas por uma decisão devem fazer parte do processo de se chegar a esta decisão. A passagem da democracia representativa – na qual as pessoas escolhem aqueles que irão representá-las no processo decisório da vida política de um país – para a democracia participativa – na qual as pessoas serão consultadas a respeito de suas opiniões e pontos de vista, de suas convicções e expectativas – é um dado importante na vida de muitos países, E das suas organizações também.
6)  Das hierarquias para a comunicação lateral intensiva. A decorrência maior da passagem da democracia representativa para a participativa será a maior influência dos membros da organização, em todos os seus níveis. As empresas precisarão adotar um modelo atual de diferenciação hierárquica para poder reduzir as diferenças impostas pela hierarquia da autoridade que tolhe a liberdade, a iniciativa individual e a inovação. A tradicional organização hierárquica e piramidal com características autocráticas e impositivas está cedendo lugar a redes informais de comunicação para facilitar a interação das pessoas e a dinamização da organização.
7)  Da opção dual para a opção múltipla. Uma das mudanças mais importantes é a busca da proliferação da variedade. A simples opção dual – ou isto ou aquilo – do tipo aberto ou fechado, burocrático, simples ou complexo, Teoria X ou Teoria Y, tem demonstrado seu reducionismo e sua extrema simplificação. A sociedade caminha para sofisticação crescente, com múltiplas opções, variações e alternativas intermediárias. As soluções para os problemas deixam de construir receitas únicas, absolutas e fixas para constituírem opções multivariadas dentro de uma abordagem sistêmica e contingencial.
8)  Da centralização para a descentralização. As organizações em geral – indústria, comércio, bancos, etc. – estão passando por um processo gradativo de deslocamento rumo à periferia. Esta descentralização está provocando um espalhamento geográfico, não somente de empresas, mas sobretudo de mercados e negócios. Isso aumenta consideravelmente o volume de variáveis e contingências ambientais sobre o comportamento das empresas, o que também complica e aumenta o grau de incerteza e imprevisibilidade com relação ao ambiente externo.
9)  Da ajuda institucional para a autoajuda. Os cidadãos estão aprendendo a se desligar de instituições que os desiludiram e reaprendendo como agir por si mesmos, por conta própria, para resolver seus problemas. E isso já está ocorrendo em todo o mundo. Assim, educação, saúde, segurança pública, previdência social e habitação passaram a constituir importantes pontos de ruptura institucional. Os serviços públicos não acompanharam as novas e crescentes necessidades dos cidadãos. Estes passaram a lançar mão de esquemas próprios ou cooperativos para solucionar seus problemas. Esta passagem gradativa da ajuda institucional para a autoajuda é um fenômeno que afeta a administração das organizações, pois essas passam a sofrer as pressões provocadas pelo descompasso e pela defasagem dos serviços públicos. Gradativamente, os sistemas de autoajuda estão sendo planejados, organizados e dirigidos pelas próprias empresas para resolverem os problemas de seus empregados como suplemento ou substituição à assistência institucional. Os planos empresariais de previdência privada, assistência médico-hospitalar, seguro de vida e acidentes pessoais servem de suporte e complemento aos benefícios do estado.
  Nestas condições, a administração das organizações a fim de alcançar eficiência e eficácia, torna-se uma das tarefas mais difíceis e complexas. A ênfase pragmática nas técnicas e no “como fazer as coisas”, com a utilização de fórmulas e receitas universais de gerência já utilizadas com sucesso, sem que se visualize cada nova e diferente situação, não basta. Mais importante do que a terapêutica é o diagnóstico correto. Mais importante do que saber como fazer é saber o que fazer. Nisto reside a essência fundamental da administração contemporânea: a visão estratégica de cada operação ou atividade. Ou em outras palavras: a necessidade de visualizar cada tarefa e cada atividade em um contexto ambiental mais amplo e que se modifica a cada momento. Se isso é abordagem sistêmica ou abordagem contingencial, pouco importa. O que realmente deve ser considerado é que, em administração, nada é absoluto ou definitivo. Tudo é relativo e depende da situação, do momento e dos objetivos a atingir. Aliás, essa visão expansiva é a consequência da gradativa ampliação do conceito de administração. A história da administração é recente. A administração é um produto típico do século XX. Ela tem pouco mais de cem anos.

TGA: Os primórdios da Administração
  A Administração é uma ciência jovem ciência com pouco mais de cem anos. Sua história é recente, pois ela é um produto típico do século XX. Na verdade, a Administração constitui o resultado histórico e integrado da contribuição cumulativa de vários precursores, filósofos, físicos, economistas, estadistas e empresários que, no decorrer dos tempos, foram cada qual em seu campo de atividades, desenvolvendo e divulgando suas obras e teorias. Po isso, a moderna Administração utiliza conceitos e princípios empregados nas Ciências Matemáticas (inclusive Estatística), nas Ciências Humanas (como Psicologia, Sociologia, Biologia, Educação, etc.), nas Ciências físicas (como Física, Química, etc.), como também no Direito, na Engenharia, na Tecnologia da Informação etc.
  Embora de maneira simples e improvisada, alguns princípios elementares de administração foram utilizados desde tempos imemoriais para resolver de organização do trabalho, de cidades e pessoas. Neste sentido, Jetro, em Êxodo, cap. 18, v. 13-27, parece ser o precursor dos modernos consultores de administração. Referências pré-históricas acerca das magníficas construções erigidas durante a Antiguidade no Egito, na Mesopotâmia, na Assíria testemunharam a existência em épocas remotas de dirigentes capazes de planejar e guiar esforços de milhares de trabalhadores em monumentais obras que perduram até os dias atuais, como as pirâmides do Egito. Os papiros egípcios atribuídos à época de 1300 a.C. já indicam a importância da organização e da administração da burocracia pública no Antigo Egito. Na China, as parábolas de Confúcio sugerem práticas para a boa administração pública.
  Apesar dos progressos no conhecimento humano, a chamada Ciência da Administração somente surgiu no despontar do início do Século XX. A TGA é uma área nova e recente do conhecimento humano. Para que ela surgisse foram necessários séculos de preparação e antecedentes históricos capazes de permitir e viabilizar as condições indispensáveis ao seu aparecimento. O mundo passaria por mudanças inicialmente lentas e pequenas como se a velocidade delas fosse passando por marchas gradativamente mais rápidas até chegar-se aos tempos atuais. Foi, sem dúvida, um caminho longo e difícil.

Antecedentes históricos da Administração
  Ao longo da história da humanidade, os prenúncios da moderna Administração foram aparecendo aos poucos e com uma lentidão impressionante. Somente a partir do século XX é que lea surgiu e explodiu em um desenvolvimento de notável pujança e inovação. Uma das razões para tanto é que nos dias atuais a sociedade típica dos países desenvolvidos é uma sociedade pluralista de organizações, na qual a maior parte das obrigações sociais (como a produção de bens ou serviços em geral) é confiada a organizações (como indústrias, universidades e escolas, hospitais, comércio, comunicações, serviços públicos, etc.) que precisam ser administradas para se tornarem mais eficientes e eficazes. Pouco antes, em meados do século XIX, a sociedade era completamente diferente. As organizações eram poucas e pequenas: predominavam as pequenas oficinas, artesãos independentes, pequenas escolas, profissionais autônomos – como médicos, advogados e artistas que trabalhavam por conta própria – o lavrador, o armazém da esquina, etc. Embora o trabalho exista desde sempre na história da humanidade, as organizações e sua administração formam um capítulo que teve seu início há pouco tempo. Na verdade, para chegar à Administração de hoje foi necessária uma longa e progressiva jornada.
  Desde os tempos da Antiguidade, a Filosofia sugeriu muitos dos conceitos atuais de Administração.
  Sócrates (470 a.C – 399 a.C), o filósofo grego, em sua discussão com Nicomaquides, expõe seu ponto de vista sobre a Administração como uma habilidade pessoal separada do conhecimento técnico e da experiência.
  Platão (429 a.C. – 347 a.C.), filósofo grego discípulo de Sócrates, analisou os problemas políticos e sociais decorrentes do desenvolvimento social e cultural do povo grego. Em sua obra A República, expõe a forma democrática de governo como a preferida na administração dos negócios públicos.
  Aristóteles (384 a.C. – 347 a.C), discípulo de Platão, foi o filósofo mais influente até o início da Idade Moderna. Deu o impulso inicial à Filosofia, Cosmologia, Nosologia, Metafísica, Lógica e Ciências Naturais abrindo as perspectivas do atual conhecimento humano. No livro Política, que versa sobre a organização do Estado, distingue as três formas de administração pública:
1)  Monarquia ou governo de um só (que pode redundar em tirania);
2)  Aristocracia ou governo de uma elite (que pode descambar em oligarquia) e
3)  Democracia ou governo do povo (que pode degenerar em anarquia).
  Durante o séculos que vão da Antiguidade ao Início da Idade Moderna, a Filosofia voltou-se para uma variedade de preocupações gradativamente distanciadas dos problemas administrativos.
  Thomas Hobbes (1588 – 1679), filósofo político inglês, defende o goerno absoluto em função de sua visão pessimista da humanidade. Na ausência do governo, os indivíduos tendem a viver em guerra permanente e conflito interminável para obtenção de meios de subsistência. No seu livro Leviatã, assinala que o povo renuncia a seus direitos naturais em favor de um governo que, investido do poder a ele conferido, impõe a ordem, organiza a vida social e garante a paz. Todavia, o Estado representa um pacto social que, ao crescer, alcança dimensões de um dinossauro ameaçando a liberdade dos cidadãos.
  Jean-jacques Rousseau (1712-1778) desenvolveu a teoria do Contrato Social: o Estado surge a partir de um acordo de vontades. Contrato Social é um acordo entre os membros de uma sociedade pelo qual reconhecem a autoridade de um governo, regime político ou um conjunto de leis ou regras sobre todos de modo igual. Para Russeau, o homem é bom e afável por natureza e a vida em sociedade é que o deturpa.
  Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895) propõem uma teoria da origem econômica do Estado. O poder político e do Estado nada mais é do que o fruto da dominação econômica do homem pelo homem. O Estado vem a ser uma ordem coativa imposta por uma classe social exploradora. No Manifesto Comunista, publicado em 1840, afirmam que a história da humanidade é uma história da luta de classes. Homens livres e escravos, patrícios e plebeus, nobres e servos, mestres e artesãos – em uma palavra, exploradores e explorados – sempre mantiveram uma luta oculta ou manifesta. Marx afirma que os fenômenos históricos constituem o produto das relações econômicas entre os homens. O marxismo foi a primeira ideologia a afirmar o estudo das leis objetivas do desenvolvimento econômico da sociedade em oposição a ideais metafísicos. Se suas ideias foram bem ou mal aproveitadas, é outra discussão que não cabe neste texto.
  A partir da Filosofia moderna, a Administração deixa de receber suas contribuições e influências, pois o campo de estudo filosófico passa a se afastar dos problemas organizacionais.
  Com a queda do Império Romano em 476 d.C, a Igreja Católica passou a constitui a maior organização de sua época. Através dos séculos, as normas administrativas e os princípios de organização pública foram se transferindo das instituições dos Estados (como era o caso de Atenas, Roma, etc.) para as instituições da Igreja Católica e da organização militar. Essa transferência se fez lentamente porque a unidade de propósitos e objetivos – princípios fundamentais na organização eclesiástica e militar – nem sempre é encontrada na ação política que se desenvolvia nos Estados, movida por objetivos contraditórios de cada partido, dirigente ou classe social.
  A organização militar influenciou poderosamente o aparecimento das teorias da Administração. O general filósofo chinês Sun Tzu (544 c.C – 496 a.C) – ainda reverenciado nos dias atuais – escreveu um livro sobre A Arte da Guerra no qual trata da preparação dos planos, da guerra efetiva, da espada embainhada, das manobras, da variação de táticas, do exército em marcha, do terreno, dos pontos fortes e fracos do inimigo e da organização do exército. As lições de Sun Tzu ganharam versões contemporâneas de muitos autores e consultores.
  Nos tempos da Antiguidade e da Idade Média, a organização militar dos exércitos já utilizava a chamada estrutura linear. O princípio da unidade de comando (pelo qual cada subordinado só pode ter um superior) é o núcleo das organizações militares. A escala hierárquica – ou seja, os escalões hierárquicos de comando com graus de autoridade e responsabilidade – é um aspecto típico da organização militar utilizado em muitas organizações atuais. Na medida em que o volume de operações militares aumenta, cresce também a necessidade de se delegar autoridade para os níveis mais baixos da organização militar.
  Na época de Napoleão Bonaparte (1769-1821), cada general, ao chefiar seu exército, cuidava da totalidade do campo de batalha. Com as guerras de maior alcance e de âmbito continental, o comando das operações exigiu novos princípios de organização e um planejamento e controle centralizados em paralelo com operações de campo descentralizadas. Com isso, passou-se à centralização do comando e à descentralização da execução das operações militares.
  Outra contribuição da organização militar é o princípio de direção, que preceitua que todo soldado deve saber perfeitamente o que se espera dele e aquilo que ele deve fazer. Mesmo Napoleão Bonaparte, o general mais autocrata da história militar, nunca deu uma ordem sem explicar seu objetivo e certificar-se de que o haviam compreendido corretamente, pois estava convencido de que a obediência cega jamais leva a uma execução inteligente.
  O general prussiano Carl von Clausewitz (1780-1831) é considerado o pai do pensamento estratégico. No início do século XIX, escreveu um tratado sobre a guerra e os princípios de guerra e sobre como administrar os exércitos em períodos de guerra. Definiu a guerra como uma continuação da política por outros meios. A guerra sempre fora um jogo. Embora cruel e destruidora, um pecado, a guerra sempre constituiu uma instituição normal da sociedade humana e um instrumento racional de política. Clauzewitz considerava a disciplina um requisito básico para uma boa organização. Para ele, a organização requer um cuidadoso planejamento, no qual as decisões devem ser científicas e não apenas intuitivas. O administrador deve aceitar a incerteza e planejar de maneira a minimizar seus efeitos.
  Francis Bacon (1561-1626), filósofo e estadista inglês e fundador da Logística Moderna, baseada no método experimental e indutivo, mostra a preocupação prática de separar experimentalmente o que é essencial do que é acidental ou acessório. Bacon antecipou-se ao princípio conhecido em Administração como princípio da prevalência do principal sobre o acessório.
  René Descartes (1596-1650), filósofo, matemático e físico francês, considerado o fundador da Filosofia Moderna, criou as coordenadas cartesianas e deu impulso à Matemática e à Geometria da época. Na Filosofia, celebrizou-se pelo livro O Discurso do Método no qual descreve seu método filosófico denominado método cartesiano, cujos princípios são:
1)  Princípio da Dúvida Sistemática ou da Evidência: consiste em não aceitar como verdadeira coisa alguma enquanto não se souber com evidência – clara e distintamente – aquilo que é realmente verdadeiro. Com a dúvida sistemática, evita-se a prevenção e a precipitação, aceitando-se apenas como certo o que seja evidentemente certo.
2)  Princípio da Análise ou de Decomposição: consiste em dividir e decompor cada dificuldade ou problema em tantas partes quantas sejam possíveis e necessárias a sua compreensão e solução e resolvê-las separadamente.
3)  Princípio da Síntese ou da Composição: consiste em conduzir ordenadamente os pensamentos e o raciocínio, começando pelos aspectos mais fáceis e simples de conhecer para passar gradualmente aos mais difíceis.
4)  Princípio da Enumeração ou da Verificação: consiste em fazer verificações, recontagens e revisões para assegurar que nada foi omitido ou deixado de lado.

  O método cartesiano teve decisiva influência na Administração, principalmente nas abordagens normativas e prescritivas, como a Administração Científica, a Teoria Clássica e a Neoclássica. Muitos de seus princípios foram baseados na metodologia cartesiana com a predominância da análise e divisão do trabalho.
  Galileu Galilei (1564-1642), físico, matemático e astrônomo italiano, é considerado o pai da ciência moderna. Mostrou que muitos ensinamentos de Aristóteles de 1500 anos atrás estavam errados. Partiu da observação de fatos isolados para estabelecer leis capazes de prever acontecimentos futuros e criou condições para o surgimento da física newtoniana. Toda ciência passou a funcionar dentro desse esquema.
  Sir Isaac Newton (1643-1727) é considerado o cientista mais influente na história da ciência. A tradicional física newtoniana trouxe forte tendência ao determinismo matemático e à exatidão na Administração. Para Newton, o mundo físico era um mundo ordenado, lógico e matematicamente previsível. A influência da física newtoniana – pelo seu racionalismo, exatidão, causalidade e mecanismo foi profunda nas demais ciências e tornou-se fundamental no decorrer do início da teoria administrativa.
  Com a invenção da máquina a vapor por James Watt (1736-1819) e sua posterior aplicação à produção, surgiu uma nova concepção de trabalho que modificou completamente a estrutura social e comercial da época, provocando profundas e rápidas mudanças de ordem econômica, política e social que, no lapso de um século, foram maiores do que todas as mudanças ocorridas no milênio anterior. É a chamada Revolução Industrial que iniciou na Inglaterra e que pode ser dividida em duas épocas distintas:
1)  1780 a 1860: primeira revolução industrial ou revolução do carvão e do ferro.
2)  1860 a 1914: segunda revolução industrial ou revolução do aço e da eletricidade.
  A Revolução Industrial surgiu como uma bola de neve em aceleração crescente e alcançou todo seu ímpeto a partir do século XIX. A primeira revolução industrial passou por quatro fases distintas:
1)  Mecanização da indústria e da agricultura, em fins do século XVIII, com a máquina de fiar (inventada pelo inglês Hargreaves em 1767), o tear hidráulico (inventado por Arkwright em 1769), o tear mecânico (criado por Cartwright em 1785) e o descaroçador de algodão (criado por Whitney em 1792), que substituíram o trabalho humano e a força motriz muscular do homem, do animal ou da roda d’água.
2)  A aplicação da força motriz à indústria. A força elástica do vapor descoberta por Dénis Papin no século XVII ficou sem aplicação até 1776, quando Watt inventou a máquina a vapor. Com a aplicação do vapor às máquinas, iniciam-se grandes transformações nas oficinas (que se converteram em fábricas), nos transportes, nas comunicações e na agricultura.



3)  O desenvolvimento do sistema fabril. O artesão e sua pequena oficina patronal desapareceram para ceder lugar ao operário e às fábricas e usinas baseadas na divisão do trabalho. Surgem novas indústrias em detrimento da atividade rural. A migração de massas humanas das áreas agrícolas para as proximidades das fábricas provoca a urbanização.
4)  Um espetacular aceleramento dos transportes e das comunicações. A navegação a vapor surgiu com Robert Fulton (1807) e logo depois as rodas propulsoras foram substituídas por hélices. A locomotiva a vapor foi aperfeiçoada por Stephenson , surgindo a primeira estrada de ferro na Inglaterra (1825) e logo depois nos Estados Unidos (1829) e no Japão (1832). Este novo meio de transporte propagou-se vertiginosamente. Outros meios de comunicação apareceram com rapidez surpreendente: Morse inventa o telégrafo elétrico (1835), surge o selo postal na Inglaterra (1840), Graham Bell inventa o telefone (1876). Já se esboçam os primeiros sintomas do enorme desenvolvimento econômico, social, tecnológico e industrial e as profundas transformações e mudanças que ocorreriam com uma velocidade maior.
  A partir de 1860, a Revolução Industrial entrou em sua segunda fase: a 2ª Revolução Industrial, provocada por três fatos importantes: o aparecimento do processo de fabricação do aço (1856); o aperfeiçoamento do dínamo (1873) e a invenção do motor de combustão interna (1873) por Daimler. As características da 2ª Revolução Industrial são:
1)  Substituição do ferro pelo aço como material básico;
2)  Substituição do vapor pela eletricidade e derivados do petróleo como fontes de energia;
3)  Desenvolvimento da maquinaria automática e da especialização do trabalhador;
4)  Crescente domínio da indústria pela ciência;
5)  Transformações radicais nos transportes e nas comunicações. As vias férreas são ampliadas. A partir de 1880, Daimler e Benz constroem automóveis na Alemanha, Dunlop aperfeiçoa o pneumático em 1888 e Henry Ford inicia a produção do seu modelo “T” em 1908. Em 1906, Santos Dumont faz a primeira experiência com o avião.
6)  Desenvolvimento de novas formas de organização capitalista. As firmas de sócios solidários – formas típicas de organização comercial cujo capital provinha dos lucros auferidos (capitalismo industrial), e que tomavam parte ativa na direção dos negócios – deram lugar ao chamado capitalismo financeiro, que tem quatro características principais:
a)  Domínio da indústrias pelas inversões bancárias e instituições financeiras e de crédito, como na formação da United States Steel Corporation, em 1901, pela J.P. Morgan & Co;
b)  Formação de imensas acumulações de capital, provenientes de trustes e fusões de empresas;
c)  Separação entre propriedade particular e direção das empresas e
d)  Aparecimento das holding companies para coordenar e integrar os negócios e
7)  Expansão da industrialização desde a Europa até o Extremo Oriente.
  A Calma produção do artesanato – em que os operários se conheciam e eram organizados em corporações de ofício regidas por estatutos - , foi substituída pelo regime de produção por meio de máquinas, dentro de grandes fábricas. Em função disso, houve súbita transformação provocada por dois aspectos:
1)  Transferência da habilidade do artesão para a máquina, para produzir com maior rapidez, em maior quantidade e com melhor qualidade, permitindo forte redução nos custos de produção e
2)  Substituição da força do animal ou do músculo humano pela potência da máquina a vapor (e depois pelo motor), permitindo maior produção e economia.
  O rápido e intenso fenômeno da mecanização das oficinas provocou fusões de pequenas oficinas que passaram a integrar outras maiores e que, aos poucos, foram crescendo e se transformado em fábricas. O operário foi substituído pela máquina nas tarefas em que se podia automatizar e acelerar pela repetição. Com o aumento dos mercados, decorrente da redução de preços e popularização dos produtos, as fábricas passaram a exigir grandes contingentes humanos. A mecanização do trabalho levou à divisão do trabalho e à simplificação das operações, substituindo os ofícios tradicionais por tarefas automatizadas e repetitivas que podiam ser executadas por operários sem qualificação e com facilidade de controle.
A unidade doméstica de produção – a oficina e o artesanato em família – desapareceu com a súbita e violenta competição, surgindo um enorme contingente de operários nas fábricas trabalhando juntos durante jornadas diárias de trabalho de 12 ou 13 horas em condições perigosas e insalubres, provocando acidentes em larga escala. O crescimento industrial era improvisado e baseado no empirismo. Ao mesmo tempo em que intensa migração de mão-de-obra se deslocava dos campos agrícolas para os centros industriais, surge um surto acelerado e desorganizado de urbanização. O capitalismo se solidifica e cresce o tamanho de uma nova classe social: o proletariado. O baixo padrão de vida, a promiscuidade nas fábricas e os riscos de graves acidentes e os longos períodos de trabalho em conjunto proporcionaram uma interação estreita entre os trabalhadores e uma crescente conscientização da precariedade das condições de vida e de trabalho e da exploração por uma classe social economicamente favorecida. Conflitos entre a classe operária e os proprietários de indústrias não tardaram a aparecer. Alguns países passaram a intervir em alguns aspectos das relações entre operários e fábricas, baixando leis trabalhistas. Em 1802, o governo inglês sancionou uma lei protegendo a saúde dos trabalhadores nas indústrias têxteis, e a fiscalização de seu cumprimento passou a ser feita voluntariamente pelos pastores protestantes e juízes locais. Outras leis esparsas foram impostas aos poucos, na medida em que os problemas foram se agravando.
  A organização e a empresa moderna nasceram com a Revolução Industrial graças a vários fatores como:
1)  A ruptura das estruturas corporativas da Idade Média;
2)  O avanço tecnológico e a aplicação dos progressos científicos à produção, a descoberta de novas formas de energia e a enorme ampliação de mercados e
3)  A substituição do tipo artesanal por um tipo industrial de produção.
  O início da história da administração foi predominantemente uma história de cidades, de países, governantes, exércitos e da Igreja. A Revolução Industrial provocou o surgimento das fábricas e o aparecimento da empresa industriale, com isso, provocou mudanças na época como:
1)  Aparecimento das fábricas e das empresas industriais;
2)  Substituição do artesão pelo operário especializado;
3)  Crescimento das cidades e aumento da necessidade de administração pública;
4)  Surgimento dos sindicatos como organização patronal e proletária a partir do início do século XIX. Somente a partir de 1890 alguns deles foram legalizados;
5)  Início do marxismo em função da exploração capitalistas;
6)  Doutrina social da Igreja para contrabalançar o conflito entre capital e trabalho;
7)  Primeiras experiências sobre administração de empresas;
8)  Consolidação da administração como área de conhecimento e
9)  Início da Era Industrial que se prolongou até a última década do século XX.
  A partir do século XVII desenvolveu-se uma variedade de teorias econômicas centradas na explicação dos fenômenos empresariais (microeconômicos) e baseadas em dados empíricos, ou seja, na experiência cotidiana e nas tradições do comércio da época. Ao término do século XVIII, os economistas clássicos liberais conseguem aceitação de suas teorias. Esta reação para o liberalismo culmina com a ocorrência da Revolução Francesa. As ideias liberais decorrem do direito natural: a ordem natural é a ordem mais perfeita. Os bens naturais, sociais e econômicos são os bens que possuem caráter eterno. Os direitos econômicos são os bens que possuem caráter eterno. Os direitos econômicos humanos são inalienáveis e existe uma harmonia preestabelecida em toda a coletividade de indivíduos. Segundo o liberalismo, a vida econômica deve afastar-se da influência estatal, pois o trabalho segue os princípios econômicos e a mão-de-obra está sujeita às mesmas leis da economia que regem o mercado de matérias-primas ou o comércio internacional. Os operários, contudo, estão à mercê dos patrões, que são os donos dos meios de produção. A livre concorrência é o postulado principal do liberalismo econômico.
  As ideias básicas dos economistas clássicos liberais constituem os germes iniciais do pensamento administrativo dos dias atuais. Adam Smith (1723-1790) é o fundador da economia clássica, cuja ideia central é a competição. Embora os indivíduos ajam apenas em proveito próprio, os mercados em que vigora a competição funcionam espontaneamente, de modo a garantir (por algum mecanismo abstrato que Smith chamava de a mão invisível que governa o mercado) a alocação mais eficiente de recursos e da produção, sem que haja excesso de lucros. Por essa razão, o papel econômico do governo (além do básico, que é garantir a lei e a ordem) é a intervenção na economia quando o mercado não existe ou quando deixa de funcionar em condições satisfatórias, ou seja, quando não ocorre competição livre. Smith já visualizava o princípio da especialização dos operários em uma manufatura de agulhas e já enfatizavam a necessidade de se racionalizar a produção. O princípio da especialização e o princípio da divisão do trabalho aparecem em referências ao seu livro A riqueza das nações, publicado em 1776. Para Smith, a origem da riqueza das nações reside na divisão do trabalho e na especialização das tarefas, preconizando o estudo dos tempos e movimentos que, mais tarde Taylor e Gilbreth iriam desenvolver como a base fundamental da Administração Científica. Smith reforçou a importância das funções da Administração.
  Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engel (1820-1895), criadores do socialismo científico e do materialismo histórico, publicaram em 1848 o Manifesto Comunista, no qual analisaram os diversos regimes econômicos  e sociais e a sociedade capitalista, concluindo que a luta de classes é o motor da história: o capitalismo é um modo de produção transitório e sujeito a crises econômicas cíclicas devido às suas contradições internas e constitui uma etapa do desenvolvimento da sociedade em direção ao modo de produção socialista e ao comunismo. O Estado é um órgão a serviço da classe dominante, cabendo à classe operária lutar por sua conquista e implementar a ditadura do proletariado. Em 1867, Marx publica O Capital e mais adiante suas teorias a respeito da mais-valia com base na teoria do valor-trabalho.
  O socialismo e o sindicalismo obrigaram o capitalismo do início do século XX a enveredar pelo caminho do aperfeiçoamento de todos os fatores de produção envolvidos e sua adequada remuneração. Quanto maior a pressão exercida pelas exigências proletárias, menos graves se tornaram as injustiças e mais acelerado se configurou o processo de desenvolvimento da tecnologia. Dentro desta situação, surgiram os primeiros esforços nas empresas capitalistas para a implantação de métodos e processos de racionalização do trabalho, cujo estudo metódico e exposição teórica coincidiram com o início do século XX.
  O século XIX assistiu a um monumental desfile de inovações e mudanças no cenário empresarial. O mundo estava mudando. E as empresas também. As condições para o aparecimento da teoria administrativa estavam se consolidando.
  Nos Estados Unidos, por volta de 1820 o maior negócio empresarial foram as estradas de ferro, empreendimentos privados e que constituíram um poderoso núcleo de investimentos de toda uma classe de investidores. Foi a partir das estradas de ferro que as ações de investimento e o ramo de seguros se tornaram populares as ferrovias permitiram os desbravamento do território e provocaram o fenômeno da urbanização que criou novas necessidades de habitação, alimentação, vestuário, iluminação e aquecimento, o que se traduziu em um rápido crescimento das empresas voltadas para o consumo direto.
  Em 1871, a Inglaterra era maior potência econômica mundial. Em 1865, John D. Rockfeller (1839-1937) funda a Standart Oil . Em 1890, Carnegie funda o truste de aço, ultrapassando rapidamente a produção de toda a Inglaterra. Swift e Armour formam o truste das conservas. Guggenheim forma o truste do cobre e Mello o truste do alumínio. Logo a seguir, teve início a integração vertical nas empresas. Os criadores de impérios (empire builders) passaram a comparar e a intetegrar concorrentes fornecedores ou distribuidores para garantir seus interesses. Juntamente com as empresas e instalações vinham também os antigos donos e os respectivos empregados. Surgiram os primitivos impérios industriais, aglomerados de empresas que se tornaram grandes demais para serem dirigidos pelos pequenos grupos familiares. Logo apareceram os gerentes profissionais, os primeiros organizadores que se preocupavam mais com a fábrica do que com vendas e compras. As empresas manufaturavam, comprando matérias-primas e vendendo produtos por meio de agentes comissionados, atacadistas ou intermediários. Até essa época, os empresários achavam melhor ampliar a produção do que organizar uma rede de distribuição e vendas.
  Na década de 1880, a Westinghouse e a General Eletric dominavam o ramo de bens duráveis e criaram organizações próprias de vendas com vendedores treinados, dando início ao que hoje denomina-se marketing. Ambas assumiram a organização do tipo funcional que seria adotada pela maioria das empresas americanas, a saber:
1)  Um departamento de produção para cuidar da manufatura de fábricas isoladas;
2)  Um departamento de vendas para administrar um sistema nacional de escritórios distritais com vendedores;
3)  Um departamento técnico de engenharia para desenhar e desenvolver produtos e
4)  Um departamento financeiro.
 Por volta de 1889, o capital da Westinghouse Eletric e da General Eletric já ultrapassava a marca do US$ 40 milhões em cada uma delas. Para dominar novos mercados, as empresas acumulavam instalações e pessoal além do necessário. Os custos das várias unidades precisavam ser reduzidos por meio da criação de uma estrutura funcional que coordenasse fabricação, engenharia, vendas e finanças para reduzir os riscos de flutuação do mercado. Os lucros iriam depender da organização e da racionalização dessa estrutura funcional.
  Entre 1880 e 1890, as indústrias passaram a controlar as matérias-primas através de seus departamentos de compras, adquirindo firmas fornecedoras e controlando a distribuição para vender seus produtos diretamente ao varejista ou ao consumidor final. Provava-se maior eficiência em produção, compras, distribuição e vendas. Os meios de reduzir custos diminuíram, as margens de lucro baixaram, o mercado doído e se tornando saturado e as empresas passaram a procurar novos mercados por meio da diversificação de produtos. A velha estrutura funcional começou a emperrar. Assim surge a empresa integrada e multi-departamental.
  A etapa seguinte foi o controle do mercado de distribuição, eliminando os intermediários para vender mais barato ao consumidor final e deixando de depender dos atacadistas. Entre 1890 e 1900, ocorreu uma onda de fusões de empresas – a mais famosa foi a criação da U.S. Steel Corperation, um negócio de bilhões de dólares – como meio de utilização racional das fábricas e de redução de preços.
  Um dos empreendedores da época, Gustavus Swift, o pioneiro da industrial frigorífica, criou uma estratégia que consistia em: consolidar a fabricação, avançar para a distribuição própria e voltar atrás até o controle da matéria-prima. Por volta de 1895, com o crescimento da integração vertical, a indústria frigorífica tornou-se um oligopólio. Os departamentos funcionais centrais controlavam as unidades de campo e os Big Five cobriam a totalidade do mercado, utilizando filiais, um sistema de transporte frigorificado, escritório central e departamentos funcionais. Todos os pioneiros da indústria manufatureira – como Andrew Preston da United Fruit, Duke da American Tobaco, William Clark da Singer, McCormick das máquinas agrícolas – seguiram os passos da Swift na sistematização de seus impérios industriais.
  Na virada do século XX, grandes corporações sucumbiram financeiramente. É que dirigir grandes empresas não era apenas uma questão de habilidade pessoal, como muitos empreendedores pensavam. Estavam criadas as condições para o aparecimento dos grandes organizadores da empresa moderna. Os capitães das indústrias – pioneiros e empreendedores – cederam seu lugar para os organizadores. Estava chegando a era da competição e da concorrência de fatores como:
1)  Desenvolvimento tecnológico, que proporcionou um crescente número de empresas e nações concorrendo nos mercados mundiais;
2)  Livre comércio;
3)  Mudança dos mercados vendedores para mercados compradores;
4)  Aumento da capacidade de investimento de capital e elevação dos níveis de ponto de equilíbrio;
5)  Rapidez do ritmo de mudança tecnológica que rapidamente torna obsoleto um produto ou reduz drasticamente seus custos de produção e
6)  Crescimento dos negócios e das empresas.
  Todos estes fatores completariam as condições propícias para a busca de bases científicas para a melhoria da prática empresarial e para o surgimento da teoria administrativa. A Revolução Industrial abriu as portas para o início da Era Industrial que passou a dominar o mundo econômico até o final do século XX e que foi o separador de águas entre os países industrializados (os mais avançados) e os países não industrializados (emergentes e subdesenvolvidos).  E igualmente, as organizações mais bem administradas e aquelas precariamente administradas.
 A abordagem clássica da administração
  O mundo havia ingressado na era industrial, deixando a era da agricultura e o artesanato para trás. Os países que rapidamente começaram o processo de industrialização – os chamados países industrializados – logo se transformaram em países do primeiro mundo. Neles, a indústria conquistou o espaço econômico e financeiro da época e as fábricas não pararam de crescer.
  No despontar do século XX, dois engenheiros desenvolveram os primeiros trabalhos pioneiros a respeito da Administração. Um era americano, Frederick Winslow Taylor, e iniciou a chamada Escola da Administração Científica, preocupada em aumentar a eficiência da indústria por meio da racionalização do trabalho do operário. O outro era europeu, Henry Fayol, e desenvolveu a chamada Teoria Clássica, preocupada em aumentar a eficiência da empresa por meio de sua organização e da aplicação de princípios gerais da Administração em bases científicas. Muito embora ambos não tenham se comunicado entre si e tenham partido de pontos de vista diferentes e mesmo opostos, o certo é que suas ideias constituem as bases da chamada Abordagem Clássica da Administração, cujos postulados dominaram as quatro primeiras décadas do século XX no panorama administrativo das organizações.
  Em função destas duas correntes, a Abordagem Clássica da Administração é desdobrada em duas orientações diferentes e, até certo ponto, opostas entre si, mas que se complementam com relativa coerência:
1)  De um lado, a Escola da Administração Científica, desenvolvida nos Estado Unidos, a partir dos trabalhos de Taylor. Esta escola era formada principalmente por engenheiros, como Frederich Winslow Taylor (1856-1915), Henry Lawrence Gantt (1861-1919), Frank Bunker Gilbreth (1868-1924), Harrington Emerson (1853-1931) e outros. Henry Ford (1863-1947) costuma ser incluído entre eles pela aplicação destes princípios em seus negócios. A preocupação básica era aumentar a produtividade da empresa por meio de eficiência no nível operacional, isto é, no nível dos operários. Daí a ênfase na análise e na divisão do trabalho do operário, uma vez que as tarefas do cargo e o ocupante constituem a unidade fundamental da organização. Neste sentido, a Abordagem da Administração Científica é uma abordagem de baixo para cima (do operário para o supervisor e gerente) e das partes (operário e seus cargos) para o todo (organização empresarial). Predominava a atenção para o método de trabalho, para os movimentos necessários à execução de uma tarefa, para o tempo padrão determinado para sua execução. Este cuidado analítico e detalhista permitia a especialização do operário e o reagrupamento de movimentos, operações, tarefas, cargos, etc., que constituem a chamada Organização Racional do Trabalho – ORT. Foi, acima de tudo, uma corrente de ideias desenvolvida por engenheiros que procuravam elaborar uma engenharia industrial dentro de uma concepção pragmática. A ênfase nas tarefas é a principal característica da Administração Científica.
2)  De outro lado, a corrente dos Anatomistas e Fisiologistas da organização, desenvolvida na França, com os trabalhos pioneiros de Fayol. Esta escola teve como expoentes Henry Fayol (1841-1925) James D. Mooney, Lyndal F. Urwick (1891-1979), Luther Gulick e outros. Esta corrente é chamada de Teoria Clássica. A preocupação básica era aumentar a eficiência da empresa por meio da forma e disposição dos órgãos componentes da organização (departamentos) e de suas inter-relações estruturais. Daí a ênfase na anatomia (estrutura) e na fisiologia (funcionamento) da organização. Neste sentido, a abordagem  da Corrente Anatômica e Fisiologista é uma abordagem inversa à da Administração Científica: de cima para baixo (da direção para a execução) e do todo para as partes (departamentos). Predominava a atenção para a estrutura organizacional, para os elementos da Administração, os princípios gerais da Administração e a departamentalização. Este cuidado com a síntese e com a visão global permitia a melhor maneira de subdividir a empresa sob a centralização de um chefe principal. Foi uma corrente teórica e orientada administrativamente. A ênfase na estrutura é a sua principal característica.
  As origens da Abordagem Clássica da Administração remontam as consequências geradas pela Revolução Industrial e podem ser resumidas em dois fatos genéricos:
1)  O crescimento acelerado e desorganizado das empresas, ocasionando uma gradativa complexidade em sua administração e exigindo uma abordagem científica e mais apurada que substituísse o empirismo e a improvisação até então dominantes. O aumento do tamanho das empresas leva à substituição das teorias de caráter totalizante e global por teorias microindustriais de alcance médio e parcial. Com a grande empresa com dimensões mais amplas surgem as condições iniciais de planejamento da produção, reduzindo a improvisação.
A necessidade de aumentar a eficiência e a competência das organizações, no sentido de se obter o melhor rendimento possível dos recursos e fazer face à concorrência e à competição que se avolumavam entre as empresas. Com a substituição do capitalismo liberal pelos monopólios, instala-se nos Estados Unidos, entre 1880 e 1890, a produção em massa, aumentando o número de assalariados nas indústrias – torna-se necessário evitar o desperdício e economizar mão-de-obra. Surge a divisão de trabalho entre aqueles que pensam (gerentes) e os que executam (trabalhadores). Os primeiros fixam os padrões de produção, descrevem cargos, administram funções, estudam métodos de Administração e normas de trabalho, criando as condições econômicas e técnicas para o surgimento de taylorismo e do fordismo nos Estados Unidos e do fayolismo na Europa.

Abordagem Clássica: Teoria da Administração Científica
  No início do século XX, surgiu a Administração como ciência. Sua primeira abordagem, conhecida como Escola da Administração Científica, baseia-se na ênfase colocada nas tarefas. O nome Administração Científica é devido à tentativa de aplicação dos métodos da ciência aos problemas da Administração a fim de aumentar a eficiência industrial. Os principais métodos científicos aplicáveis aos problemas da Administração são a observação e a mensuração. A Escola da Administração Científica foi iniciada no começo do século XX pelo engenheiro americano Frederick W. Taylor, considerado o fundador da moderna Teoria Geral da Administração – TGA. Taylor teve inúmeros seguidores (como Gantt, Gilbreth, Emerson, Ford, Barth e outros) e provocou uma verdadeira revolução no pensamento administrativo e no mundo industrial de sua época.



A preocupação original foi eliminar o fantasma do desperdício e das perdas sofridas pelas indústrias e elevar os níveis de produtividade por meio da aplicação de métodos e técnicas da engenharia industrial.
  Frederick Winslow Taylor (1856-1915), o fundador da Administração Científica, nasceu na Filadéfia, nos Estados Unidos. Veio de uma família quaker de princípios rígidos e foi educado com forte mentalidade de disciplina, devoção ao trabalho e poupança. Iniciou sua carreira como operário na Midvale Steel co., passando a capataz, contramestre, até chegar a engenheiro, quando se formou pelo Stevens Institute. Na época, vigorava o sistema de pagamento por peça ou por tarefa. Os patrões procuravam ganhar o máximo na hora de fixar o preço da tarefa, enquanto os operários reduziam o ritmo de produção para contrabalançar o pagamento por peça ou por tarefa determinado pelos patrões. Isso levou Taylor a estudar o problema da produção para tentar uma solução que atendesse tanto aos patrões como aos empregados.
  O primeiro período de Taylor corresponde á época da publicação de seu livro Shop Management (1903), sobre as técnicas de racionalização do trabalho do operário, por meio do Estudo dos Tempos e Movimentos (Motion-time Study). Taylor começou por baixo, junto com os operários no nível de execução, efetuando um paciente trabalho de análise das tarefas de cada operário, decompondo os seus movimentos e processos de trabalho para aperfeiçoá-los e racionalizá-los. Verificou que o operário médio e com o equipamento disponível produzia muito menos do que era potencialmente capaz. Concluiu que se o operário mais produtivo percebe que obtém a mesma remuneração que o seu colega menos produtivo, acaba se acomodando, perdendo o interesse e não produzindo de acordo com sua capacidade. Daí a necessidade de criar condições de pagar mais ao operário que produz mais. Em essência, Taylor diz, em Shop Management, que:
1)  O objetivo da Administração é pagar salários melhores e reduzir custos unitários de produção.
2)  Para realizar tal objetivo, a Administração deve aplicar métodos científicos de pesquisa e experimentos para formular princípios e estabelecer processos padronizados que permitam o controle das operações fabris.
3)  Os empregados devem ser cientificamente selecionados e colocados em seus postos com condições de trabalho adequadas para que as normas possam se cumpridas.
4)  Os empregados devem ser cientificamente treinados para aperfeiçoar suas aptidões e executar uma tarefa para que a produção normal seja cumprida.
5)  A Administração precisa criar uma atmosfera de íntima e cordial cooperação com os trabalhadores para garantir a permanência deste ambiente psicológico.
  O segundo período de taylor corresponde à publicação de seu livro The Principles of Scientific Management (1911), quando concluiu que a racionalização do trabalho operário deveria ser acompanhada de uma estruturação geral para tornar coerente a aplicação dos seus prin´cipios na empresa como um todo. A partir daí, desenvolveu seus estudos sobre a Administração Geral, a qual denominou Administração Científica, sem deixar de lado sua preocupação quanto à tarefa do operário.
  Para Taylor, as indústrias de sua época padeciam de três males:
1)  Vadiagem sistemática dos operários, que reduziam a produção acerca de um terço da que seria normal, para evitar a redução das tarifas de salários pela gerência. Há três causas determinantes da vadiagem no trabalho:
a)  O engano disseminado entre os trabalhadores de que o maior rendimento do homem e da máquina provoca desemprego.
b)  O sistema defeituoso de Administração que força os operários à ociosidade no trabalho a fim de proteger seus interesses pessoais.
c)  Os métodos empíricos ineficientes utilizados nas empresas, com os quais o operário desperdiça grande parte de seu esforço e tempo.
2)  Desconhecimento, pela gerência, das rotinas de trabalho e do tempo necessário para sua realização.
3)  Falta de uniformidade das técnicas e dos métodos de trabalho.
  Para sanar estes três males, Taylor idealizou o Scientific Management difundido sob os nomves de Administração Científica , Sistema Taylor, Gerência Científica, Organização Científica no Trabalho e Organização Racional do Trabalho. Segundo Taylor, o Scientific Management é uma evolução e não uma teoria, tendo como ingredientes 75% de análise e 25% de bom-senso. Para Taylor, a implantação da Administração Científica deve ser gradual e obedecer a um período de quatro a cinco anos para evitar alterações bruscas que causem descontentamento por parte dos empregados e prejuízo aos patrões. A Administração Científica é uma combinação de : “Ciência em lugar de empirismo. Harmonia e vez de discórdia. Cooperação e não individualismo. Rendimento máximo em lugar de produção reduzida. Desenvolvimento de cada homem a fim de alcançar maior eficiência e prosperidade”.
  Para Taylor, a organização e a Administração devem ser estudadas e tratadas cientificamente e não empiricamente. A improvisação deve ceder lugar ao planejamento e o empirismo à ciência: a Ciência da Administração. Como pioneiro, o mérito de Taylor reside em sua contribuição para encarar sistematicamente o estudo da organização. O fato de ter sido o primeiro a fazer uma análise completa do trabalho, incluindo tempos e movimentos, a estabelecer padrões de execução, treinar operários, especializar o pessoal; inclusive o de direção: instalar uma sala de planejamento, em resumo, assumir uma atitude metódica ao analisar e organizar a unidade fundamental de trabalho, adotando este critério até o topo da organização, tudo isso eleva Taylor a uma altura não comum no campo da organização.
  Taylor procurou aplicar a Administração Científica nos padrões de produção: padronização de máquinas e ferramentas, métodos e rotinas para execução de tarefas e prêmios de produção para incentivar a produtividade. Embora Taylor se preocupasse mais com a filosofia – com a essência da ideia que exige uma revolução mental tanto da parte da direção como da parte dos operários – a tendência de seus seguidores foi uma preocupação maior com as técnicas do que com a filosofia da Administração Científica.
  O principal objetivo da Administração é assegurar o máximo de prosperidade ao patrão e, ao mesmo tempo, o máximo de prosperidade ao empregado. O princípio da máxima prosperidade para o patrão acompanhada da máxima prosperidade ao empregado deve ser os dois fins principais da Administração. Assim, deve haver uma identidade de interesses entre empregados e empregadores.
  Taylor verificou que os operários aprendiam a maneira de executar as tarefas do trabalho por meio da observação dos companheiros vizinhos. Notou que isto levava a diferentes métodos para fazer a mesma tarefa e uma grande variedade de instrumentos e ferramentas diferentes em cada operação. Como há sempre um método mais rápido e um instrumento mais adequado que os demais, estes métodos e instrumentos melhores podem ser encontrados e aperfeiçoados por meio de uma análise científica e um acurado estudo de tempos e movimentos, em vez de ficar a critério pessoal de cada operário. Esta tentativa de substituir métodos empíricos e rudimentares pelos métodos científicos recebeu o nome de Organização Racional do Trabalho – ORT .
  A ORT se fundamenta nos aspectos:
1)  Análise do trabalho e do resultado dos tempos e movimentos;
2)  Estudo da fadiga humana;
3)  Divisão d trabalho e especialização do operário;
4)  Desenho de cargos e tarefas;
5)  Incentivos salariais e prêmios de produção;
6)  Conceito de homo economicus;
7)  Condições ambientais de trabalho e
8)  Padronização.
  A análise do trabalho e do estudo dos tempos e movimentos – instrumento básico para se relacionar o trabalho dos operários era o motion-time study. O trabalho é executado do melhor e mais economicamente por meio da análise do trabalho, isto é, da divisão e subdivisão de todos os movimentos necessários à execução de cada operação de uma tarefa. Observando metodicamente a execução de cada operação a cargo dos operários, Taylor viu a possibilidade de decompor cada tarefa e cada operação da tarefa em uma série ordenada de movimentos simples. Os movimentos úteis eram simplificados, racionalizados ou fundidos com outros movimentos para proporcionar economia de tempo e de esforço ao operário. A esta análise do trabalho seguia-se o estudo dos tempos e movimentos, ou seja, a determinação do tempo médio que um operário comum levaria para a execução da tarefa, por meio da utilização do cronômetro. A este tempo médio eram adicionados os tempos elementares e mortos (esperas, tempos de saída do operário da linha para suas necessidades pessoais, etc.) para resultar o chamado tempo padrão. Com isto, pradronizava-se o método de trabalho e o tempo destinado à sua execução. Método é a maneira d esse fazer algo para obter um determinado resultado. O estudo dos tempos e movimentos permite a racionalização do método de trabalho e a fixação do tempo padrão para sua execução. Além disto, o método traz muitas vantagens:



1)  Elimina o desperdício de esforço humano e de movimentos inúteis;
2)  Racionaliza a seleção dos operários e sua adaptação ao trabalho;
3)  Facilita o treinamento dos operários e melhora a eficiência e rendimento da produção pela especialização das atividades;
4)  Distribui uniformemente o trabalho e evita períodos de falra ou excesso de trabalho;
5)  Define métodos e estabelece normas para a execução do trabalho e
6)  Estabelece uma base uniforme para salários equitativos e prêmios por produção.
  Frank Gilbreth (1868-1924) foi um engenheiro americano que acompanhou Taylor em seu interesse pelo esforço humano como meio de aumentar a produtividade. Introduziu o estudo dos tempos e movimentos dos operários como técnica administrativa básica para a racionalização do trabalho.
  Concluiu que todo trabalho manual pode ser reduzido a movimentos elementares (aos quais deu o nome de therblig, anagrama de Gilbreth), para definir os movimentos necessários à execução de qualquer tarefa.
  Os movimentos elementares (therbligs) permitem decompor e analisar qualquer tarefa. A tarefa de colocar parafusos representa sete movimentos elementares: pegar o parafuso, transportá-lo até a peça, posicioná-lo, pegar e transportar a chave de fenda até o parafuso, utilizá-la e posicioná-la na situação anterior. O therblig constitui o elemento básico da Administração Científica e a unidade fundamental de trabalho.
  O estudo da fadiga humana – estudo de tempos e movimentos – tem uma tripla finalidade:
1)  Evitar movimentos inúteis na execução de uma tarefa;
2)  Execução econômica dos movimentos úteis do ponto de vista fisiológico e
3)  Seriação apropriada aos movimentos (princípios de economia de movimentos).
  O estudo dos movimentos baseia-se na anatomia e na fisiologia humanas. Neste sentido, Gilbreth efetuou estudos (estatísticos e não fisiológicos, pois era engenheiro) sobre os efeitos na fadiga na produtividade do operário. Verificou que a fadiga predispõe o trabalhador para: diminuição da produtividade e qualidade do trabalho; perda de tempo; aumento da rotatividade do pessoal (turn-over); doenças e acidentes e a diminuição da capacidade de esforço. Em suma, a fadiga é um redutor da eficiência.
  Para reduzir a fadiga, Gilbreth propôs princípios de de economia de movimentos classificados em três grupos:
1)  Relativos ao uso do corpo humano;
2)  Relativos ao arranjo material do local de trabalho e
3)  Relativos ao desempenho das ferramentas e do equipamento.
  A Administração Científica pretendia racionalizar os movimentos, eliminando os que produzem fadiga e os que estão diretamente relacionados com a tarefa executada pelo trabalhador.
  A divisão do trabalho e especialização do trabalhador,  a fim de elevar sua produtividade, foi decorrência da análise do trabalho e do estudo dos tempos e movimentos a fim de elevar sua produtividade. Provocou a reestruturação das operações industriais nos Estados Unidos, eliminando os movimentos desnecessários e economizando energia e tempo. Com isso, cada operário passou a ser especializado na execução de uma única tarefa para ajustar-se aos padrões descritos e às normas de desempenho definidas pelo método.
  O desenho de cargos e tarefas foi a primeira tentativa de definir e estabelecer racionalmente cargos e tarefas e aconteceu com a Administração Científica. Nete aspecto, Taylor foi o pioneiro. Como todo pioneiro, é reverenciado por alguns e criticado por outros.
  Tarefa é toda atividade executada por uma pessoa no seu trabalho dentro da organização. A tarefa constitui a menor unidade possível dentro da divisão do trabalho em uma organização. Cargo é o conjunto de tarefas executadas de maneira cíclica ou repetitiva.
  Desenhar um cargo é especificar seu conteúdo (tarefas), os métodos de executar as tarefas e as relações com os demais cargos existentes. O desenho de cargos é a maneira pela qual um cargo é criado e projetado e combinado com outros cargos para a execução das tarefas.
  A simplificação no desenho dos cargos permite as vantagens:
1)  Admissão de empregados com qualificações mínimas e salários menores, reduzindo os custos de produção;
2)  Minização dos custos de treinamento;
3)  Redução de erros na execução, diminuindo os refugos e rejeitos;
4)  Facilidade de supervisão, permitindo que cada supervisor controle um número maior de subordinados e
5)  Aumento da eficiência do trabalhador, permitindo maior produtividade.

  Taylor e seus seguidores desenvolveram os planos de Incentivos Salariais e Prêmios de Produção, uma vez analisado o trabalho, racionalizadas as tarefas e padronizado o tempo para sua execução, selecionado cientificamente o operário e treinado de acordo como o método preestabelecido, com o objetivo de fazer com que o operário colabore com a empresa e trabalhe dentro dos padrões de tempo previstos. A ideia básica era a de que a remuneração baseada no tempo (salário mensal, diário ou por hora) não estimula ninguém a trabalhar mais e deve ser substituída por remuneração baseada na produção de cada operário (salário por peça, por exemplo): o operário que produz pouco ganha pouco e o que produz mais, ganha mais, ganha na proporção de sua produção. O estímulo salarial adicional para que os operários ultrapassem o tempo-padrão é o prêmio de produção.
  O Conceito de Homo Economicus serviu de base para a Administração Científica, isto é, do homem econômico. Segundo este conceito, toda pessoa é concebida como influenciada exclusivamente por recompensas salariais, econômicas e materiais. Em outros termos, o homem procura o trabalho não porque gosta dele, mas como um meio de ganhar a vida por meio do salário que o trabalho proporciona. O homem é motivado a trabalhar pelo medo da fome e pela necessidade de dinheiro para viver. Assim, as recompensas salariais e os prêmios de produção (e o salário baseado na produção) influenciam os esforços individuais do trabalho, fazendo com que o trabalhador desenvolva o máximo de produção de que é fisicamente capaz para obter um ganho maior. Uma vez selecionado cientificamente o trabalhador, ensinado o método de trabalho e condicionada sua remuneração à eficiência, ele passaria a produzir o máximo dentro de sua capacidade física.
  As Condições Ambientais de Trabalho que garantam o bem-estar físico do trabalhador foram alvo de verificação de que a eficiência depende não somente de método de trabalho e do incentivo salarial, mas também do conjunto das referidas condições visando à diminuição da fadiga. As condições de trabalho que mais preocuparam a Administração Científica foram:
1)  Adequação de instrumentos e ferramentas de trabalho e de equipamentos de produção para minimizar o esforço do operador e a perda de tempo na execução da tarefa;
2)  Arranjo físico das máquinas e equipamentos para racionalizar o fluxo da produção;
3)  Melhoria do ambiente físico de trabalho de maneira que o ruído, a ventilação, a iluminação e o conforto no trabalho não reduzam a eficiência do trabalhador e
4)  Projeto de instrumentos e equipamentos especiais, como transportadores, seguidores, contadores e utensílios para reduzir movimentos inúteis.
  A Padronização dos métodos e processos de trabalho, a padronização das máquinas e equipamentos, ferramentas e instrumentos de trabalho, matérias-primas e componentes, também passaram a ser preocupação da Administração Científica no intuito de reduzir a variabilidade e a diversidade no processo produtivo e daí, eliminar o desperdício e aumentar a eficiência. A organização racional do trabalho não se preocupou, portanto, somente com a análise do trabalho, estudos de tempos e movimentos, fadiga do operário, divisão do trabalho, especialização do operário e os planos de incentivos salariais.
A preocupação de racionalizar, padronizar e prescrever normas de conduta ao administrador levou os engenheiros da Administração Científica a pensar que tais princípios pudessem ser aplicados a todas as situações possíveis. Um princípio é uma afirmação válida para uma determinada situação; é uma previsão do que deverá se feito quando ocorrer aquela situação. Dentre a profusão de princípios defendidos pelos autores da Administração científica, os mais importantes são:




1)  Princípios da administração científica de Taylor:
a)  Princípio de planejamento. Substituir no trabalho o critério individual do operário, a improvisação e a atuação empírico-prática, por métodos baseados em procedimentos científicos. Substituir a improvisação pela ciência através do planejamento do método de trabalho.
b)  Princípio de preparo. Selecionar cientificamente os trabalhadores de acordo com suas aptidões e prepará-los e treiná-los para produzirem mais e melhor, de acordo com o método planejado. Preparar máquinas e equipamentos em um arranjo físico e disposição racional.
c)  Princípio do controle. Controlar o trabalho para se certificar de que está sendo executado de acordo com os métodos estabelecidos e segundo o plano previsto. A gerência deve cooperar com os trabalhadores para que a execução seja a melhor possível.
d)  Princípio da execução. Distribuir atribuições e responsabilidades para que a execução do trabalho seja disciplinada.
2)  Princípio de Eficiência. Harrington Emerson (1853-1931) foi um engenheiro que simplificou os métodos de trabalho. Popularizou a Administração Científica e desenvolveu os primeiros trabalhos sobre seleção e treinamento de empregados. Os princípios de rendimento preconizados por Emerson são:
a)  Traçar um plano bem definido, de acordo com os objetivos;
b)  Estabelecer o predomínio do bom-senso;
c)  Oferecer orientação e supervisão competentes;
d)  Manter a disciplina;
e)  Impor honestidade nos acordos, ou seja, justiça social no trabalho;
f)  Mante registros precisos, imediatos e adequados;
g)  Oferecer remuneração proporcional ao trabalho;
h)  Fixar normas padronizadas para as condições de trabalho;
i)  Fixar normas padronizadas para o trabalho em si;
j)  Fixar normas para as operações;
k)  Estabelecer instruções precisas e
l)  Oferecer incentivos ao pessoal para aumentar o rendimento e a eficiência.
  Emerson antecipou-se à Administração por Objetivos proposta por Peter Drucker por volta da década de 60.
3)  Princípio Básicos de Ford. Provavelmente, o mais conhecido de todos os precursores da Administração Científica, Henry Ford (1863-1947) iniciou sua vida como mecânico. Projetou um modelo de carro e em 1899 fundou sua primeira fábrica de automóveis, que logo depois foi fechada. Sem desanimar, fundou, em 1903, a Ford Motor Co. Sua ideia: popularizar um produto antes artesanal e destinado a milionários, ou seja, vender carros a preços populares, com assistência técnica garantida, revolucionando a estratégia comercial da época. Entre 1905 e 1910, Ford inovou na organização do trabalho: a produção de maior número de produtos acabados com a maior garantia de qualidade e pelo menor custo possível. E esta inovação teve maior impacto sobre a maneira de viver do homem do que muitas das maiores invenções do passado da humanidade. Em 1913 já fabricava 800 carros por dia. Em 1914, repartiu com seus empregados uma parte do controle acionários da empresa. Estabeleceu o salário mínimo de cinco dólares por dia e jornada diária de oito horas, quando, na época, a jornada variava entre dez e doze horas. Em 1926, já tinha 88 fa´bricas e empregava 150 mil pessoas, fabricando 2 milhões de carros por ano. Utilizou um sistema de concentração vertical, produzindo desde a matéria-prima inicial ao produto final acabado, além da concentração horizontal através de uma cadeia de agências próprias. Ford fez uma das maiores fortunas do mundo graças ao constante aperfeiçoamento de seus métodos e processos de trabalho.
  A condição-chave da produção em massa é a simplicidade. Três aspectos suportam o sistema:
1)  A progressão do produto através de processo produtivo é planejada, ordenada e contínua;
2)  O trabalho é entregue ao trabalhador em vez de deixá-lo com a iniciativa de ir buscá-lo;
3)  As operações são analisadas em seus elementos constituintes.
  Para obter um esquema caracterizado pela aceleração da produção por meio de um trabalho ritmado, coordenado e econômico, Ford adotou três princípios básicos:
1)  Princípio de intensificação. Diminuir o tempo de duração com a utilização imediata dos equipamentos e matéria-prima e a rápida colocação do produto no mercado.
2)  Princípio de economicidade. Reduzir ao mínimo o volume do estoque da matéria-prima em transformação, fazendo com que o automóvel fosse pago à empresa antes de vencido o prazo de pagamento dos salários e da matéria-prima adquirida. A velocidade de produção deve ser rápida: “o minério sai da mina no sábado e é entregue sob a forma de um carro ao consumidor na terça-feira à tarde”, como ele mesmo diz em My life work (1923, pp. 77-90).



3)  Princípio de produtividade. Aumentar a capacidade de produção do homem no mesmo período (produtividade) por meio da especialização e da linha de montagem. O operário ganha mais e o empresário tem maior produção.
4)  Princípio da exceção. Taylor adotou um sistema de controle operacional simples e baseado não no desempenho médio, mas na verificação das exceções ou desvios dos padrões normais. Em outros termos, tudo o que ocorre dentro dos padrões normais não deve ocupar demasiadamente a atenção do administrador. Este deve estar preocupado com as ocorrências que se afastam dos padrões – as exceções – para que sejam corrigidas. Os desvios positivos ou negativos que fogem dos padrões normais devem ser identificados e localizados para a tomada de providências.
  Na verdade, a Administração Científica deveria ser denominada Estudo Científico do Trabalho, pois foi precursora da moderna organização do trabalho.
  A obra de Taylor e seguidores é susceptível de críticas, que não diminuem o mérito e o galardão de pioneiros e desbravadores da nascente Teoria da Administração. Na época, a mentalidade reinante e os preconceitos – tanto dos dirigentes como dos empregados – a falta de conhecimento sobre assuntos administrativos, a precária experiência industrial e empresarial não apresentavam condições propícias de formulação de hipóteses nem o suporte adequado para elaboração de conceitos rigorosos. As principais críticas à Administração Científica são:
1)  Mecanismo da Administração Científica. Restringiu-se às tarefas e aos fatores diretamente relacionados com o cargo e a função do operário. Embora a organização seja constituída de pessoas, deu-se pouca atenção ao elemento humano e concebeu-se a organização como “um arranjo rígido e estático de peças”, com diz J. C Worthy em Organizational structure and employee morale (1950, v. 15, pp 169-179). Ou seja, como uma máquina: assim como foi construída uma máquina como um conjunto de peças e especificações  também foi construída uma organização de acordo com um projeto. Daí a denominação “teoria da máquina” dada à Administração Científica por Peter F. Drucker e, Tecnologia, gerência e sociedade (1973, p.88).
As “principais ferramentas da Administração Científica foram os estudos dos tempos e movimentos. Os períodos de descanso durante o dia de trabalho foram estudados em termos de recuperação da fadiga fisiológica. Os salários e pagamento de incentivos, como fontes de motivação, foram concebidos em termos de um modelo do homem econômico”, como alertam Daniel Katz e Robert L. Kahn em Psicologia social das organizações , p. 92. A pressuposição é a de que os empregados “são essencialmente intrumentos passivos, capazes de executar o trabalho e receber ordens, mas sem poder de iniciativa e sem exercerem influência provida de qualquer significado”, como criticam James G. March e Herbert A. Simon em Teoria das organizações (1966, p. 9).
Verificou-se que a velocidade não é o melhor critério para medir a facilidade com que que o operário realiza a operação. O método é mais uma intensificação do trabalho do que a racionalização do processo de trabalho, procurando sempre o rendimento máximo e não o rendimento ótimo.
Os mesmos princípios que taylor adotou para conciliar os interesses entre patrões e empregados foram a causa de transtornos e críticas sofridas posteriormente. O fato de supor que o empregado age motivado pelo interesse do ganho material e financeiro, produzindo o máximo possível (conceito do homo economicus), mas sem levar em consideração outros fatores motivacionais importantes, foi, sem dúvida, outro aspecto mecanicista típico dessa teoria. De um modo geral, a abordagem dos engenheiros americanos concebeu a organização dentro de um sentido mecânico e o emprego de técnicas mecanicistas passou a representar a desumanização do trabalho industrial.
2)  Superespecialização do operário. Na busca da eficiência, a Administração Científica preconizava a especialização do operário por meio da divisão e da subdivisão de toda a operação em seus elementos constitutivos. As tarefas mais simples – o resultado daquela subdivisão – podem ser mais facilmente ensinadas e a perícia do operário pode ser incrivelmente aumentada. Por outro lado, alcança-se uma respeitável padronização no desempenho dos operários, pois na medida em que as tarefas vão se fracionando, a maneira de executá-las torna-se padronizada. Estas “formas de organização de tarefas privam os operários da satisfação no trabalho, e , oque é pior, violam a dignidade humana”, pondera William G. Scott em Relações Humanas na Adminstração (1962, p. 43).
O Taylorismo demonstrou que a maneira espontânea com que os trabalhadores executavam suas tarefas era mais fatigante, a menos econômica e a menos segura. “Em lugar dos erros do passado, o taylorismo propõe uma verdadeira racionalização; é este seu papel positivo. Uma nova ordem de coisas. O taylorismo propõe diminuir o número de atribuições de cada indivíduo e especializar as atribuições de cada chefe. Isso é a negação de aprender a situação total em cada nível. Trata-se de uma decomposição analítica das funções, a recusa de reconhecer os grupos e a negação da visão da situação a cada nível”, contrapõe Robert Meigniez emPatologia social da empresa, a crise e a função de direção (1971, p. 25). Contudo, a proposição de que “a eficiência administrativa aumenta com a especialização do trabalho” não encontrou amparo nos resultados de pesquisas posteriores: qualquer aumento na especialização não redunda necessariamente em um aumento de eficiência, conclui Herbert A. Simon em O comportamento administrativo (1974).
3)  Visão microscópica do homem. A Administração Científica visualiza cada empregado individualmente, ignorando que o trabalhador é um ser humano e social. A partir de sua concepção negativista do homem – na qual as pessoas são preguiçosas e ineficientes – Taylor enfatiza o papel monocrático do administrador: “A aceleração do trabalho só pode ser obtida por meio da padronização obrigatória dos métodos, da adoção obrigatória de instrumentos e das condições de trabalho e cooperação obrigatórias. E essa atribuição de impor padrões e forçar a cooperação compete exclusivamente à gerência”, como enuncia Taylor em Princípios de Administração Científica (p. 82). “O esquema de Taylor implica na proliferação do trabalho desqualificado que coexiste com uma estrutura administrativa monocrática, alienante, na qual a principal virtude é a obediência às ordens, critica Maurício Tragtemberg em Ideologia e burocracia (p. 194).
Ao lado desta concepção atomística do homem há outra decorrência da visão microscópica do trabalhador. Apesar de Taylor e seguidores terem se preocupado com a adequação dos dois elementos que constituem a essência do trabalho – as características do homem e as características da máquina – esta preocupação inicial não chegou a confirmar-se em seus trabalhos posteriores. Os engenheiros americanos limitaram-se às características físicas do corpo humano em trabalhos rotineiros, com ênfase nos estudos dos movimentos e da fadiga. O trabalho do homem foi sendo abordado como um processo acessório da máquina, substituindo a inicial preocupação de se adaptarem mutuamente os recursos humanos e mecânicos. O desempenho humano passou a ser estudado dentro de seus limites físicos, em termos de cargas, velocidade e fadiga. A utilização dos seres humanos na organização limitou-se às tarefas que se executam na linha de produção e nos escritórios, abrangendo apenas as variáveis fisiológicas. Tanto assim, a Administração Científica é chamada de “teoria fisiológica da organização” por James G. March e Herbert A. Simon em Teoria das organizações (p. 18). No fundo, Taylor considerou os recursos humanos e materiais não tanto reciprocamente ajustáveis, mas sobretudo, o homem trabalhando como um apêndice da maquinaria industrial, como conclui amitai Etzioni em Organizações Modernas (1967, pp. 37-39).
4)  Ausência de comprovação científica. A Administração Científica é criticada por pretender criar uma ciência sem o cuidado de apresentar comprovação científica das suas proposições e princípios. Em outros termos, os engenheiros americanos utilizaram pouquíssima pesquisa e experimentação científica para comprovar suas teses. Seu método é empírico e concreto, no qual o conhecimento é alcançado pela evidência e não pela abstração: baseiam-se em dados singulares e observáveis pelo analista de tempos e movimentos relacionados com o como e não com o porquê da ação do operário.
5)  Abordagem incompleta da organização. A Administração Científica é incompleta, parcial e inacabada, por se limitar apenas aos aspectos formais da organização, omitindo a organização informal e os aspectos humanos da organização. Esta perspectiva incompleta ignora a vida social interna dos participantes da organização. As pessoas são tomadas como indivíduos isolados e arranjados de acordo com suas habilidades pessoais e com as demandas da tarefa a ser executada. Também omite certas variáveis críticas, como o compromisso pessoal e a orientação profissional dos membros da organização, o conflito entre objetivos individuais e organizacionais, etc.
6)  Limitação do campo da aplicação. A Administração Científica também ficou restrita aos problemas de produção na fábrica, não considerando os demais aspectos da vida da organização, como financeiros, comerciais, logísticos, etc. Além disso, o desenho de cargos e tarefas retrata suas concepções a respeito da natureza humana (homem econômico) e se fundamenta em uma expectativa de estabilidade e previsibilidade das operações da organização.
7)  Abordagem prescritiva e normativa. A Administração Científica se caracteriza pela preocupação em prescrever princípios normativos que devem ser aplicados como receituário em todas as circunstâncias para que o administrador possa ser bem-sucedido. Esta abordagem prescritiva e normativa padroniza situações para poder prescrever a maneira como elas deverão ser administradas. É uma abordagem com receitas antecipadas, soluções enlatadas e princípios normativos que regem o como fazer as coisas dentro das organizações. Esta perspectiva visualiza a organização como ela deveria funcionar ao invés de explicar seu funcionamento, como observam J. Eugene Haas e Thomas E. Drabeck em Organizações complexas: uma perspectiva sociológica (1973, pp. 37-41).
8)  Abordagem de sistema fechado. A Administração Científica visualiza as organizações como se elas existissem no vácuo ou como se fossem entidades autônomas, absolutas e hermeticamente fechadas a qualquer influência vinda de fora delas. É uma abordagem de sistema fechado que se caracteriza pelo pelo fato de visualizar somente aquilo que acontece dentro de uma organização, sem tomar em conta o meio ambiente em que ela está situada. Outra característica da abordagem de sistema fechado é a maneira de ver tudo o que acontece dentro de uma organização sob o ponto de vista de algumas variáveis mais importantes apenas, omitindo-se outras cuja influência não seja bem conhecida no conjunto.
9)  Pioneirismo na administração. A Administração Científica constitui o ponto de partida para a administração nos aspectos:
a)  É o primeiro esforço científico para analisar e padronizar os processos produtivos com o objetivo de aumentar a produtividade e a eficiência;
b)  Obteve enorme êxito na racionalização das empresas da época e
c)  Complementou a tecnologia da época, desenvolvendo técnicas e métodos que racionalizaram a produção logrando forte aumento da produtividade
  Na verdade, a Administração Científica preocupa-se com a competência técnica como o principal requisito para o gerente, adotando o pressuposto simplista de que mais engenharia, melhores métodos e melhores equipamentos produzem necessariamente melhores resultados, como ponderam Michael H. Mescon, William Rogers Hammod, Lloyd L. Byars e Joseph F. Forest Jr., em A administração da empresa (1973, Cap. 12). Esta é uma simplificação enganosa e que tem custado muito caro às organizações atuais, como concluem J. Eugene Haas e Thomas E. Drabeck em Organizações complexas: uma perspectiva sociológica (1973, pp. 37-41).
10) Conclusão. Em resumo, os alicerces fundamentais da Administração Científica foram:
a)  Comando e controle. A gerência funciona como uma ditadura benegna inspirada nos modelos militares. O gerente planeja e controla o trabalho; os trabalhadores o executam. Em suam, o gerente deve pensar e mandar; os trabalhadores obedecer e fazer de acordo com o plano;
b)  Uma única maneira certa (the one best way). O método estabelecido pelo gerente é a melhor maneira de executar uma tarefa. O papel dos trabalhadores é utilizar o método sem questioná-lo;
c)  Mão-de-obra, não recursos humanos. A força de trabalho é mão-de-obra, ou seja, a mão contratada sem qualquer envolvimento da pessoa na organização. Como a oferta de trabalhadores era abundante, a empresa nada devia a eles, embora esperasse lealdade de sua parte e
d)  Segurança, não insegurança. Embora os operários não ganhassem reconhecimento ou responsabilidade, havia um acordo tácito baseado na segurança e permanência no emprego. As empresas davam de estabilidade dominando seus mercados. O futuro parecia previsível e o destino de cada empresa no futuro ainda mais previsível.
  Com a Administração Científica começa a luta incessante e permanente pela produtividade que iria perdurar até o final do século XX. Produtividade significa a relação entre a quantidade de produto obtida no processo de produção e a quantidade do fator necessário para sua obtenção. Contudo, a simples relação física entre um e outro tem significado apenas técnico. A distinção entre produtividade e rentabilidade é dada pelo fato de que a segunda implica em definição dos custos em dinheiro na relação entre o fator e produto, enquanto a produtividade considera o dispêndio de trabalho do fator para a produção da quantidade desejada do produto.
  O importante é que a Administração Científica comprovou o fato de que existe uma nova maneira de ganhar dinheiro e que as empresas não têm sabido usar: deixar de perdê-lo. A luta contra o desperdício – seja de tempo, de esforço, de capacidade instalada, de energia, etc. – foi uma de suas bandeiras, como constata Stuart Crainer em Ideias-chave em administração: pensadores que mudaram o mundo da administração (pp. 19-20).
  Apesar de todas as críticas formuladas  à Administração Científica, há uma forte tendência no mundo atual no intuito de reabilitar a imagem de Taylor. Alguns autores, como Michael H. Mescon, William Rogers Hammod, Lloyd L. Byars e Joseph F. Forest Jr., em A administração da empresa (1973, Cap. 12), chegam a apontá-lo como o criador da Administração Científica e o pai da Teoria das Relações Humanas, considerando-o um cientista social interessado nos problemas de motivação e de comportamento das pessoas dentro de sua maneira de ver as coisas. O certo é que Taylor teve uma profunda influência na vida do século XX e no forte desenvolvimento industrial que suas ideias proporcionaram. Sua importância decorre de um fato extremamente simples: ele deu certo. E é cada vez mais atual nas organizações do século XXI.
 Teoria Clássica da Administração
Enquanto Taylor e outros engenheiros desenvolviam a Administração Científica nos Estados Unidos, em 1916 surgia na França, espraiando-se rapidamente pela Europa, a Teoria Clássica da Administração. Se a Administração Científica se caracterizava pela ênfase na tarefa realizada pelo operário, a Teoria Clássica se caracterizava pela ênfase na estrutura que a organização deveria possuir para ser eficiente. Na realidade, o objetivo de ambas as teorias era o mesmo: a busca da eficiência das organizações. Segundo a Administração Científica, esta eficiência era alcançada por meio da racionalização do trabalho do operário e do somatório das eficiências individuais.
  A teoria Clássica, ao contrário, partia do todo organizacional e da sua estrutura para garantir eficiência a todas as partes envolvidas, fossem elas órgãos (como seções, departamentos, etc.) ou pessoas (como ocupantes de cargos e executores de tarefas). A microabordagem no nível individual de cada operário com relação à tarefa é enormemente ampliada no nível da organização como um todo em relação a sua estrutura organizacional. A preocupação com a estrutura da organização como um todo constitui, sem dúvida, uma substancial ampliação do objeto de estudo da Teoria Geral da Administração. Fayol, um engenheiro francês, fundador da Teoria Clássica da Administração, partiu de uma abordagem sintética, global e universal de empresa, inaugurando uma abordagem anatômica e estrutural que rapidamente suplantou a abordagem analítica e concreta de Taylor.
  A segunda década do século XX foi tumultuada. A Primeira Guerra Mundial (1914-1917) envolveu a Europa e os Estados Unidos em operações militares conjuntas. Em seguida, os meios de transporte tiveram enorme expansão, com a indústria automobilística, as ferrovias e o início da aviação militar, civil e comercial. As comunicações também passaram por enorme expansão do jornalismo e do rádio em ondas médias e curtas. E na Europa surgiu a Teoria Clássica da Administração.
  Henry Fayol (1841-1925), o fundador da Teoria Clássica, nasceu em Constantinopla e faleceu em Paris, vivendo as consequências da Revolução Industrial e, mais tarde, da Primeira Guerra Mundial. Formou-se em engenharia de minas e entrou para uma empresa metalúrgica e carbonífera onde fez sua carreira. Fayol expôs sua Teoria de Administração no livroAdministração industrial e geral, publicado em 1916. Seu trabalho, antes da tradução para o inglês, foi divulgado por Urwick e Gulick (dois autores clássicos), em As funções da administração com especial referência ao trabalho de Henry Fayol em Papeis da ciência da administração.



Fayol salienta que toda empresa apresenta seis funções:
1)  Funções técnicas. Relacionadas com a produção de bens ou de serviços da empresa;
2)  Funções comerciais. Relacionadas com compra, venda e permutação;
3)  Funções financeiras. Relacionadas com procura e gerência de capitais;
4)  Funções de segurança. Relacionadas com proteção e preservação dos bens e das pessoas;
5)  Funções contábeis, relacionadas com inventário, registros, balanços, custos e estatísticas e
6)  Funções administrativas. Relacionadas com a integração de cúpula das outras cinco funções. As funções administrativas coordenam e sincronizam as demais funções da empresa pairando sempre acima delas.
  Para Fayol, “nenhuma das cinco funções essenciais precedentes tem o encargo de formular o programa de ação geral da empresa, de constituir o seu corpo social, de coordenar os esforços e de harmonizar os atos. Estas atribuições constituem outra função designada pelo nome de Administração”, conforme teoriza em Administração industrial e geral (1916, p. 10).
  Fayol define o ato de administrar como prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. As funções administrativas envolvem os elementos da administração, isto é, as funções do administrador:
1)  Prever. Visualizar o futuro e traçar o programa de ação;
2)  Organizar. Constituir o duplo organismo material e social da empresa;
3)  Comandar. Dirigir e orientar o pessoal;
4)  Coordenar. Ligar, unir, harmonizar todos os atos e esforços coletivos e
5)  Controlar. Verificar que tudo ocorra de acordo com as regras estabelecidas e as ordens dadas.
  Estes são os elementos da Administração que constituem o chamado processo administrativo: são localizáveis no trabalho do administrador em qualquer nível ou área de atividade da empresa. Em outros termos, tanto o diretor, o gerente, o chefe, como o supervisor – cada qual em seu respectivo nível – desempenham atividades de previsão, organização, comando, coordenação e controle, como atividades administrativas essenciais.
  Para Fayol existe uma proporcionalidade da função administrativa: ela se reparte por todos os níveis da hierarquia da empresa e não é privativa da alta cúpula. A função administrativa não se concentra exclusivamente no topo da empresa, nem é privilégio dos diretores, mas é distribuída proporcionalmente entre os níveis hierárquicos. Na medida em que se desce na escala hierárquica, mais aumenta a proporção das outras funções da empresa e na medida em que se sobe na escala hierárquica mais aumenta a extensão e o volume das funções administrativas.
  Ainda que reconhecendo o emprego da palavra Administração como sinônimo de organização, Fayol faz uma distinção entre ambas as palavras. Para ele, Administração é um todo do qual a organização é uma das partes. O conceito amplo e compreensivo de Administração – como um conjunto de processos entrosados e unificados – abrange aspectos que a organização por si só não envolve, tais como previsão, comando e controle. A organização abrange apenas a definição da estrutura e da forma, sendo, portanto, estática e limitada.
  A partir daí, organização passa a ter dois significados diferentes:
1)  Organização como uma entidade social na qual as pessoas interagem entre si para alcançar objetivos específicos. Neste sentido, a palavra organização significa um empreendimento humano moldado intencionalmente para atingir determinados objetivos. As empresas constituem um exemplo de organização social e
2)  Organização como função administrativa e parte do processo administrativo (como previsão, comando, coordenação  e controle). Meste sentido, organização significa o ato de organizar, estruturar e alocar os recursos, definir os órgãos incumbidos de sua administração e estabelecer as atribuições e relações entre eles.
  Como toda ciência, a Administração deve se basear em leis ou em princípios. Fayol definiu os princípios gerais de Administração, sistematizando-os sem muita originalidade, porquanto os coletou de diversos autores de sua época. Fayol adota a denominação princípio, afastando dela qualquer ideia de rigidez, pois nada existe de rígido ou absoluto em matéria administrativa. Tudo em Administração é questão de medida, ponderação e bom-sendo. Os princípios são universais e maleáveis e adaptam-se a qualquer tempo, lugar e circunstância.
  Os 14 Princípios Gerais da Administração, segundo Fayol, são:
1)  Divisão do trabalho. Consiste na especialização das tarefas e das pessoas para aumentar a eficiência;
2)  Autoridade e responsabilidade. É o direito de dar ordens e o poder de esperar obediência. A responsabilidade é uma consequência natural da autoridade e significa o dever de prestar contas. Ambas devem estar equilibradas entre si;
3)  Disciplina. Depende de obediência, aplicação, energia, comportamento e respeito aos acordos estabelecidos;
4)  Unidade de comando. Cada empregado deve receber ordens de apenas um superior. É o princípio da autoridade única;
5)  Unidade de direção. Uma cabeça e um plano para cada conjunto de atividades que tenham o mesmo objetivo;
6)  Subordinação dos interesses individuais aos gerais. Os interesses gerais da empresa devem sobrepor-se aos interesses particulares das pessoas;
7)  Remuneração do pessoal. Deve haver justa e garantida satisfação para os empregados e para a organização em termos de retribuição;
8)  Centralização. Refere-se à concentração da autoridade no topo da hierarquia da organização;
9)  Cadeia escalar. É a linha de autoridade que vai do escalão mais alto ao mais baixo em função do princípio do comando;
10)Ordem. Um lugar para cada coisa e casa coisa em seu lugar. É a ordem material e humana;
11)Equidade. Amabilidade e justiça para alcançar a lealdade do pessoal;
12)Estabilidade do pessoal. A rotatividade do pessoal é prejudicial para a eficiência da organização. Quanto mais tempo uma pessoa permanecer no cargo, tanto melhor para a empresa;
13)Iniciativa. A capacidade de visualizar um plano e assegurar pessoalmente o seu sucesso e
14)Espírito de equipe. A harmonia e a união entre as pessoas são grandes forças para a organização.

  Os autores clássicos pretendem criar uma teoria da administração baseada em divisão do trabalho, especialização, coordenação e atividades de linha e de staff.
1)  Administração como ciência. O ponto de partida dos autores da Teoria clássica é o estudo científico da Administração, substituindo o empirismo e a improvisação por técnicas científicas. Pretendia-se elaborar uma Ciência da Administração. Fayol defendia a necessidade de um ensino organizado e metódico da Administração, de caráter geral para formar administradores. Em sua éopca, esta ideia era uma novidade;
2)  Teoria da organização. A Teoria Clássica concebe a organização como se fosse uma estrutura. Esta maneira de conceber a estrutura organizacional é influenciada pelas concepções antigas de organização (como a organização militar e a eclesiástica) tradicionais, rígidas e hierarquizadas. Neste aspecto, a Teoria Clássica não se desligou do passado, pelo menos segundo Orlando Behling em Unificação da teoria da administração: uma visão pessimista (apud Max S. Worthman Jr. E Fred Luthans, Conceitos emergentes em administração. Processo, comportamento, qualidade e sistemas, 1969, pp. 34-43.). Embora tenha contribuído para tirar a organização industrial da confusão incial que enfrentava em decorrência da Revolução Industrial, a Teoria Clássica pouco avançou em termos de uma teoria da organização. Para Fayol, a organização envolve a definição da estrutura e da forma, sendo, portanto, estática e limitada. James Mooney (1884-1957) e Allan Reiley, em Onward industry(1947, pp. 47-164), acrescentam que “a organização é a forma de toda associação humana para a realização de um fim comum. A técnica de organização pode ser descrita como a técnica de correlacionar atividades específicas ou funções em um todo coordenado”. Daí a importância que assume a coordenação. Para Lyndall Urwick (1891-1983), a organização militar é o modelo do comportamento administrativo. Assim, a preocupação com a estrutura e com a forma da organização marca a essência da Teoria Clássica. A teoria Clássica concebe a organização em termos de estrutura, forma e disposição das partes que as constituem, além do inter-relacionamento entre estas partes.



A estrutura organizacional constitui uma cadeia de comando, ou seja, uma linha de autoridade que interliga as posições da organização e define quem se subordina a quem. A cadeia de comando – também denominada cadeia escalar – baseia-se no princípio da unidade de comando, que significa que cada empregado deve se reportar a um só superior.
Para a Teoria Clássica, a estrutura organizacional é analisada de cima para baixo (da direção para a execução) e do todo para as partes (da síntese para a análise), ao contrário da abordagem da Administração Científica.
3)  Divisão do trabalho e especialização. A organização se caracteriza por uma divisão do trabalho claramente definida. “A divisão do trabalho constitui a base da organização; na verdade, é a própria razão da organização.”, como enuncia Luther Gulick em Papeis da ciência da administração (p. 3). A divisão do trabalho conduz à especialização e à diferenciação das tarefas, ou seja, a heterogeneidade. A ideia era a de que as organizações com maior divisão do trabalho seriam mais eficientes do que aquelas com pouca divisão do trabalho. Enquanto a Administração Científica se preocupava com a divisão do trabalho no nível do operário, fragmentando as tarefas deste, a Teoria Clássica se preocupava com a divisão no nível dos órgãos que compõem a organização, isto é, com os departamentos, divisões, seções, unidades, etc. Para a Teoria Clássica, a divisão do trabalho pode dar-se em duas direções, a saber:
a)  Divisão vertical do trabalho. Refere-se aos níveis de autoridade e responsabilidade (como na escala hierárquica de Fayol ou no princípio escalar de Mooney), definindo os escalões da organização que detém diferentes níveis de autoridade. A autoridade aumenta na medida em que se sobe na hierarquia da organização. A hierarquia define a graduação das responsabilidades conforme os graus de autoridade. Em toda organização há uma escala hierárquica de autoridade (princípio escalar ou cadeia escalar). Daí a denominação autoridade de linha para significar a autoridade de comando de um superior sobre um subordinado.
b)  Divisão horizontal do trabalho. Refere-se aos diferentes tipos de atividades da organização (como na especialização de Fayol ou n princípio de homogeneidade de Gulick). No mesmo nível hierárquico cada departamento ou seção passa a ser responsável por uma atividade específica e própria.
  A divisão do trabalho no sentido horizontal que assegura homogeneidade e equilíbrio é chamada departamentalização: refere-se à especialização horizontal da organização. A homogeneidade na organização é obtida quando são reunidos, na mesma unidade, todos os que estiverem executando o mesmo trabalho, pelo mesmo processo, para a mesma clientela, no mesmo lugar. Qualquer um destes quatro fatores – função, processo, clientela, localização – proporciona respectivamente departamentalização por função, por processo, clientela ou por localização geográfica. A ideia básica era a de que quanto mais departamentalizada a organização, tanto mais ela será eficiente, como idealiza Luther Gulick em Papeis da ciência da administração (p. 15).
4)  Coordenação. Fayol incluíra a coordenação como um dos elementos da Administração, enquanto outros autores clássicos a incluem nos princípios de Administração. Para Fayol, a coordenação é a reunião, a unificação e a harmonização de toda a atividade e esforço, enquanto para Gulick, se a subdivisão do trabalho é indispensável, a coordenação é obrigatória. Para James D. Mooney, a “coordenação é a distribuição ordenada do esforço do grupo, a fim de obter unidade de ação na consecução de um fio comum”, como define em Os princípios da organização (p. 5). A coordenação deve ser baseada em uma real comunhão de interesses. A coordenação indica que há um alvo ou objetivo a alcançar e que deve guiar os atos de todos. A pressuposição básica era de que quanto maior a organização e quanto maior a divisão do trabalho, tanto maior será a necessidade de coordenação, para assegurar a eficiência da organização como um todo.
 



Ao definir o que é Administração, Fayol definiu elementos que a compõem: previsão, organização, comando, coordenação e controle. Estes cinco elementos constituem as chamadas funções do administrador. Contudo, seus seguidores não aceitaram os elementos da Administração tais como o velho mestre afirmara. Cada autor clássico define a seu modo os elementos da Administração, embora não se afastem muito da concepção fayoliana.
1)  Elementos da Administração para Urwick. Lyndall Urwick (1891-1983), coronel inglês foi presidente da Urwick Orr na partners Ltd., empresa de consultoria em Administração. Escreveu vários livros para sistematizar e divulgar o conhecimento sobre a Administração, a saber: Papeis sobre a ciência da administração, O fazer da administração científica (1950), Treze pioneirosAdministração na indústria britânicaAs pesquisas de HawthorneCurta sobrevivência da administração industrial e Papeis ocasionais (1962). Urwick propõe sete elementos da administração como as funções do administrador:
a)  Investigação;
b)  Previsão;
c)  Planejamento;
d)  Organização;
e)  Coordenação;
f)  Comando e
g)  Controle.
  No fundo, Urwick apenas desdobrou a previsão (primeiro elemento de Fayol) em três distintos (investigação, previsão e planejamento). Para ele, os elementos da Administração constituem a base da boa organização, uma vez que uma empresa não pode ser desenvolvida em torno de pessoas, mas de sua organização.
2)  Elementos da Administração para Gulick. Luther Gulick (1892-1993), considerado o autor mais erudito da Teoria Clássica, propõe sete elementos da Administração, conforme Notas sobre teoria da organização (p. 3):
a)  Planejamento (planning). É a tarefa de traçar as linhas gerais do que deve ser feito e dos métodos de fazê-lo, a fim de atingir os objetivos da empresa;
b)  Organização (organizing). É o estabelecimento da estrutura formal de autoridade, por meio da qual as subdivisões de trabalho são integradas e coordenadas para o objetivo em vista;
c)  Assessoria (staffing). É a função de preparar e treinar o pessoal e manter condições favoráveis de trabalho;
d)  Direção (directing). É a tarefa contínua de tomar decisões e incorporá-la em ordens e instruções específicas e gerais, e ainda a de funcionar como líder da empresa;
e)  Coordenação (coordinating). É o estabelecimento de relações entre as várias partes do trabalho;
f)  Informação (reportig). É o esforço de manter informados, a respeito do que se passa, aqueles perante quem o chefe é responsável; pressupõe a existência de registros, documentação, pesquisa e inspeções.
g)  Orçamento (budgetting). É a função relacionada à elaboração, execução e fiscalização orçamentárias, ou seja, o plano fiscal, a contabilidade e o controle.
  As palavras (planning, organizing, staffing, directing, coordinating, reporting e budgeting) formam o acróstico POSDCORB, que Gulick utiliza para memorizar os elementos da Administração.
Gulick enumera planejamento, organização, comando e coordenação mencionados por Fayol. Porém, os elementos staffing, reporting e budgetting são novos.
  Para os autores clássicos não basta enunciar os elementos da administração que servem como base para as funções do administrador. É preciso ir além e estabelecer as condições e normas dentro das quais as funções do administrador devem ser aplicadas e desenvolvidas. O administrador deve obedecer às normas ou às regras de comportamento, isto é, aos princípios gerais que permitem desempenhar as funções de planejar, organizar, dirigir, coordenar e controlar. Daí os princípios gerais de Administração tomados como normas capazes de resolver os problemas organizacionais. Fayol enuncia 14 princípios. Os demais autores são menos ambiciosos e propõem uma quantidade menor.
Princípios de Administração para Urwick. Urwick propõe quatro princípios de Administração:
1)  Princípio da especialização. Cada pessoa deve exercer uma só função, o que determina uma divisão especializada do trabalho. Este princípio dá origem à organização de linha, à de staff e à funcional;
2)  Princípio de autoridade. Deve haver uma linha de autoridade claramente definida, conhecida e reconhecida por todos, desde o topo da organização até cada indivíduo de base;
3)  Princípio da amplitude administrativa (span of control). Cada superior deve ter um certo número de subordinados. O superior tem pessoas para supervisionar, bem como as relações entre as pessoas que supervisiona. O número ótimo de subordinados varia segundo o nível e a natureza dos cargos, a complexidade do trabalho e o preparo dos subordinados e
4)  Princípio da definição. Os deveres, autoridade e responsabilidade de cada cargo e suas relações com os outros cargos devem ser definidos por escrito e comunicados a todos.
  Apreciação crítica da Teoria Clássica. As críticas à Teoria Clássica são numerosas. Todas as teorias posteriores da Administração se preocuparam em apontar falhas, distorções e omissões nesta abordagem que representou durante várias décadas o figurino que serviu de modelo para as organizações. As principais críticas à Teoria Clássica são:
1)  Abordagem simplificada da organização formal. Os autores clássicos concebem a organização em termos lógicos, formais, rígidos e abstratos, sem considerar seu conteúdo psicológico e social com a devida importância. Limitam-se à organização formal, estabelecendo esquemas lógicos e preestabelecidos, segundo os quais as organizações devem ser construídas e governadas. Neste sentido, são prescritivos e normativos, como conclui Beatriz M. de Souza Wahrlich após Uma análise das teorias de organização (pp. 83-94): como o administrador deve conduzir-se em todas as situações através do processo administrativo e os princípios gerais que deve seguir para obter a máxima eficiência. A preocupação com as regras do jogo é fundamental.
  Sem dúvida, a preocupação com a estrutura da organização constitui uma substancial ampliação do objeto de estudo da TGA. A microabordagem no nível individual de cada operário com relação à tarefa é enormemente ampliada no nível da empresa como um todo em relação à sua estrutura organizacional.
2)  Ausência de trabalhos experimentais. A Teoria Clássica pretendeu elaborar uma Ciência da Administração para estudar e tratar a Administração substituindo o empirismo e a improvisação por técnicas científicas. Porém, os autores clássicos fundamentam seus conceitos na observação e no senso comum. Seu método é empírico e concreto, baseado na experiência direta e no pragmatismo e não confrontam a teoria com elementos de prova. Suas afirmações se dissolvem quando postas em experimentação, como concluem J. G. March e H. A. Simon em Teoria das organizações (pp. 42-43). O fato de denominarem princípios a muitas de suas proposições é criticado como um procedimento presunçoso, como alertam John N. Pfiffner e Frank P. Sherwood em Organização administrativa (1965, p. 73). As ideias mais importantes são catalogadas como princípios, o que provocou críticas, pois o princípio utilizado como sinônimo de lei deve, como esta, envolver um alto grau de regularidade e consistência, permitindo razoável previsão em sua aplicação, tal como acontece nas outras ciências, como observam John N. Pfiffner e Frank P. Sherwood em Organização administrativa (1965, p. 60).
3)  Extremo racionalismo na concepção da Administração. Os autores se preocupam com a apresentação racional e lógica das suas proposições sacrificando a clareza das suas ideias. O abstracionismo e o formalismo são criticados por elevarem a análise da Administração à superficialidade, à grande simplificação e a falta de realismo, como avalia H. A. Simon emComportamento administrativo. A insistência sobre a concepção da Administração com um conjunto de princípios universalmente aplicáveis provocou a denominação Escola Universalista, como classificam V. Waino e W. Suojanen em Teoria da Administração: funcional e evolucionáriaJornal da academia de administração  (1963, mar., vol. VI, p. 7). Alguns autores preferem, pelo espírito pragmático e utilitarista, a denominação de Teoria pragmática, como analisa Harold Koontz, em Princípios de Administração (pp. 174-188). O pragmatismo do sistema leva-o a apelar à experiência direta e não representativa para obter soluções aplicáveis de modo imediato, como observa Maurício Tractemberg, em Ideologia e burocracia (p. 79). Além do fato de erigir como verdades absolutas a descrição limitada e restrita de experiências e torná-las verdades, universalizando o particular, quase sempre é verdadeiro para aquela específica circunstância.
4)  Teoria da máquina. A teoria clássica recebe a denominação de teoria da máquina pelo fato de considerar a organização sob o prisma do comportamento mecânico de uma máquina: a determinadas ações ou causas decorrem determinados efeitos ou consequências dentro de uma correlação determinística. A organização deve ser arranjada tal como uma máquina. Os modelos administrativos correspondem à divisão mecanicista do trabalho, em que a divisão do trabalho é a mola do sistema.
A abordagem mecânica, lógica e determinística da organização foi o fator que conduziu erradamente os clássicos à busca de uma ciência da Administração.
5)  Abordagem incompleta da organização. Tal como aconteceu com a Administração Científica, a Teoria Clássica preocupou-se apenas com a organização formal descuidando-se da organização informal. O foco na forma e a ênfase na estrutura levaram a exageros. A teoria da organização formal não ignorava os problemas humanos da organização, porém, não conseguir dar um tratamento sistemático à interação entre pessoas e grupos informais, nem aos conflitos intra-organizacionais e ao processo decisório.
6)  Abordagem de sistema fechado. A Teoria Clássica trata a organização como se ela fosse sistema fechado, composto de algumas variáveis perfeitamente conhecidas e previsíveis e alguns aspectos que são manipulados por meio de princípios gerais e universais. Contudo, apesar de todas as críticas, a Teoria Clássica é abordagem sistemática e ordenada. Também para a execução de tarefas administrativas rotineiras, a abordagem clássica disseca o trabalho gerencial em categorias compreensíveis e úteis. Os princípios proporcionaram guias gerais e permitem ao administrador manipular os deveres do dia a dia de seu trabalho com confiança. Mantendo esta filosofia dos fatores básicos da Administração, a escola clássica permite uma abordagem simplificada. Sem mudar sua base, ela pode absorver novos elementos como fatores adicionais em sua filosofia, como admite Manek S. Wadia, em Natureza e foco da administração (1966, p. 33).
Conclusão. Apesar de todas as críticas, a Teoria Clássica é ainda a abordagem mais utilizada para os iniciantes em Administração, pois permite uma visão simples e ordenada. Também para a execução de tarefas administrativas rotineiras, a abordagem clássica disseca o trabalho organizacional em categorias compreensíveis e úteis. Os princípios proporcionam guias gerais que permitem ao administrador manipular os deveres do cotidiano do seu trabalho com mais segurança e confiança, conforme ressalva Maneck S. Wadia em Natureza e o foco da administração (1966, p. 33). Contudo, em uma era de mudança e instabilidade como a que atravessa-se, a abordagem clássica mostra-se rígida, inflexível e conservadora, pois ela foi concebida em uma época de estabilidade e permanência. Em resumo, a Teoria Clássica ainda tem sua utilidade no mundo atual. Ela é indispensável na compreensão das bases da moderna administração. Outras informações podem ser obtidas no livro Introdução à teoria geral da administração  de autoria de Idalberto Chiavenato.


 CONTRIBUIÇÃO DOS TEÓRICOS DA ADMINISTRAÇÃO
Todas as organizações são constituídas por pessoas e por recursos não humanos (como recursos físicos e materiais, financeiros, tecnológicos, mercadológicos, etc.) A vida das pessoas depende intimamente das organizações e estas dependem da atividade e do trabalho daquelas.
Na sociedade moderna, as pessoas nascem, crescem, aprendem, vivem, trabalham, se divertem, são tratadas e morrem dentro de organizações. As organizações são extremamente heterogêneas e diversificadas, de tamanhos diferentes, de características diferentes, de estruturas diferentes, de objetivos diferentes. Existem organizações lucrativas (chamadas empresas) e organizações não lucrativas (como Exército, Igreja, serviços públicos, entidades filantrópicas, organizações não governamentais – ONGs – etc.). A Teoria das Organizações – TO é o campo do conhecimento humano que se ocupa do estudo das organizações em geral. Por seu tamanho e pela complexidade de suas operações, as organizações, ao atingirem um certo porte, precisam ser administradas e sua administração requer todo o aparato de pessoas estratificadas em diversos níveis hierárquicos que se ocupam de incumbências diferentes.
A administração nada mais é do que a condução racional das atividades de uma organização seja ela lucrativa ou não lucrativa. A administração trata do planejamento, da organização (estruturação), da direção e do controle de todas as atividades diferenciadas pela divisão de trabalho que ocorram dentro de uma organização. Assim, a administração é imprescindível para existência, sobrevivência e sucesso das organizações. Sem a administração, as organizações jamais teriam condições de existir e de crescer. A teoria geral da administração – TGA é o campo do conhecimento humano que se ocupa do estudo da Administração em geral, não importa onde ela seja aplicada, se nas organizações lucrativas (empresas) ou se nas organizações não lucrativas.
A TGA trata do estudo da Administração das organizações.
Em função dos aspectos exclusivos de cada organização, o administrador define estratégias, efetua diagnósticos de situações, dimensiona recursos, planeja sua aplicação, resolve problemas, gera inovação e competitividade. O administrador bem-sucedido em uma organização pode não sê-lo em outra. Toda vez que uma organização pretende incluir um executivo em seu quadro administrativo, os candidatos são submetidos a uma infinidade de testes e de entrevistas que procuram investigar em profundidade seus conhecimentos, habilidades e competências, suas atitudes, entre outros. Talvez até sua situação conjugal ou estabilidade emocional. Isso porque o executivo dificilmente pode ser transferido de uma organização para outra sem que algum problema de adaptação deixe de ocorrer. Mesmo que o executivo tenha profundos conhecimentos de Administração e apresente um invejável currículo profissional, ele não é julgado pelo que sabe a respeito das funções que exerce em sua especialidade, mas principalmente pela maneira como realiza seu trabalho e pelos resultados que consegue obter dos recursos disponíveis.
  Ao falar do administrador profissional, Theodore Levit, em O carrossel dos administradores, lembra que, enquanto um químico ou um físico são considerados profissionais que passam por um teste de conhecimentos acerca de suas profissões, o mesmo não acontece com o administrador, cujo conhecimento é apenas um dos múltiplos aspectos na avaliação de sua capacitação profissional. Ele não é apenas analisado pelas organizações por seus conhecimentos tecnológicos de Adminstração, mas principalmente por seu modo de agir, suas atitudes, conhecimentos, habilidades, competências, personalidade e filosofia de trabalho. A finalidade é verificar se essas qualidades se coadunam com os novos padrões de cultura e de trbalho, com a competitividade da empresa e com o pessoal que vai trabalhar com ele, pois não existe uma única maneira certa de um administrador agir ou de conduzir. Pelo contrário, existem várias maneiras de levar a cabo as tarefas nas empresas, em condições específicas, por dirigentes de temperamentos diversos e modos de agir próprios. Aliás, é oportuno lembrar a lei de indeterminação de Heisenberg, pela qual o processo de se observar um fenômino altera esse fenômeno. Se na física a observação dos átomos equivale a alterar a posição e a velocidade desses, na administração de uma organização a presença de um profissional em uma determinada função afeta e modifica esta função, independentemente do que seja realizado. A presença de outro profissional produziria outra alteração. Além do mais, se a modificação ocorre, a maneira de agir deve ser e acaba sendo diferente.
  Segundo Robert L. Katz, em Habilidades de um efetivo administraror, o sucesso do administrador depende mais do seu desempenho e da maneira como lida com pessoas e situações do que de seus traços particulares de personalidade. Depende daquilo que ele consegue fazer e não daquilo que ele é. Este desempenho é o resultado de certas habilidades que o administrador possui e utiliza. Uma habilidade é a capacidade de transformar conhecimento em ação e que resulta em um desempenho desejado. Para Katz, existem três tipos de habilidades importantes para o desempenho administrativo bem-sucedido: as habilidades técnicas, humanas e conceituais.
  Habilidades técnicas envolvem o uso de conhecimento especializado e facilidade na execução de técnicas relacionadas com o trabalho e com os procedimentos de realização. É o caso de habilidades em contabilidade, em programação de computador, engenharia, etc. As habilidades técnicas estão relacionadas ao fazer, isto é, ao trabalho com coisas, como processos materiais ou objetos físicos e concretos. É relativamente fácil trabalhar com coisas e com números porque eles são estáticos e inertes, não contestam nem resistem à ação do administrador.
  Habilidades Humanas estão relacionadas ao trabalho com pessoas e referem-se à facilidade de relacionamento interpessoal e grupal. Envolvem a capacidade de comunicar, motivar, coordenar, liderar e resolver conflitos pessoais ou grupais. As habilidades humanas estão relacionadas com a interação com as pessoas. O desenvolvimento da cooperação dentro da equipe, o encorajamento da participação, sem medos ou receios e o envolvimento das pessoas são aspectos típicos de habilidades humanas. Saber trabalhar com pessoas e por meio das pessoas.
  Habilidades conceituais envolvem a visão da organização ou da unidade organizacional como um todo, a facilidade em trabalhoar com ideias e conceitos, teorias e abstrações. Um administrador com habiliddes conceituais está apto a compreender as várias funções da organização, complementá-las entre si, entender como a organização se relaciona com seu ambiente e como as mudanças em uma parte da organização afeta o restante dela. As habilidades conceituais estão relacionadas com o pensar, com o raciocinar, com o diagnóstico das situações e com a formulação de alternativas de solução dos problemas. Representam as capacidades cognitivas mais sofisticadas do administrador e que lhe permitem planejar o futuro, interpretar a missão, desenvolver a visão e perceber oportunidades onde ninguém enxerga nada. Na medida em que um administrador faz carreira e sobe na organização, ele precisa, cada vez mais, desenvolver as suas habilidades conceituais para não limitar a sua empregabilidade. Empregabilidade significa a capacidade que uma pessoa tem para conquistar e manter um emprego. Conquistar um emprego pode até ser fácil; o mais difícil é mantê-lo a longo prazo.
  A combinação destas habilidades é importante para o administrador. Na medida em que se sobe para os níveis mais elevados da organização, diminui a necessidade de habilidades técnicas, enquanto aumenta a necessidade de habilidades conceituais. Os níveis inferiores requerem considerável habilidade técnica dos supervisores para lidar com os problemas operacionais concretos e cotidianos da organização. A TGA se dispõe a desenvolver a habilidade conceitual, embora não deixe de lado as habilidades humanas e técnicas. Em outros termos, se propõe a desenvolver a capacidade de pensar, definir sigtuações organizacionais complexas, diagnósticar e propor soluções e inovações na organização.
  Contudo, estas três habilidades – técnicas, humanas e conceituais – requerem certas competências pessoais para serem colocadas em ação com êxito. As competências – qualidades de quem é capaz de analisar uma situação, apresentar soluções e resolver assuntos ou problemas – constituem o maior patrimônio pessoal do admnistrador; o seu capital intelectual; a sua maior riqueza. Porém, em um mundo em constante mudança e transformação, a aquisição de uma nova competência necessária, significa quase sempre, o abandono de outra que se tornou velha e ultrapassada. O segredo está em adquirir competências duráveis: aquelas que, mesmo em tempos de rápida mudança, não se tornam descartáveis nem obsoletas. Diante de todos estes desafios, o administrador – para ser bem-sucedido profissionalmente – precisa desenvolver quatro competências duráveis: o conhecimento, a perspectiva, o julgamento e a atitude.
  Conhecimento significa todo o acervo de informações, conceitos, ideias, experiências, aprendizagens que o administrador possui a respeito de sua especialidade. Como o conhecimento muda a cada instante em função da mudança e da inovação que ocorrem com intensidde cada vez maior, o administrador precisa atualizar-se constantemente e renová-lo continuamente. Isso significa aprender a aprender, a ler, a ter contato com outras pessoas e profissionais e, sobretudo, reciclar-se contiuamente para não tornar-se obsoleto e ultrapassado em seus conhecimentos. Todavia, as empresas estão repletas de profissionais com excelentes currículos e um enorme cabedal de conhecimentos, mas que não são capazes de transformar a sua bagagem pessoal em contribuições efetivas ao negócio e criar valor para a organização. Eles têm o conhecimento para si e não disponível para a organização. Têm o conhecimento, mas não sabem como utilizá-lo ou aplicá-lo. O conhecimento é necessário e fundamental; mas não é suficiente para o sucesso profissional. Ele precisa ser adicionado a duas outras competências duráveis: a perspectiva e a atitude.
  Perspectiva significa a capacidade de colocar o conhecimento em ação e saber transformar a teoria em prática. Aplicar o conhecimento na análise das situações e na solução dos problemas e na condução do negócio. Não basta apenas possuir o conhecimento; ele pode ficar apeneas em estado potencial. Torna-se necessário saber como utilizaá-lo e aplicá-lo nas diversas situações e na solução dos diferentes problemas. A perspectiva apresenta a habilidade de colocar em ação os conceitos e ideias abstratas que estão na mente do administrador. Em visualizar as oportunidades que nem sempre são percebidas pelas pessoas comuns e transformá-las em novos produtos, serviços ou ações pessoais. Na realidade, a perspectiva é a condição pessoal que torna o administrador capaz de diagnosticar situações e propor soluções criativas e inovadoras. É a perspectiva que dá autonomia e independência ao administrador, que não precisa perguntar ao chefe o que deve fazer e como fazer nas suas atividades. Contudo, o conhecimento e a perspectiva são fundamentais, mas carecem de outra competência durável: o julgamento.
  Não basta ter conhecimento e habilidde. O administrador precisa saber analisar e avaliar a situação com clareza, obter dados e informação suficiente para julgar os fatos com espírito crítico, ponderar com equilíbrio e definir prioridades. Isso é fundamental para tomar decisões – ou fazer julgamentos. O administrador é um tomador de decisões.
  Atitude significa o comportamento pessoal do administrador frente às situações com que se defronta no seu trabalho. A atitude representa o estilo pessoal de fazer as coisas acontecerem, a maneira de liderar, de motivar, de comunicar e de levar coisas para a frente. Envolve o impulso e a determinação de inovar e a convicção de melhorar continuamente, o espírito empreendedor, o inconformismo com os problemas atuais e, sobretudo, a facilidade de trabalhar com outras pessoas e fazer as suas cabeças. É esta competência durável que transforma o administrador em um agente de mudança nas empresas e organizações e não simplesmente um agente de conservação e manutenção do status quo.
  Estas quatro competências duráveis constituem a plataforma que conduz o administrador ao sucesso nas suas atividades. No decorrer deste texto, o leitor sentirá a preocupação constante de proporcionar conhecimento, de burilar a perspectiva, de aclarar o julgamento e impor a atitude empreendedora que conduz à mudança, inovação e sustentabilidade da organização.
  Henry Mintzberg, em A natureza do trabalho administrativo, identifica dez papeis específicos do administrador divididos em três categorias: interpessoal, informacional e decisorial. Papel significa um conjunto de expectativas da organização a respeito do comportamento de uma pessoa. Cada papel representa atividades que o administrador conduz para cumprir as funções de planejar, organizar, dirigir e controlar.
  Papeis interpessoais representam as relações com outras pessoas e estão relacionados às habilidades humanas. Mostram como o administrador interage com as pessoas e influencia seus subordinados.
  Papeis informacionais descrevem as atividades para manter e desenvolver uma rede de informações. Um administrador no nível institucional passa em média 75% do seu tempo trocando informações com outras pessoas dentro e fora da organização. Mostram como o administrador intercambia e processa a informação.
  Papeis decisórios envolvem eventos e situações em que o administrador deve fazer uma escolha ou opção. Estes papeis requerem tanto habilidades humanas como conceituais. Mostram como o administrador utiliza a informação em suas decisões.
  Na verdade, administrador é muito mais do que uma mera função de supervisão de pessoas, de recursos e de atividades. Quando tudo muda e as regras são engolfadas pela mudança, trata-se não apenas de manter a situação, mas de inovar e renovar continuamente a organização. O papel do administrador em épocas de mudança e instabilidade se centra mais na inovação do que na manutenção do status quo organizacional.
TGA: A Administração e suas perspectivas
  Em uma época de complexidades, mudanças e incertezas, como a que atravessa-se nos dias atuais, a Administração torna-se uma das mais importantes áreas da atividade humana. Veive-se em uma civilização em que predominam as organizações e na qual o esforço cooperativo do homem é a base fundamental da sociedade.
  A tarefa básica da Administração é a de fazer as coisas por meio das pessoas de maneira eficiente e eficaz. Nas organizações de serviços públicos, hospitais, universidades, instituições militares ou em qualquer outra forma de empreendimento humano – a eficiência com que as pessoas trabalham em conjunto para conseguir objetivos comuns dependem diretamente da capacidade daqueles que exercem a função administrativa. O avanço tecnológico e o desenvolvimento do conhecimento humano, por si apenas, não produzem efeitos se a qualidade da administração efetuada sobre uma aplicação efetiva dos recursos humanos e materiais. A administração, como veremos adiante, está sendo considerada a principal chave para a solução dos mais graves problemas que atualmente afligem o mundo moderno.
  O trabalho do administrador em qualquer organização – seja ele um supervisor de primeira linha ou o dirigente máximo da organização – é essencialmente o mesmo. Neste sentido, não há uma distinção básica entre diretores, gerentes chefes ou supervisores, como administradores. Qualquer que seja a posição ou o nível que ocupe, o administrador alcança resultados através da efetiva cooperação dos subordinados. A tarefa de administrar se aplica a qualquer tipo ou tamanho de organização, seja ela uma grande indústria, uma cadeia de supermercados, uma universidade, um clube, um hospital, uma empresa de consultoria ou uma organização não governamental – ONG. Toda organização – seja ela industrial ou prestadora de serviços – precisa ser administrada para alcançar seus objetivos com a maior eficiência, economia de ação e de recursos e ser competitiva. Devido às suas limitações físicas, biológicas e psíquicas, as pessoas têm necessidade de cooperar com outras pessoas para, em conjunto, alcançarem objetivos que isoladamente jamais poderiam alcançar. A coordenação dos esforço humano torna-se um problema essencialmente administrativo para o alcance de objetivos – sejam industriais, comerciais, religiosos, militares, caritativos ou educacionais. Onde quer que a cooperação de pessoas, no intuito de alcançar objetivos comuns, se torne organizada e formal, o componente essencial e fundamental desta associação é a Administração – a função de conseguir fazer as coisas por meios das pessoas  e com os melhores resultados. Somente a partir do momento em que as organizações alcançaram um certo tamanho e complexidade é que a sua administração começou a apresentar dificuldades e desafios até então intransponíveis para seus dirigentes. Foi nesse momento que surgiu a necessidade de uma Teoria da Administração que permitisse oferecer aos dirigentes das organizações os modelos e estratégias adequados para a solução de seus problemas empresariais.
  A palavra administração vem do latim ad (direção, tendência para) e minister (subordinação ou obediência) e significa aquele que realiza uma função sob o comando de outrem, isto é, aquele que presta um serviço a outro. No entanto, a palavra administração sofreu uma radical transformação em seu significado original. A tarefa da Administração passou a ser a de definir os objetivos da organização e transformá-los em ação organizacional por meio do planejamento, organização, direção e controle de todos os esforços realizados em todas as áreas e em todos os níveis da organização a fim de alcançar tais objetivos da maneira mais adequada à situação e garantir a competitividade em um mundo de negócios altamente concorrencial e complexo. A Administração é o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de recursos e competências a fim de alcançar objetivos organizacionais.
  Cada autor conceitua administração em sua ótica particular. Vale a pena comparar cada conceituação da administração. Samuel C. Certo, em Administração moderna: diversidade, qualidade, ética e ambiente global, conceitua-a como o processo de alcançar objetivos pelo trabalho com e por intermédio de pessoas e outros recursos organizacionais. James A. F. Stoner, R. Edward Freeman & Daniel A. Gilbert, em Administração, atribuem o conceito de que é o processo de planejar, organizar, liderar e controlar o trabalho dos membros da organização e utilizar todos os recursos organizacionais disponíveis para alcançar objetivos organizacionais definidos. John R. Schermerhorn, em Administração, conceitua-a como o processo de planejar, organizar, liderar e controlar o uso de recursos para alcançar objetivos de desempenho. Richard L. Daft, em Administração, conceitua como o alcance de objetivos organizacionais de maneira eficaz e eficiente graças ao planejamento, à organização, à liderança e ao controle dos recursos organizacionais. Patrick J. Montana e Bruce H. Charnov, em Administração, conceituam como o ato de trabalhar com e por intermédio de outras pessoas para realizar objetivos da organização, bem como de seus membros.
  Contudo, a Administração é muito mais do que simplesmente planejar, organizar, dirigir e controlar, como diz a maioria dos autores. A administração envolve um complexo de decisões e ações aplicado a uma variedade de organizações. Devido a essa complexidade, a administração admite várias interpretações, tais como:
1)  A administração é um processo contínuo e sistêmico que envolve uma série de atividades impulsionadoras como planejar, organizar, dirigir e controlar recursos e competências para alcançar metas e objetivos. Ela implica em fixar objetivos a alcançar, tomar decisões no meio deste caminho e liderar todo este processo a fim de alcançar os objetivos e oferecer resultados.
2)  A administração envolve a articulação e aplicação de vários conjuntos de recursos e competências organizacionais. É um processo abrangente que envolve e aplica uma variedade de recursos: humanos, financeiros, materiais, tecnológicos e informação.
3)  A administração exige várias ações orientadas para alcançar objetivos através de diferentes pessoas e órgãos que trabalham conjunta e integradamente. Trata-se de uma atividade proposital e direcionada para alvos previamente definidos, envolvendo objetivos individuais, grupais e organizacionais ou uma combinação deles no sentido de alcançar níveis cada vez mais elevados de excelência.
4)  A administração envolve liderança e direcionamento de atividades executadas por todo o conjunto organizacional e em todos os níveis das organizações por pessoas com diferentes funções intencionalmente estruturadas e coordenadas para o alcance de propósitos comuns.
Assim, chega-se às seguintes conclusões sobre a Administração:
1)  A Administração ocorre exclusivamente dentro das organizações. Ela não acontece em situações isoladas. Todas as organizações – nações, estados e municípios, empresas, indústrias empreendimentos de todo tipo não importando seu tamanho ou natureza – precisam ser administradas. Contudo, cada organização é única, singular e diferente das demais e suas características ímpares afetam tanto o administrador como todas as pessoas a ele subordinadas. O administrador precisa necessariamente compreender cada organização. Essa é a sua praia.
2)  A Administração requer fazer coisas através das pessoas. O administrador não executa e deve saber assessorar as pessoas e desenvolver nela capacidades e competências para que elas executem adequadamente suas atividades. Deve saber ajustar as capacidades e competências das pessoas aos requisitos da organização e dos objetivos a serem alcançados através do esforço conjunto. Para isso, deve comunicar, orientar, liderar, motivar e recompensar as pessoas.
3)  A administração requer lidar simultaneamente com situações múltiplas e complexas, muitas vezes inesperadas e potencialmente conflitivas. A administração é um processo complexo que requer integração, articulação e visão de conjunto, principalmente quando as atividades são divididas, diferenciadas e fragmentadas. Isso requer consistência e flexibilidade, reflexão e ação, espírito analítico e sintético, olhar para o todo e para as partes simultaneamente. Requer uma perspectiva global e uma compreensão local do mercado, dos clientes, concorrentes, da sociedade, governo e do mundo globalizado.
4)  O administrador deve continuamente buscar, localizar e aproveitar novas oportunidades de negócios. Deve possuir uma mente empreendedora focada no compromisso de aprender constantemente novas habilidades, novos conhecimentos e adquirir novas competências. Deve ser um agente de mudança e de transformação das organizações.
5)  O administrador precisa saber reunir simultaneamente conceitos e ação. Em outras palavras, juntar teoria e prática, o saber e o aplicar, oi pensar e o agir. Conceitos sem ação não levam a nada; ação sem conceitos é pura perda de tempo. Cada vez mais a administração está sendo envolvida por assuntos abstratos e complexos. No seu começo foi eficiência e eficácia. Depois veio a produtividade e lucratividade. Mais adiante veio o mercado, a excelência, estratégia, competitividade, sustentabilidade e responsabilidade social. O que são estes assuntos senão conceitos abstratos e intangíveis? Pura teoria! E sem teoria o administrador fica sem saber exatamente o que fazer em situações abstratas e intangíveis. A menos que queira trabalhar apenas com coisas concretas e dentro de uma rotina bitolada e repetitiva enquanto o mundo de negócios ao seu redor é dinâmico, complexo, mutável e competitivo.
   Além do mais, pela sua complexidade, a Administração é simultaneamente uma ciência, uma tecnologia e uma arte:
1)  Como ciência, a Administração repousa em fundamentos científicos, em metodologias e em teorias sobre fatos e evidências que são analisadas, experimentadas e testadas na prática cotidiana. Como ciência ela define o que causa o quê, por que causa e quando causa, isto é, as relações de causa e efeito. Em outras palavras, quando determinada força fará a pessoa andar e quando a fará parar.
2)  Como tecnologia, a Administração utiliza técnicas, modelos, práticas, ferramentas conceituais baseadas em teorias científicas que facilitam a vida do administrador e tornam seu trabalho mais eficaz. E como se mede isso? Através dos resultados.
3)  Como arte, a Administração requer do administrador a leitura de cada situação em uma visão abrangente com intuição e abordagem criativa e inovadora não somente para resolver problemas, mas principalmente para criar, mudar, inovar e transformar as organizações.
  Tudo em Administração depende da situação e das circunstâncias. Tudo nela é relativo devido à complexidade das organizações. Por isso, existem várias teorias a respeito da Administração. Cada uma dela ensina a discernir o que é relevante e guiar suas ações e o que deve ser feiro em cada situação ou circunstância. Cada teoria funciona como um modelo de pensar sobre o curso de ação diante de uma situação específica. Todo administrador busca resultados mas sem a teoria adequada para chegar lá será apenas um palpiteiro ou um chutador às cegas. Teorias científicas são declarações que predizem como o mundo real vai responder quando provocado de certa maneira. E o que confirma ou nega qualquer teoria é a resposta que o mundo dá a ela.
  Tanto significado como conteúdo da Administração sofreram uma formidável ampliação e aprofundamento por meio das diferentes teorias. O conteúdo do estudo da Administração varia de acordo com a teoria ou a escola considerada. Cada autor da Administração tende a abordar as variáveis e assuntos típicos da orientação teórica de sua escola ou teoria. Aliás, uma das razões que motivou a produção deste texto foi a necessidade de abordagem das várias Teorias da Administração, seus respectivos assuntos e conteúdos.
  As rápidas pinceladas a respeito dos gradativos passos da TGA mostram o efeito cumulativo e gradativamente abrangente das diversas teorias com suas diferentes contribuições e diferentes enfoques. Todas as teorias administrativas são válidas, embora cada qual valorize uma ou algumas das seis variáveis básicas. Na realidade, cada teoria administrativa surgiu como uma resposta aos problemas empresariais mais relevantes de sua época. E, nesse caso, todas elas foram bem-sucedidas ao apresentarem soluções específicas para tais problemas. De certo modo, todas as teorias administrativas são aplicáveis às situações atuais e o administrador precisa conhecê-las bem para ter à sua disposição um naipe de alternativas adequadas para a situação.
  A TGA estuda a Administração das organizações e empresas do ponto de vista de interação e da interdependência entre as seis variáveis principais: tarefa, estrutura, pessoas, tecnologia, ambiente e competitividade. Elas constituem os principais componentes do estudo da Administração das organizações  e empresas. O comportamento destes componentes é sistêmico e complexo: cada um influencia e é influenciado pelos outros. Modificações em um componente provocam modificações em maior ou menor grau nos demais. O comportamento de seu conjunto é diferente da soma dos comportamentos de cada componente considerado isoladamente. A adequação e a integração entre estas seis variáveis constituem o desafio fundamental da Administração.
  Na medida em que a Administração se defronta com novas situações que surgem no decorrer do tempo e do espaço, as doutrinas e as teorias administrativas precisam adaptar suas abordagens ou modificá-las para continuarem úteis e aplicáveis. Isso explica, em parte, os gradativos passos da TGA no decorrer dos tempos e a gradativa abrangência e complexidade que acaba-se de discutir.
  A teoria administrativa está continuamente se expandindo e se ampliando, levando o leitor a uma dificuldade de se familiarizar, mesmo que superficialmente, com uma amostra representativa da literatura sobre a Administração.
  A administração é um fenômeno universal no mundo moderno. Cada organização requer o alcance de objetivos em um cenário de concorrência acirrada, a tomada de decisões, a coordenação de múltiplas atividades, a condução de pessoas, a avaliação do desempenho dirigido a metas previamente determinadas, a obtenção e a alocação de recursos etc. Numerosas atividades administrativas que são desempenhadas por vários administradores e orientadas para áreas e problemas específicos precisam ser realizadas e coordenadas de maneira integrada e coesa em cada organização ou empresa.
  Assim, o administrador não é um mero executor de tarefas, mas o responsável pelo trabalho das pessoas a ele subordinadas. Ele não pode cometer erros ou arriscar apelando para estratagemas de ensaio e erro, já que isso implicaria conduzir seus subordinados pelo caminho menos indicado. O administrador é um profissional cuja formação é ampla e variada: precisa conhecer disciplinas heterogêneas (como Matemática, Direito, Psicologia, Sociologia, Estatística, etc.); precisa lidar com pessoas (que executam tarefas ou que planejam, organizam, controlam, assessoram, pesquisam, etc.) que lhe estão subordinadas ou que estão no mesmo nível ou acima dele; ele precisa estar atento aos eventos passados e presentes, bem como às previsões futuras, pois seu horizonte deve ser mais amplo, já que ele é o responsável pela direção de outras pessoas que seguem suas ordens e orientações; precisa lidar com eventos internos (localizados dentro da empresa) e externos (localizados no ambiente que envolve externamente a empresa); precisa ver mais longe que os outros pois deve estar ligado aos objetivos que a empresa pretende alcançar por meio da atividade conjunta de todos. Não que o administrador seja um herói que pretende-se consagrar, mas ele é um agente – não só de condução, mas também de mudança e de transformação das empresas, levando-as a novos rumos, novos processos, novos objetivos, novas estratégias, novas tecnologias e novos patamares; ele é uma agente educador e orientador no sentido de que, com sua direção e orientação, modifica comportamentos e atitudes das pessoas; ele é um agente cultural na medida em que, com o seu estilo de Administração, modifica a cultura organizacional existente nas empresas. Mais do que isso: o administrador deixa marcas profundas na vida das pessoas, na medida em que lida com elas e com seus destinos dentro das empresas, e na medida em que sua atuação na empresa influi também no comportamento dos consumidores, fornecedores, concorrentes e demais organizações humanas. Sua influência é, portanto, interna e externa.
  Nos próximos anos, o mundo verá o fim da forma organizacional de hoje (a organização burocrática que ainda predomina em muitas organizações) e o surgimento de novas arquiteturas organizacionais adequadas às novas demandas da era pós-industrial. Esta previsão se baseia no princípio evolucionário de que cada época desenvolve uma forma organizacional apropriada às suas características e exigências. As fraquezas da tradicional organização burocrática serão os germes dos futuros sistemas organizacionais, devido a três aspectos:
1)  Mudanças rápidas e inesperadas no mundo dos negócios nos campos do conhecimento e da explosão demográfica, impondo novas e crescentes necessidades a que as atuais organizações não têm condições de atender.
2)  Crescimento e expansão das organizações, que se tornam complexas e globalizadas.
3)  Atividades que exigem pessoas de competências diversas e especializadas envolvendo problemas de coordenação e, principalmente, de atualização em função das rápidas mudanças.
  A Tarefa administrativa nos próximos anos será incerta e desafiadora, pois deverá ser atingida por uma infinidade de variáveis, mudanças e transformações carregadas de ambiguidades e de incertezas. O administrador se defrontará com problemas multifacetados e cada vez mais complexos do que os anteriores. Sua atenção será disputada por eventos e por grupos, situados dentro e fora da organização, que lhe proporcionarão informações contraditórias que complicarão seu diagnóstico perceptivo e sua visão dos problemas a resolver ou das situações a enfrentar: são as exigências da sociedade, dos clientes, dos fornecedores, das agências regulamentadoras; são os desafios dos concorrentes, as expectativas da alta administração, dos subordinados, dos acionistas etc. Porém, estas exigências, desafios e expectativas sofrem mudanças que ultrapassam a capacidade de compreensão do administrador. Essas mudanças tendem a aumentar com a inclusão de novas variáveis, na medida que o processo se desenvolve criando uma turbulência que perturba e complica a tarefa administrativa de planejar, organizar, dirigir e controlar uma empresa eficiente e eficaz. E o futuro parece complicar cada vez mais esta realidade.
  Vários fatores deverão provocar profundos impactos sobre as organizações como:
1)  Crescimento das organizações. As organizações bem-sucedidas tendem ao crescimento e à ampliação de suas atividades, seja em termos de tamanho e de recursos, seja na expansão de mercados, seja no volume de operações. O crescimento é uma decorrência inevitável do êxito organizacional. Na medida em que a organização cresce, ocorre uma subdivisão interna (divisão de trabalho) e especialização dos órgãos e, em decorrência, maior necessidade de coordenação e integração das partes envolvidas para garantir a eficiência e a eficácia.
O mundo externo é caracterizado por mudanças rápidas e frequentes e, para acompanhar com sucesso essas mudanças, os administradores generalistas dotados de habilidades genéricas e variadas terão perspectivas mais promissoras do que os administradores especialistas e concentrados em poucas habilidades gerenciais.
2)  Concorrência mais aguda. Na medida em que aumentam os mercados e os negócios, crescem também os riscos da atividade empresarial. O produto ou o serviço que demonstra ser melhor ou superior será o mais procurado. O desenvolvimento de produtos ou serviços exigirá maiores investimentos em pesquisa e desenvolvimento, aperfeiçoamento de tecnologias, dissolução de velhos e criação de novos departamentos, busca incessante de novos mercados e competição com outras organizações para sobreviver e crescer.
3)  Sofisticação da tecnologia. Com o uso das telecomunicações, do computador e do transporte, as organizações estão internacionalizando suas operações e atividades. A tecnologia proporciona eficiência maior, precisão maior e a liberação da atividade humana para tarefas mais complicadas que exijam planejamento e criatividade. A tecnologia introduzirá novos processos e instrumentos que causarão impactos sobre as organizações.
4)  Taxas elevadas de inflação. Os custos de energia, matérias-primas, trabalho humano e dinheiro estão se elevando continuamente. A inflação exigirá, cada vez mais, maior eficiência da administração das organizações para que possam obter melhores resultados com menos recursos e programas de redução de custos operacionais. A inflação imporá novas pressões e ameaças sobre as organizações: elas deverão lutar pelo lucro e pela sobrevivência por meio de maior produtividade.
5)  Globalização da economia e internacionalização dos negócios. O esforço de exportação e criação de subsidiárias para deitar raízes em outros territórios estrangeiros é um fenômeno que influenciará as organizações do futuro e sua administração. A globalização e o intercâmbio planetário fazem com que a competição se torne mundial.
6)  Visibilidade maior das organizações. Enquanto crescem, as organizações tornam-se competitivas, sofisticadas, internacionalizam-se e, com isso, aumentam sua influência ambiental, ou seja, as organizações chamam mais a atenção do ambiente e do público e passam a ser mais visíveis e percebidas pela opinião pública. A visibilidade da organização – a sua capacidade de chamar a atenção dos outros – pode ocorrer de maneira positiva (imagem positiva da organização perante o público) ou negativa (imagem negativa). De qualquer forma, a organização jamais será ignorada pelos consumidores, fornecedores, imprensa, sindicatos, governo, etc., e isso influenciará seu comportamento.
  Todos esses desafios trarão uma consequência para a administração das organizações: a administração da incerteza. As mudanças rápidas e bruscas, o crescimento organizacional, a concorrência das demais organizações, o desenvolvimento tecnológico, os fenômenos econômicos da inflação, a internacionalização das atividades, a visibilidade e a interferência da opinião pública farão com que as organizações deste milênio passem a lidar não mais com previsibilidade, continuidade e estabilidade, mas com imprevisibilidade, descontinuidade e instabilidade em todos os setores de atividade. Novas formas e modelos de organização serão necessários, bem como uma nova mentalidade dos administradores será imprescindível para os novos tempos.
  Além disso, o futuro parece complicar ainda mais este realidade. A sociedade está passando por grandes transformações – as chamadas megatendências – que produzem forte impacto na vida das organizações, já que elas constituem parte integrante e inseparável da sociedade. Estas megatendências são;
1)  Da sociedade industrial para a sociedade da informação. A Era Industrial está vivendo o seu estágio final. A mudança é definitiva. A sociedade pós-industrial que está surgindo não é uma sociedade de serviços como se imaginava, mas uma sociedade de informação na qual a informação passa a ser o recurso estratégico, assumindo o lugar do capital financeiro. As inovações nas comunicações e telecomunicações, a computação, a explosão do computador doméstico e dos microprocessadores e a descentralização estão fazendo com que esta mudança seja irreversível.
2)  Da tecnologia simples para a tecnologia sofisticada. Estão surgindo tecnologias totalmente novas e não simplesmente desenvolvimentos das tecnologias atuais. Além disso, a conversão da tecnologia em um produto ou serviço acabado e disponível para o consumo será cada vez mais rápida. Com isso serão criadas novas empresas, com novas estruturas organizacionais mais adequadas a essas tecnologias e que se tornarão rapidamente obsoletas as grandes organizações atualmente existentes. Existe uma tendência para a sofisticação da tecnologia que deverá proporcionar eficiência cada vez maior, precisão mais avançada e liberção da atividade humana para atividades mais complexas e que exijam conhecimento.
3)  Da economia nacional para a economia mundial. O mundo tornou-se um enorme ambiente, um mercado único, um centro de compras global. Passou-se de uma economia internacional para uma economia mundial. A globalização está fazendo com que os países deixem de atuar simplesmente em termos de mercados internos para se projetarem em negócios internacionais. Mais do que nunca, o produto ou serviço que demonstra ser superior – mais avançado, seguro e desejável – será o mais procurado. O resultado será um novo sentido de urgência para criar e desenvolver tais produtos e serviços e, para isso, maiores investimentos em pesquisa e desenvolvimento – P&D.
4)  Do curto prazo para o longo prazo. O administrador típico do passado era orientado para o curto prazo: fazer o próximo trimestre ser melhor do que o anterior. Esse estilo de atuação contrasta com o estilo japonês, no qual a visão de longo alcance é que orienta as ações cotidianas, ou seja, a orientação estratégica é que norteia o dia a dia das operações e não o contrário. Esta mudança radical de enfoque implica uma versão conceitual do tipo “qual é realmente o negócio da organização?” Os próprios bancos estão se conscientizando de que dinheiro representa informação em circulação.
5)  Da democracia representativa para a participativa. A revolução política ora em curso está implícita na seguinte informação: as pessoas cujas vidas são afetadas por uma decisão devem fazer parte do processo de se chegar a esta decisão. A passagem da democracia representativa – na qual as pessoas escolhem aqueles que irão representá-las no processo decisório da vida política de um país – para a democracia participativa – na qual as pessoas serão consultadas a respeito de suas opiniões e pontos de vista, de suas convicções e expectativas – é um dado importante na vida de muitos países, E das suas organizações também.
6)  Das hierarquias para a comunicação lateral intensiva. A decorrência maior da passagem da democracia representativa para a participativa será a maior influência dos membros da organização, em todos os seus níveis. As empresas precisarão adotar um modelo atual de diferenciação hierárquica para poder reduzir as diferenças impostas pela hierarquia da autoridade que tolhe a liberdade, a iniciativa individual e a inovação. A tradicional organização hierárquica e piramidal com características autocráticas e impositivas está cedendo lugar a redes informais de comunicação para facilitar a interação das pessoas e a dinamização da organização.
7)  Da opção dual para a opção múltipla. Uma das mudanças mais importantes é a busca da proliferação da variedade. A simples opção dual – ou isto ou aquilo – do tipo aberto ou fechado, burocrático, simples ou complexo, Teoria X ou Teoria Y, tem demonstrado seu reducionismo e sua extrema simplificação. A sociedade caminha para sofisticação crescente, com múltiplas opções, variações e alternativas intermediárias. As soluções para os problemas deixam de construir receitas únicas, absolutas e fixas para constituírem opções multivariadas dentro de uma abordagem sistêmica e contingencial.
8)  Da centralização para a descentralização. As organizações em geral – indústria, comércio, bancos, etc. – estão passando por um processo gradativo de deslocamento rumo à periferia. Esta descentralização está provocando um espalhamento geográfico, não somente de empresas, mas sobretudo de mercados e negócios. Isso aumenta consideravelmente o volume de variáveis e contingências ambientais sobre o comportamento das empresas, o que também complica e aumenta o grau de incerteza e imprevisibilidade com relação ao ambiente externo.
9)  Da ajuda institucional para a autoajuda. Os cidadãos estão aprendendo a se desligar de instituições que os desiludiram e reaprendendo como agir por si mesmos, por conta própria, para resolver seus problemas. E isso já está ocorrendo em todo o mundo. Assim, educação, saúde, segurança pública, previdência social e habitação passaram a constituir importantes pontos de ruptura institucional. Os serviços públicos não acompanharam as novas e crescentes necessidades dos cidadãos. Estes passaram a lançar mão de esquemas próprios ou cooperativos para solucionar seus problemas. Esta passagem gradativa da ajuda institucional para a autoajuda é um fenômeno que afeta a administração das organizações, pois essas passam a sofrer as pressões provocadas pelo descompasso e pela defasagem dos serviços públicos. Gradativamente, os sistemas de autoajuda estão sendo planejados, organizados e dirigidos pelas próprias empresas para resolverem os problemas de seus empregados como suplemento ou substituição à assistência institucional. Os planos empresariais de previdência privada, assistência médico-hospitalar, seguro de vida e acidentes pessoais servem de suporte e complemento aos benefícios do estado.
  Nestas condições, a administração das organizações a fim de alcançar eficiência e eficácia, torna-se uma das tarefas mais difíceis e complexas. A ênfase pragmática nas técnicas e no “como fazer as coisas”, com a utilização de fórmulas e receitas universais de gerência já utilizadas com sucesso, sem que se visualize cada nova e diferente situação, não basta. Mais importante do que a terapêutica é o diagnóstico correto. Mais importante do que saber como fazer é saber o que fazer. Nisto reside a essência fundamental da administração contemporânea: a visão estratégica de cada operação ou atividade. Ou em outras palavras: a necessidade de visualizar cada tarefa e cada atividade em um contexto ambiental mais amplo e que se modifica a cada momento. Se isso é abordagem sistêmica ou abordagem contingencial, pouco importa. O que realmente deve ser considerado é que, em administração, nada é absoluto ou definitivo. Tudo é relativo e depende da situação, do momento e dos objetivos a atingir. Aliás, essa visão expansiva é a consequência da gradativa ampliação do conceito de administração. A história da administração é recente. A administração é um produto típico do século XX. Ela tem pouco mais de cem anos.

TGA: Os primórdios da Administração
  A Administração é uma ciência jovem ciência com pouco mais de cem anos. Sua história é recente, pois ela é um produto típico do século XX. Na verdade, a Administração constitui o resultado histórico e integrado da contribuição cumulativa de vários precursores, filósofos, físicos, economistas, estadistas e empresários que, no decorrer dos tempos, foram cada qual em seu campo de atividades, desenvolvendo e divulgando suas obras e teorias. Po isso, a moderna Administração utiliza conceitos e princípios empregados nas Ciências Matemáticas (inclusive Estatística), nas Ciências Humanas (como Psicologia, Sociologia, Biologia, Educação, etc.), nas Ciências físicas (como Física, Química, etc.), como também no Direito, na Engenharia, na Tecnologia da Informação etc.
  Embora de maneira simples e improvisada, alguns princípios elementares de administração foram utilizados desde tempos imemoriais para resolver de organização do trabalho, de cidades e pessoas. Neste sentido, Jetro, em Êxodo, cap. 18, v. 13-27, parece ser o precursor dos modernos consultores de administração. Referências pré-históricas acerca das magníficas construções erigidas durante a Antiguidade no Egito, na Mesopotâmia, na Assíria testemunharam a existência em épocas remotas de dirigentes capazes de planejar e guiar esforços de milhares de trabalhadores em monumentais obras que perduram até os dias atuais, como as pirâmides do Egito. Os papiros egípcios atribuídos à época de 1300 a.C. já indicam a importância da organização e da administração da burocracia pública no Antigo Egito. Na China, as parábolas de Confúcio sugerem práticas para a boa administração pública.
  Apesar dos progressos no conhecimento humano, a chamada Ciência da Administração somente surgiu no despontar do início do Século XX. A TGA é uma área nova e recente do conhecimento humano. Para que ela surgisse foram necessários séculos de preparação e antecedentes históricos capazes de permitir e viabilizar as condições indispensáveis ao seu aparecimento. O mundo passaria por mudanças inicialmente lentas e pequenas como se a velocidade delas fosse passando por marchas gradativamente mais rápidas até chegar-se aos tempos atuais. Foi, sem dúvida, um caminho longo e difícil.

Antecedentes históricos da Administração
  Ao longo da história da humanidade, os prenúncios da moderna Administração foram aparecendo aos poucos e com uma lentidão impressionante. Somente a partir do século XX é que lea surgiu e explodiu em um desenvolvimento de notável pujança e inovação. Uma das razões para tanto é que nos dias atuais a sociedade típica dos países desenvolvidos é uma sociedade pluralista de organizações, na qual a maior parte das obrigações sociais (como a produção de bens ou serviços em geral) é confiada a organizações (como indústrias, universidades e escolas, hospitais, comércio, comunicações, serviços públicos, etc.) que precisam ser administradas para se tornarem mais eficientes e eficazes. Pouco antes, em meados do século XIX, a sociedade era completamente diferente. As organizações eram poucas e pequenas: predominavam as pequenas oficinas, artesãos independentes, pequenas escolas, profissionais autônomos – como médicos, advogados e artistas que trabalhavam por conta própria – o lavrador, o armazém da esquina, etc. Embora o trabalho exista desde sempre na história da humanidade, as organizações e sua administração formam um capítulo que teve seu início há pouco tempo. Na verdade, para chegar à Administração de hoje foi necessária uma longa e progressiva jornada.
  Desde os tempos da Antiguidade, a Filosofia sugeriu muitos dos conceitos atuais de Administração.
  Sócrates (470 a.C – 399 a.C), o filósofo grego, em sua discussão com Nicomaquides, expõe seu ponto de vista sobre a Administração como uma habilidade pessoal separada do conhecimento técnico e da experiência.
  Platão (429 a.C. – 347 a.C.), filósofo grego discípulo de Sócrates, analisou os problemas políticos e sociais decorrentes do desenvolvimento social e cultural do povo grego. Em sua obra A República, expõe a forma democrática de governo como a preferida na administração dos negócios públicos.
  Aristóteles (384 a.C. – 347 a.C), discípulo de Platão, foi o filósofo mais influente até o início da Idade Moderna. Deu o impulso inicial à Filosofia, Cosmologia, Nosologia, Metafísica, Lógica e Ciências Naturais abrindo as perspectivas do atual conhecimento humano. No livro Política, que versa sobre a organização do Estado, distingue as três formas de administração pública:
1)  Monarquia ou governo de um só (que pode redundar em tirania);
2)  Aristocracia ou governo de uma elite (que pode descambar em oligarquia) e
3)  Democracia ou governo do povo (que pode degenerar em anarquia).
  Durante o séculos que vão da Antiguidade ao Início da Idade Moderna, a Filosofia voltou-se para uma variedade de preocupações gradativamente distanciadas dos problemas administrativos.
  Thomas Hobbes (1588 – 1679), filósofo político inglês, defende o goerno absoluto em função de sua visão pessimista da humanidade. Na ausência do governo, os indivíduos tendem a viver em guerra permanente e conflito interminável para obtenção de meios de subsistência. No seu livro Leviatã, assinala que o povo renuncia a seus direitos naturais em favor de um governo que, investido do poder a ele conferido, impõe a ordem, organiza a vida social e garante a paz. Todavia, o Estado representa um pacto social que, ao crescer, alcança dimensões de um dinossauro ameaçando a liberdade dos cidadãos.
  Jean-jacques Rousseau (1712-1778) desenvolveu a teoria do Contrato Social: o Estado surge a partir de um acordo de vontades. Contrato Social é um acordo entre os membros de uma sociedade pelo qual reconhecem a autoridade de um governo, regime político ou um conjunto de leis ou regras sobre todos de modo igual. Para Russeau, o homem é bom e afável por natureza e a vida em sociedade é que o deturpa.
  Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895) propõem uma teoria da origem econômica do Estado. O poder político e do Estado nada mais é do que o fruto da dominação econômica do homem pelo homem. O Estado vem a ser uma ordem coativa imposta por uma classe social exploradora. No Manifesto Comunista, publicado em 1840, afirmam que a história da humanidade é uma história da luta de classes. Homens livres e escravos, patrícios e plebeus, nobres e servos, mestres e artesãos – em uma palavra, exploradores e explorados – sempre mantiveram uma luta oculta ou manifesta. Marx afirma que os fenômenos históricos constituem o produto das relações econômicas entre os homens. O marxismo foi a primeira ideologia a afirmar o estudo das leis objetivas do desenvolvimento econômico da sociedade em oposição a ideais metafísicos. Se suas ideias foram bem ou mal aproveitadas, é outra discussão que não cabe neste texto.
  A partir da Filosofia moderna, a Administração deixa de receber suas contribuições e influências, pois o campo de estudo filosófico passa a se afastar dos problemas organizacionais.
  Com a queda do Império Romano em 476 d.C, a Igreja Católica passou a constitui a maior organização de sua época. Através dos séculos, as normas administrativas e os princípios de organização pública foram se transferindo das instituições dos Estados (como era o caso de Atenas, Roma, etc.) para as instituições da Igreja Católica e da organização militar. Essa transferência se fez lentamente porque a unidade de propósitos e objetivos – princípios fundamentais na organização eclesiástica e militar – nem sempre é encontrada na ação política que se desenvolvia nos Estados, movida por objetivos contraditórios de cada partido, dirigente ou classe social.
  A organização militar influenciou poderosamente o aparecimento das teorias da Administração. O general filósofo chinês Sun Tzu (544 c.C – 496 a.C) – ainda reverenciado nos dias atuais – escreveu um livro sobre A Arte da Guerra no qual trata da preparação dos planos, da guerra efetiva, da espada embainhada, das manobras, da variação de táticas, do exército em marcha, do terreno, dos pontos fortes e fracos do inimigo e da organização do exército. As lições de Sun Tzu ganharam versões contemporâneas de muitos autores e consultores.
  Nos tempos da Antiguidade e da Idade Média, a organização militar dos exércitos já utilizava a chamada estrutura linear. O princípio da unidade de comando (pelo qual cada subordinado só pode ter um superior) é o núcleo das organizações militares. A escala hierárquica – ou seja, os escalões hierárquicos de comando com graus de autoridade e responsabilidade – é um aspecto típico da organização militar utilizado em muitas organizações atuais. Na medida em que o volume de operações militares aumenta, cresce também a necessidade de se delegar autoridade para os níveis mais baixos da organização militar.
  Na época de Napoleão Bonaparte (1769-1821), cada general, ao chefiar seu exército, cuidava da totalidade do campo de batalha. Com as guerras de maior alcance e de âmbito continental, o comando das operações exigiu novos princípios de organização e um planejamento e controle centralizados em paralelo com operações de campo descentralizadas. Com isso, passou-se à centralização do comando e à descentralização da execução das operações militares.
  Outra contribuição da organização militar é o princípio de direção, que preceitua que todo soldado deve saber perfeitamente o que se espera dele e aquilo que ele deve fazer. Mesmo Napoleão Bonaparte, o general mais autocrata da história militar, nunca deu uma ordem sem explicar seu objetivo e certificar-se de que o haviam compreendido corretamente, pois estava convencido de que a obediência cega jamais leva a uma execução inteligente.
  O general prussiano Carl von Clausewitz (1780-1831) é considerado o pai do pensamento estratégico. No início do século XIX, escreveu um tratado sobre a guerra e os princípios de guerra e sobre como administrar os exércitos em períodos de guerra. Definiu a guerra como uma continuação da política por outros meios. A guerra sempre fora um jogo. Embora cruel e destruidora, um pecado, a guerra sempre constituiu uma instituição normal da sociedade humana e um instrumento racional de política. Clauzewitz considerava a disciplina um requisito básico para uma boa organização. Para ele, a organização requer um cuidadoso planejamento, no qual as decisões devem ser científicas e não apenas intuitivas. O administrador deve aceitar a incerteza e planejar de maneira a minimizar seus efeitos.
  Francis Bacon (1561-1626), filósofo e estadista inglês e fundador da Logística Moderna, baseada no método experimental e indutivo, mostra a preocupação prática de separar experimentalmente o que é essencial do que é acidental ou acessório. Bacon antecipou-se ao princípio conhecido em Administração como princípio da prevalência do principal sobre o acessório.
  René Descartes (1596-1650), filósofo, matemático e físico francês, considerado o fundador da Filosofia Moderna, criou as coordenadas cartesianas e deu impulso à Matemática e à Geometria da época. Na Filosofia, celebrizou-se pelo livro O Discurso do Método no qual descreve seu método filosófico denominado método cartesiano, cujos princípios são:
1)  Princípio da Dúvida Sistemática ou da Evidência: consiste em não aceitar como verdadeira coisa alguma enquanto não se souber com evidência – clara e distintamente – aquilo que é realmente verdadeiro. Com a dúvida sistemática, evita-se a prevenção e a precipitação, aceitando-se apenas como certo o que seja evidentemente certo.
2)  Princípio da Análise ou de Decomposição: consiste em dividir e decompor cada dificuldade ou problema em tantas partes quantas sejam possíveis e necessárias a sua compreensão e solução e resolvê-las separadamente.
3)  Princípio da Síntese ou da Composição: consiste em conduzir ordenadamente os pensamentos e o raciocínio, começando pelos aspectos mais fáceis e simples de conhecer para passar gradualmente aos mais difíceis.
4)  Princípio da Enumeração ou da Verificação: consiste em fazer verificações, recontagens e revisões para assegurar que nada foi omitido ou deixado de lado.

  O método cartesiano teve decisiva influência na Administração, principalmente nas abordagens normativas e prescritivas, como a Administração Científica, a Teoria Clássica e a Neoclássica. Muitos de seus princípios foram baseados na metodologia cartesiana com a predominância da análise e divisão do trabalho.
  Galileu Galilei (1564-1642), físico, matemático e astrônomo italiano, é considerado o pai da ciência moderna. Mostrou que muitos ensinamentos de Aristóteles de 1500 anos atrás estavam errados. Partiu da observação de fatos isolados para estabelecer leis capazes de prever acontecimentos futuros e criou condições para o surgimento da física newtoniana. Toda ciência passou a funcionar dentro desse esquema.
  Sir Isaac Newton (1643-1727) é considerado o cientista mais influente na história da ciência. A tradicional física newtoniana trouxe forte tendência ao determinismo matemático e à exatidão na Administração. Para Newton, o mundo físico era um mundo ordenado, lógico e matematicamente previsível. A influência da física newtoniana – pelo seu racionalismo, exatidão, causalidade e mecanismo foi profunda nas demais ciências e tornou-se fundamental no decorrer do início da teoria administrativa.
  Com a invenção da máquina a vapor por James Watt (1736-1819) e sua posterior aplicação à produção, surgiu uma nova concepção de trabalho que modificou completamente a estrutura social e comercial da época, provocando profundas e rápidas mudanças de ordem econômica, política e social que, no lapso de um século, foram maiores do que todas as mudanças ocorridas no milênio anterior. É a chamada Revolução Industrial que iniciou na Inglaterra e que pode ser dividida em duas épocas distintas:
1)  1780 a 1860: primeira revolução industrial ou revolução do carvão e do ferro.
2)  1860 a 1914: segunda revolução industrial ou revolução do aço e da eletricidade.
  A Revolução Industrial surgiu como uma bola de neve em aceleração crescente e alcançou todo seu ímpeto a partir do século XIX. A primeira revolução industrial passou por quatro fases distintas:
1)  Mecanização da indústria e da agricultura, em fins do século XVIII, com a máquina de fiar (inventada pelo inglês Hargreaves em 1767), o tear hidráulico (inventado por Arkwright em 1769), o tear mecânico (criado por Cartwright em 1785) e o descaroçador de algodão (criado por Whitney em 1792), que substituíram o trabalho humano e a força motriz muscular do homem, do animal ou da roda d’água.
2)  A aplicação da força motriz à indústria. A força elástica do vapor descoberta por Dénis Papin no século XVII ficou sem aplicação até 1776, quando Watt inventou a máquina a vapor. Com a aplicação do vapor às máquinas, iniciam-se grandes transformações nas oficinas (que se converteram em fábricas), nos transportes, nas comunicações e na agricultura.


3)  O desenvolvimento do sistema fabril. O artesão e sua pequena oficina patronal desapareceram para ceder lugar ao operário e às fábricas e usinas baseadas na divisão do trabalho. Surgem novas indústrias em detrimento da atividade rural. A migração de massas humanas das áreas agrícolas para as proximidades das fábricas provoca a urbanização.
4)  Um espetacular aceleramento dos transportes e das comunicações. A navegação a vapor surgiu com Robert Fulton (1807) e logo depois as rodas propulsoras foram substituídas por hélices. A locomotiva a vapor foi aperfeiçoada por Stephenson , surgindo a primeira estrada de ferro na Inglaterra (1825) e logo depois nos Estados Unidos (1829) e no Japão (1832). Este novo meio de transporte propagou-se vertiginosamente. Outros meios de comunicação apareceram com rapidez surpreendente: Morse inventa o telégrafo elétrico (1835), surge o selo postal na Inglaterra (1840), Graham Bell inventa o telefone (1876). Já se esboçam os primeiros sintomas do enorme desenvolvimento econômico, social, tecnológico e industrial e as profundas transformações e mudanças que ocorreriam com uma velocidade maior.
  A partir de 1860, a Revolução Industrial entrou em sua segunda fase: a 2ª Revolução Industrial, provocada por três fatos importantes: o aparecimento do processo de fabricação do aço (1856); o aperfeiçoamento do dínamo (1873) e a invenção do motor de combustão interna (1873) por Daimler. As características da 2ª Revolução Industrial são:
1)  Substituição do ferro pelo aço como material básico;
2)  Substituição do vapor pela eletricidade e derivados do petróleo como fontes de energia;
3)  Desenvolvimento da maquinaria automática e da especialização do trabalhador;
4)  Crescente domínio da indústria pela ciência;
5)  Transformações radicais nos transportes e nas comunicações. As vias férreas são ampliadas. A partir de 1880, Daimler e Benz constroem automóveis na Alemanha, Dunlop aperfeiçoa o pneumático em 1888 e Henry Ford inicia a produção do seu modelo “T” em 1908. Em 1906, Santos Dumont faz a primeira experiência com o avião.
6)  Desenvolvimento de novas formas de organização capitalista. As firmas de sócios solidários – formas típicas de organização comercial cujo capital provinha dos lucros auferidos (capitalismo industrial), e que tomavam parte ativa na direção dos negócios – deram lugar ao chamado capitalismo financeiro, que tem quatro características principais:
a)  Domínio da indústrias pelas inversões bancárias e instituições financeiras e de crédito, como na formação da United States Steel Corporation, em 1901, pela J.P. Morgan & Co;
b)  Formação de imensas acumulações de capital, provenientes de trustes e fusões de empresas;
c)  Separação entre propriedade particular e direção das empresas e
d)  Aparecimento das holding companies para coordenar e integrar os negócios e
7)  Expansão da industrialização desde a Europa até o Extremo Oriente.
  A Calma produção do artesanato – em que os operários se conheciam e eram organizados em corporações de ofício regidas por estatutos - , foi substituída pelo regime de produção por meio de máquinas, dentro de grandes fábricas. Em função disso, houve súbita transformação provocada por dois aspectos:
1)  Transferência da habilidade do artesão para a máquina, para produzir com maior rapidez, em maior quantidade e com melhor qualidade, permitindo forte redução nos custos de produção e
2)  Substituição da força do animal ou do músculo humano pela potência da máquina a vapor (e depois pelo motor), permitindo maior produção e economia.
  O rápido e intenso fenômeno da mecanização das oficinas provocou fusões de pequenas oficinas que passaram a integrar outras maiores e que, aos poucos, foram crescendo e se transformado em fábricas. O operário foi substituído pela máquina nas tarefas em que se podia automatizar e acelerar pela repetição. Com o aumento dos mercados, decorrente da redução de preços e popularização dos produtos, as fábricas passaram a exigir grandes contingentes humanos. A mecanização do trabalho levou à divisão do trabalho e à simplificação das operações, substituindo os ofícios tradicionais por tarefas automatizadas e repetitivas que podiam ser executadas por operários sem qualificação e com facilidade de controle.
A unidade doméstica de produção – a oficina e o artesanato em família – desapareceu com a súbita e violenta competição, surgindo um enorme contingente de operários nas fábricas trabalhando juntos durante jornadas diárias de trabalho de 12 ou 13 horas em condições perigosas e insalubres, provocando acidentes em larga escala. O crescimento industrial era improvisado e baseado no empirismo. Ao mesmo tempo em que intensa migração de mão-de-obra se deslocava dos campos agrícolas para os centros industriais, surge um surto acelerado e desorganizado de urbanização. O capitalismo se solidifica e cresce o tamanho de uma nova classe social: o proletariado. O baixo padrão de vida, a promiscuidade nas fábricas e os riscos de graves acidentes e os longos períodos de trabalho em conjunto proporcionaram uma interação estreita entre os trabalhadores e uma crescente conscientização da precariedade das condições de vida e de trabalho e da exploração por uma classe social economicamente favorecida. Conflitos entre a classe operária e os proprietários de indústrias não tardaram a aparecer. Alguns países passaram a intervir em alguns aspectos das relações entre operários e fábricas, baixando leis trabalhistas. Em 1802, o governo inglês sancionou uma lei protegendo a saúde dos trabalhadores nas indústrias têxteis, e a fiscalização de seu cumprimento passou a ser feita voluntariamente pelos pastores protestantes e juízes locais. Outras leis esparsas foram impostas aos poucos, na medida em que os problemas foram se agravando.
  A organização e a empresa moderna nasceram com a Revolução Industrial graças a vários fatores como:
1)  A ruptura das estruturas corporativas da Idade Média;
2)  O avanço tecnológico e a aplicação dos progressos científicos à produção, a descoberta de novas formas de energia e a enorme ampliação de mercados e
3)  A substituição do tipo artesanal por um tipo industrial de produção.
  O início da história da administração foi predominantemente uma história de cidades, de países, governantes, exércitos e da Igreja. A Revolução Industrial provocou o surgimento das fábricas e o aparecimento da empresa industriale, com isso, provocou mudanças na época como:
1)  Aparecimento das fábricas e das empresas industriais;
2)  Substituição do artesão pelo operário especializado;
3)  Crescimento das cidades e aumento da necessidade de administração pública;
4)  Surgimento dos sindicatos como organização patronal e proletária a partir do início do século XIX. Somente a partir de 1890 alguns deles foram legalizados;
5)  Início do marxismo em função da exploração capitalistas;
6)  Doutrina social da Igreja para contrabalançar o conflito entre capital e trabalho;
7)  Primeiras experiências sobre administração de empresas;
8)  Consolidação da administração como área de conhecimento e
9)  Início da Era Industrial que se prolongou até a última década do século XX.
  A partir do século XVII desenvolveu-se uma variedade de teorias econômicas centradas na explicação dos fenômenos empresariais (microeconômicos) e baseadas em dados empíricos, ou seja, na experiência cotidiana e nas tradições do comércio da época. Ao término do século XVIII, os economistas clássicos liberais conseguem aceitação de suas teorias. Esta reação para o liberalismo culmina com a ocorrência da Revolução Francesa. As ideias liberais decorrem do direito natural: a ordem natural é a ordem mais perfeita. Os bens naturais, sociais e econômicos são os bens que possuem caráter eterno. Os direitos econômicos são os bens que possuem caráter eterno. Os direitos econômicos humanos são inalienáveis e existe uma harmonia preestabelecida em toda a coletividade de indivíduos. Segundo o liberalismo, a vida econômica deve afastar-se da influência estatal, pois o trabalho segue os princípios econômicos e a mão-de-obra está sujeita às mesmas leis da economia que regem o mercado de matérias-primas ou o comércio internacional. Os operários, contudo, estão à mercê dos patrões, que são os donos dos meios de produção. A livre concorrência é o postulado principal do liberalismo econômico.
  As ideias básicas dos economistas clássicos liberais constituem os germes iniciais do pensamento administrativo dos dias atuais. Adam Smith (1723-1790) é o fundador da economia clássica, cuja ideia central é a competição. Embora os indivíduos ajam apenas em proveito próprio, os mercados em que vigora a competição funcionam espontaneamente, de modo a garantir (por algum mecanismo abstrato que Smith chamava de a mão invisível que governa o mercado) a alocação mais eficiente de recursos e da produção, sem que haja excesso de lucros. Por essa razão, o papel econômico do governo (além do básico, que é garantir a lei e a ordem) é a intervenção na economia quando o mercado não existe ou quando deixa de funcionar em condições satisfatórias, ou seja, quando não ocorre competição livre. Smith já visualizava o princípio da especialização dos operários em uma manufatura de agulhas e já enfatizavam a necessidade de se racionalizar a produção. O princípio da especialização e o princípio da divisão do trabalho aparecem em referências ao seu livro A riqueza das nações, publicado em 1776. Para Smith, a origem da riqueza das nações reside na divisão do trabalho e na especialização das tarefas, preconizando o estudo dos tempos e movimentos que, mais tarde Taylor e Gilbreth iriam desenvolver como a base fundamental da Administração Científica. Smith reforçou a importância das funções da Administração.
  Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engel (1820-1895), criadores do socialismo científico e do materialismo histórico, publicaram em 1848 o Manifesto Comunista, no qual analisaram os diversos regimes econômicos  e sociais e a sociedade capitalista, concluindo que a luta de classes é o motor da história: o capitalismo é um modo de produção transitório e sujeito a crises econômicas cíclicas devido às suas contradições internas e constitui uma etapa do desenvolvimento da sociedade em direção ao modo de produção socialista e ao comunismo. O Estado é um órgão a serviço da classe dominante, cabendo à classe operária lutar por sua conquista e implementar a ditadura do proletariado. Em 1867, Marx publica O Capital e mais adiante suas teorias a respeito da mais-valia com base na teoria do valor-trabalho.
  O socialismo e o sindicalismo obrigaram o capitalismo do início do século XX a enveredar pelo caminho do aperfeiçoamento de todos os fatores de produção envolvidos e sua adequada remuneração. Quanto maior a pressão exercida pelas exigências proletárias, menos graves se tornaram as injustiças e mais acelerado se configurou o processo de desenvolvimento da tecnologia. Dentro desta situação, surgiram os primeiros esforços nas empresas capitalistas para a implantação de métodos e processos de racionalização do trabalho, cujo estudo metódico e exposição teórica coincidiram com o início do século XX.
  O século XIX assistiu a um monumental desfile de inovações e mudanças no cenário empresarial. O mundo estava mudando. E as empresas também. As condições para o aparecimento da teoria administrativa estavam se consolidando.
  Nos Estados Unidos, por volta de 1820 o maior negócio empresarial foram as estradas de ferro, empreendimentos privados e que constituíram um poderoso núcleo de investimentos de toda uma classe de investidores. Foi a partir das estradas de ferro que as ações de investimento e o ramo de seguros se tornaram populares as ferrovias permitiram os desbravamento do território e provocaram o fenômeno da urbanização que criou novas necessidades de habitação, alimentação, vestuário, iluminação e aquecimento, o que se traduziu em um rápido crescimento das empresas voltadas para o consumo direto.
  Em 1871, a Inglaterra era maior potência econômica mundial. Em 1865, John D. Rockfeller (1839-1937) funda a Standart Oil . Em 1890, Carnegie funda o truste de aço, ultrapassando rapidamente a produção de toda a Inglaterra. Swift e Armour formam o truste das conservas. Guggenheim forma o truste do cobre e Mello o truste do alumínio. Logo a seguir, teve início a integração vertical nas empresas. Os criadores de impérios (empire builders) passaram a comparar e a intetegrar concorrentes fornecedores ou distribuidores para garantir seus interesses. Juntamente com as empresas e instalações vinham também os antigos donos e os respectivos empregados. Surgiram os primitivos impérios industriais, aglomerados de empresas que se tornaram grandes demais para serem dirigidos pelos pequenos grupos familiares. Logo apareceram os gerentes profissionais, os primeiros organizadores que se preocupavam mais com a fábrica do que com vendas e compras. As empresas manufaturavam, comprando matérias-primas e vendendo produtos por meio de agentes comissionados, atacadistas ou intermediários. Até essa época, os empresários achavam melhor ampliar a produção do que organizar uma rede de distribuição e vendas.
  Na década de 1880, a Westinghouse e a General Eletric dominavam o ramo de bens duráveis e criaram organizações próprias de vendas com vendedores treinados, dando início ao que hoje denomina-se marketing. Ambas assumiram a organização do tipo funcional que seria adotada pela maioria das empresas americanas, a saber:
1)  Um departamento de produção para cuidar da manufatura de fábricas isoladas;
2)  Um departamento de vendas para administrar um sistema nacional de escritórios distritais com vendedores;
3)  Um departamento técnico de engenharia para desenhar e desenvolver produtos e
4)  Um departamento financeiro.
 Por volta de 1889, o capital da Westinghouse Eletric e da General Eletric já ultrapassava a marca do US$ 40 milhões em cada uma delas. Para dominar novos mercados, as empresas acumulavam instalações e pessoal além do necessário. Os custos das várias unidades precisavam ser reduzidos por meio da criação de uma estrutura funcional que coordenasse fabricação, engenharia, vendas e finanças para reduzir os riscos de flutuação do mercado. Os lucros iriam depender da organização e da racionalização dessa estrutura funcional.
  Entre 1880 e 1890, as indústrias passaram a controlar as matérias-primas através de seus departamentos de compras, adquirindo firmas fornecedoras e controlando a distribuição para vender seus produtos diretamente ao varejista ou ao consumidor final. Provava-se maior eficiência em produção, compras, distribuição e vendas. Os meios de reduzir custos diminuíram, as margens de lucro baixaram, o mercado doído e se tornando saturado e as empresas passaram a procurar novos mercados por meio da diversificação de produtos. A velha estrutura funcional começou a emperrar. Assim surge a empresa integrada e multi-departamental.
  A etapa seguinte foi o controle do mercado de distribuição, eliminando os intermediários para vender mais barato ao consumidor final e deixando de depender dos atacadistas. Entre 1890 e 1900, ocorreu uma onda de fusões de empresas – a mais famosa foi a criação da U.S. Steel Corperation, um negócio de bilhões de dólares – como meio de utilização racional das fábricas e de redução de preços.
  Um dos empreendedores da época, Gustavus Swift, o pioneiro da industrial frigorífica, criou uma estratégia que consistia em: consolidar a fabricação, avançar para a distribuição própria e voltar atrás até o controle da matéria-prima. Por volta de 1895, com o crescimento da integração vertical, a indústria frigorífica tornou-se um oligopólio. Os departamentos funcionais centrais controlavam as unidades de campo e os Big Five cobriam a totalidade do mercado, utilizando filiais, um sistema de transporte frigorificado, escritório central e departamentos funcionais. Todos os pioneiros da indústria manufatureira – como Andrew Preston da United Fruit, Duke da American Tobaco, William Clark da Singer, McCormick das máquinas agrícolas – seguiram os passos da Swift na sistematização de seus impérios industriais.
  Na virada do século XX, grandes corporações sucumbiram financeiramente. É que dirigir grandes empresas não era apenas uma questão de habilidade pessoal, como muitos empreendedores pensavam. Estavam criadas as condições para o aparecimento dos grandes organizadores da empresa moderna. Os capitães das indústrias – pioneiros e empreendedores – cederam seu lugar para os organizadores. Estava chegando a era da competição e da concorrência de fatores como:
1)  Desenvolvimento tecnológico, que proporcionou um crescente número de empresas e nações concorrendo nos mercados mundiais;
2)  Livre comércio;
3)  Mudança dos mercados vendedores para mercados compradores;
4)  Aumento da capacidade de investimento de capital e elevação dos níveis de ponto de equilíbrio;
5)  Rapidez do ritmo de mudança tecnológica que rapidamente torna obsoleto um produto ou reduz drasticamente seus custos de produção e
6)  Crescimento dos negócios e das empresas.
  Todos estes fatores completariam as condições propícias para a busca de bases científicas para a melhoria da prática empresarial e para o surgimento da teoria administrativa. A Revolução Industrial abriu as portas para o início da Era Industrial que passou a dominar o mundo econômico até o final do século XX e que foi o separador de águas entre os países industrializados (os mais avançados) e os países não industrializados (emergentes e subdesenvolvidos).  E igualmente, as organizações mais bem administradas e aquelas precariamente administradas.
 A abordagem clássica da administração
  O mundo havia ingressado na era industrial, deixando a era da agricultura e o artesanato para trás. Os países que rapidamente começaram o processo de industrialização – os chamados países industrializados – logo se transformaram em países do primeiro mundo. Neles, a indústria conquistou o espaço econômico e financeiro da época e as fábricas não pararam de crescer.
  No despontar do século XX, dois engenheiros desenvolveram os primeiros trabalhos pioneiros a respeito da Administração. Um era americano, Frederick Winslow Taylor, e iniciou a chamada Escola da Administração Científica, preocupada em aumentar a eficiência da indústria por meio da racionalização do trabalho do operário. O outro era europeu, Henry Fayol, e desenvolveu a chamada Teoria Clássica, preocupada em aumentar a eficiência da empresa por meio de sua organização e da aplicação de princípios gerais da Administração em bases científicas. Muito embora ambos não tenham se comunicado entre si e tenham partido de pontos de vista diferentes e mesmo opostos, o certo é que suas ideias constituem as bases da chamada Abordagem Clássica da Administração, cujos postulados dominaram as quatro primeiras décadas do século XX no panorama administrativo das organizações.
  Em função destas duas correntes, a Abordagem Clássica da Administração é desdobrada em duas orientações diferentes e, até certo ponto, opostas entre si, mas que se complementam com relativa coerência:
1)  De um lado, a Escola da Administração Científica, desenvolvida nos Estado Unidos, a partir dos trabalhos de Taylor. Esta escola era formada principalmente por engenheiros, como Frederich Winslow Taylor (1856-1915), Henry Lawrence Gantt (1861-1919), Frank Bunker Gilbreth (1868-1924), Harrington Emerson (1853-1931) e outros. Henry Ford (1863-1947) costuma ser incluído entre eles pela aplicação destes princípios em seus negócios. A preocupação básica era aumentar a produtividade da empresa por meio de eficiência no nível operacional, isto é, no nível dos operários. Daí a ênfase na análise e na divisão do trabalho do operário, uma vez que as tarefas do cargo e o ocupante constituem a unidade fundamental da organização. Neste sentido, a Abordagem da Administração Científica é uma abordagem de baixo para cima (do operário para o supervisor e gerente) e das partes (operário e seus cargos) para o todo (organização empresarial). Predominava a atenção para o método de trabalho, para os movimentos necessários à execução de uma tarefa, para o tempo padrão determinado para sua execução. Este cuidado analítico e detalhista permitia a especialização do operário e o reagrupamento de movimentos, operações, tarefas, cargos, etc., que constituem a chamada Organização Racional do Trabalho – ORT. Foi, acima de tudo, uma corrente de ideias desenvolvida por engenheiros que procuravam elaborar uma engenharia industrial dentro de uma concepção pragmática. A ênfase nas tarefas é a principal característica da Administração Científica.
2)  De outro lado, a corrente dos Anatomistas e Fisiologistas da organização, desenvolvida na França, com os trabalhos pioneiros de Fayol. Esta escola teve como expoentes Henry Fayol (1841-1925) James D. Mooney, Lyndal F. Urwick (1891-1979), Luther Gulick e outros. Esta corrente é chamada de Teoria Clássica. A preocupação básica era aumentar a eficiência da empresa por meio da forma e disposição dos órgãos componentes da organização (departamentos) e de suas inter-relações estruturais. Daí a ênfase na anatomia (estrutura) e na fisiologia (funcionamento) da organização. Neste sentido, a abordagem  da Corrente Anatômica e Fisiologista é uma abordagem inversa à da Administração Científica: de cima para baixo (da direção para a execução) e do todo para as partes (departamentos). Predominava a atenção para a estrutura organizacional, para os elementos da Administração, os princípios gerais da Administração e a departamentalização. Este cuidado com a síntese e com a visão global permitia a melhor maneira de subdividir a empresa sob a centralização de um chefe principal. Foi uma corrente teórica e orientada administrativamente. A ênfase na estrutura é a sua principal característica.
  As origens da Abordagem Clássica da Administração remontam as consequências geradas pela Revolução Industrial e podem ser resumidas em dois fatos genéricos:
1)  O crescimento acelerado e desorganizado das empresas, ocasionando uma gradativa complexidade em sua administração e exigindo uma abordagem científica e mais apurada que substituísse o empirismo e a improvisação até então dominantes. O aumento do tamanho das empresas leva à substituição das teorias de caráter totalizante e global por teorias microindustriais de alcance médio e parcial. Com a grande empresa com dimensões mais amplas surgem as condições iniciais de planejamento da produção, reduzindo a improvisação.
A necessidade de aumentar a eficiência e a competência das organizações, no sentido de se obter o melhor rendimento possível dos recursos e fazer face à concorrência e à competição que se avolumavam entre as empresas. Com a substituição do capitalismo liberal pelos monopólios, instala-se nos Estados Unidos, entre 1880 e 1890, a produção em massa, aumentando o número de assalariados nas indústrias – torna-se necessário evitar o desperdício e economizar mão-de-obra. Surge a divisão de trabalho entre aqueles que pensam (gerentes) e os que executam (trabalhadores). Os primeiros fixam os padrões de produção, descrevem cargos, administram funções, estudam métodos de Administração e normas de trabalho, criando as condições econômicas e técnicas para o surgimento de taylorismo e do fordismo nos Estados Unidos e do fayolismo na Europa.

Abordagem Clássica: Teoria da Administração Científica
  No início do século XX, surgiu a Administração como ciência. Sua primeira abordagem, conhecida como Escola da Administração Científica, baseia-se na ênfase colocada nas tarefas. O nome Administração Científica é devido à tentativa de aplicação dos métodos da ciência aos problemas da Administração a fim de aumentar a eficiência industrial. Os principais métodos científicos aplicáveis aos problemas da Administração são a observação e a mensuração. A Escola da Administração Científica foi iniciada no começo do século XX pelo engenheiro americano Frederick W. Taylor, considerado o fundador da moderna Teoria Geral da Administração – TGA. Taylor teve inúmeros seguidores (como Gantt, Gilbreth, Emerson, Ford, Barth e outros) e provocou uma verdadeira revolução no pensamento administrativo e no mundo industrial de sua época.


A preocupação original foi eliminar o fantasma do desperdício e das perdas sofridas pelas indústrias e elevar os níveis de produtividade por meio da aplicação de métodos e técnicas da engenharia industrial.
  Frederick Winslow Taylor (1856-1915), o fundador da Administração Científica, nasceu na Filadéfia, nos Estados Unidos. Veio de uma família quaker de princípios rígidos e foi educado com forte mentalidade de disciplina, devoção ao trabalho e poupança. Iniciou sua carreira como operário na Midvale Steel co., passando a capataz, contramestre, até chegar a engenheiro, quando se formou pelo Stevens Institute. Na época, vigorava o sistema de pagamento por peça ou por tarefa. Os patrões procuravam ganhar o máximo na hora de fixar o preço da tarefa, enquanto os operários reduziam o ritmo de produção para contrabalançar o pagamento por peça ou por tarefa determinado pelos patrões. Isso levou Taylor a estudar o problema da produção para tentar uma solução que atendesse tanto aos patrões como aos empregados.
  O primeiro período de Taylor corresponde á época da publicação de seu livro Shop Management (1903), sobre as técnicas de racionalização do trabalho do operário, por meio do Estudo dos Tempos e Movimentos (Motion-time Study). Taylor começou por baixo, junto com os operários no nível de execução, efetuando um paciente trabalho de análise das tarefas de cada operário, decompondo os seus movimentos e processos de trabalho para aperfeiçoá-los e racionalizá-los. Verificou que o operário médio e com o equipamento disponível produzia muito menos do que era potencialmente capaz. Concluiu que se o operário mais produtivo percebe que obtém a mesma remuneração que o seu colega menos produtivo, acaba se acomodando, perdendo o interesse e não produzindo de acordo com sua capacidade. Daí a necessidade de criar condições de pagar mais ao operário que produz mais. Em essência, Taylor diz, em Shop Management, que:
1)  O objetivo da Administração é pagar salários melhores e reduzir custos unitários de produção.
2)  Para realizar tal objetivo, a Administração deve aplicar métodos científicos de pesquisa e experimentos para formular princípios e estabelecer processos padronizados que permitam o controle das operações fabris.
3)  Os empregados devem ser cientificamente selecionados e colocados em seus postos com condições de trabalho adequadas para que as normas possam se cumpridas.
4)  Os empregados devem ser cientificamente treinados para aperfeiçoar suas aptidões e executar uma tarefa para que a produção normal seja cumprida.
5)  A Administração precisa criar uma atmosfera de íntima e cordial cooperação com os trabalhadores para garantir a permanência deste ambiente psicológico.
  O segundo período de taylor corresponde à publicação de seu livro The Principles of Scientific Management (1911), quando concluiu que a racionalização do trabalho operário deveria ser acompanhada de uma estruturação geral para tornar coerente a aplicação dos seus prin´cipios na empresa como um todo. A partir daí, desenvolveu seus estudos sobre a Administração Geral, a qual denominou Administração Científica, sem deixar de lado sua preocupação quanto à tarefa do operário.
  Para Taylor, as indústrias de sua época padeciam de três males:
1)  Vadiagem sistemática dos operários, que reduziam a produção acerca de um terço da que seria normal, para evitar a redução das tarifas de salários pela gerência. Há três causas determinantes da vadiagem no trabalho:
a)  O engano disseminado entre os trabalhadores de que o maior rendimento do homem e da máquina provoca desemprego.
b)  O sistema defeituoso de Administração que força os operários à ociosidade no trabalho a fim de proteger seus interesses pessoais.
c)  Os métodos empíricos ineficientes utilizados nas empresas, com os quais o operário desperdiça grande parte de seu esforço e tempo.
2)  Desconhecimento, pela gerência, das rotinas de trabalho e do tempo necessário para sua realização.
3)  Falta de uniformidade das técnicas e dos métodos de trabalho.
  Para sanar estes três males, Taylor idealizou o Scientific Management difundido sob os nomves de Administração Científica , Sistema Taylor, Gerência Científica, Organização Científica no Trabalho e Organização Racional do Trabalho. Segundo Taylor, o Scientific Management é uma evolução e não uma teoria, tendo como ingredientes 75% de análise e 25% de bom-senso. Para Taylor, a implantação da Administração Científica deve ser gradual e obedecer a um período de quatro a cinco anos para evitar alterações bruscas que causem descontentamento por parte dos empregados e prejuízo aos patrões. A Administração Científica é uma combinação de : “Ciência em lugar de empirismo. Harmonia e vez de discórdia. Cooperação e não individualismo. Rendimento máximo em lugar de produção reduzida. Desenvolvimento de cada homem a fim de alcançar maior eficiência e prosperidade”.
  Para Taylor, a organização e a Administração devem ser estudadas e tratadas cientificamente e não empiricamente. A improvisação deve ceder lugar ao planejamento e o empirismo à ciência: a Ciência da Administração. Como pioneiro, o mérito de Taylor reside em sua contribuição para encarar sistematicamente o estudo da organização. O fato de ter sido o primeiro a fazer uma análise completa do trabalho, incluindo tempos e movimentos, a estabelecer padrões de execução, treinar operários, especializar o pessoal; inclusive o de direção: instalar uma sala de planejamento, em resumo, assumir uma atitude metódica ao analisar e organizar a unidade fundamental de trabalho, adotando este critério até o topo da organização, tudo isso eleva Taylor a uma altura não comum no campo da organização.
  Taylor procurou aplicar a Administração Científica nos padrões de produção: padronização de máquinas e ferramentas, métodos e rotinas para execução de tarefas e prêmios de produção para incentivar a produtividade. Embora Taylor se preocupasse mais com a filosofia – com a essência da ideia que exige uma revolução mental tanto da parte da direção como da parte dos operários – a tendência de seus seguidores foi uma preocupação maior com as técnicas do que com a filosofia da Administração Científica.
  O principal objetivo da Administração é assegurar o máximo de prosperidade ao patrão e, ao mesmo tempo, o máximo de prosperidade ao empregado. O princípio da máxima prosperidade para o patrão acompanhada da máxima prosperidade ao empregado deve ser os dois fins principais da Administração. Assim, deve haver uma identidade de interesses entre empregados e empregadores.
  Taylor verificou que os operários aprendiam a maneira de executar as tarefas do trabalho por meio da observação dos companheiros vizinhos. Notou que isto levava a diferentes métodos para fazer a mesma tarefa e uma grande variedade de instrumentos e ferramentas diferentes em cada operação. Como há sempre um método mais rápido e um instrumento mais adequado que os demais, estes métodos e instrumentos melhores podem ser encontrados e aperfeiçoados por meio de uma análise científica e um acurado estudo de tempos e movimentos, em vez de ficar a critério pessoal de cada operário. Esta tentativa de substituir métodos empíricos e rudimentares pelos métodos científicos recebeu o nome de Organização Racional do Trabalho – ORT .
  A ORT se fundamenta nos aspectos:
1)  Análise do trabalho e do resultado dos tempos e movimentos;
2)  Estudo da fadiga humana;
3)  Divisão d trabalho e especialização do operário;
4)  Desenho de cargos e tarefas;
5)  Incentivos salariais e prêmios de produção;
6)  Conceito de homo economicus;
7)  Condições ambientais de trabalho e
8)  Padronização.
  A análise do trabalho e do estudo dos tempos e movimentos – instrumento básico para se relacionar o trabalho dos operários era o motion-time study. O trabalho é executado do melhor e mais economicamente por meio da análise do trabalho, isto é, da divisão e subdivisão de todos os movimentos necessários à execução de cada operação de uma tarefa. Observando metodicamente a execução de cada operação a cargo dos operários, Taylor viu a possibilidade de decompor cada tarefa e cada operação da tarefa em uma série ordenada de movimentos simples. Os movimentos úteis eram simplificados, racionalizados ou fundidos com outros movimentos para proporcionar economia de tempo e de esforço ao operário. A esta análise do trabalho seguia-se o estudo dos tempos e movimentos, ou seja, a determinação do tempo médio que um operário comum levaria para a execução da tarefa, por meio da utilização do cronômetro. A este tempo médio eram adicionados os tempos elementares e mortos (esperas, tempos de saída do operário da linha para suas necessidades pessoais, etc.) para resultar o chamado tempo padrão. Com isto, pradronizava-se o método de trabalho e o tempo destinado à sua execução. Método é a maneira d esse fazer algo para obter um determinado resultado. O estudo dos tempos e movimentos permite a racionalização do método de trabalho e a fixação do tempo padrão para sua execução. Além disto, o método traz muitas vantagens:


1)  Elimina o desperdício de esforço humano e de movimentos inúteis;
2)  Racionaliza a seleção dos operários e sua adaptação ao trabalho;
3)  Facilita o treinamento dos operários e melhora a eficiência e rendimento da produção pela especialização das atividades;
4)  Distribui uniformemente o trabalho e evita períodos de falra ou excesso de trabalho;
5)  Define métodos e estabelece normas para a execução do trabalho e
6)  Estabelece uma base uniforme para salários equitativos e prêmios por produção.
  Frank Gilbreth (1868-1924) foi um engenheiro americano que acompanhou Taylor em seu interesse pelo esforço humano como meio de aumentar a produtividade. Introduziu o estudo dos tempos e movimentos dos operários como técnica administrativa básica para a racionalização do trabalho.
  Concluiu que todo trabalho manual pode ser reduzido a movimentos elementares (aos quais deu o nome de therblig, anagrama de Gilbreth), para definir os movimentos necessários à execução de qualquer tarefa.
  Os movimentos elementares (therbligs) permitem decompor e analisar qualquer tarefa. A tarefa de colocar parafusos representa sete movimentos elementares: pegar o parafuso, transportá-lo até a peça, posicioná-lo, pegar e transportar a chave de fenda até o parafuso, utilizá-la e posicioná-la na situação anterior. O therblig constitui o elemento básico da Administração Científica e a unidade fundamental de trabalho.
  O estudo da fadiga humana – estudo de tempos e movimentos – tem uma tripla finalidade:
1)  Evitar movimentos inúteis na execução de uma tarefa;
2)  Execução econômica dos movimentos úteis do ponto de vista fisiológico e
3)  Seriação apropriada aos movimentos (princípios de economia de movimentos).
  O estudo dos movimentos baseia-se na anatomia e na fisiologia humanas. Neste sentido, Gilbreth efetuou estudos (estatísticos e não fisiológicos, pois era engenheiro) sobre os efeitos na fadiga na produtividade do operário. Verificou que a fadiga predispõe o trabalhador para: diminuição da produtividade e qualidade do trabalho; perda de tempo; aumento da rotatividade do pessoal (turn-over); doenças e acidentes e a diminuição da capacidade de esforço. Em suma, a fadiga é um redutor da eficiência.
  Para reduzir a fadiga, Gilbreth propôs princípios de de economia de movimentos classificados em três grupos:
1)  Relativos ao uso do corpo humano;
2)  Relativos ao arranjo material do local de trabalho e
3)  Relativos ao desempenho das ferramentas e do equipamento.
  A Administração Científica pretendia racionalizar os movimentos, eliminando os que produzem fadiga e os que estão diretamente relacionados com a tarefa executada pelo trabalhador.
  A divisão do trabalho e especialização do trabalhador,  a fim de elevar sua produtividade, foi decorrência da análise do trabalho e do estudo dos tempos e movimentos a fim de elevar sua produtividade. Provocou a reestruturação das operações industriais nos Estados Unidos, eliminando os movimentos desnecessários e economizando energia e tempo. Com isso, cada operário passou a ser especializado na execução de uma única tarefa para ajustar-se aos padrões descritos e às normas de desempenho definidas pelo método.
  O desenho de cargos e tarefas foi a primeira tentativa de definir e estabelecer racionalmente cargos e tarefas e aconteceu com a Administração Científica. Nete aspecto, Taylor foi o pioneiro. Como todo pioneiro, é reverenciado por alguns e criticado por outros.
  Tarefa é toda atividade executada por uma pessoa no seu trabalho dentro da organização. A tarefa constitui a menor unidade possível dentro da divisão do trabalho em uma organização. Cargo é o conjunto de tarefas executadas de maneira cíclica ou repetitiva.
  Desenhar um cargo é especificar seu conteúdo (tarefas), os métodos de executar as tarefas e as relações com os demais cargos existentes. O desenho de cargos é a maneira pela qual um cargo é criado e projetado e combinado com outros cargos para a execução das tarefas.
  A simplificação no desenho dos cargos permite as vantagens:
1)  Admissão de empregados com qualificações mínimas e salários menores, reduzindo os custos de produção;
2)  Minização dos custos de treinamento;
3)  Redução de erros na execução, diminuindo os refugos e rejeitos;
4)  Facilidade de supervisão, permitindo que cada supervisor controle um número maior de subordinados e
5)  Aumento da eficiência do trabalhador, permitindo maior produtividade.

  Taylor e seus seguidores desenvolveram os planos de Incentivos Salariais e Prêmios de Produção, uma vez analisado o trabalho, racionalizadas as tarefas e padronizado o tempo para sua execução, selecionado cientificamente o operário e treinado de acordo como o método preestabelecido, com o objetivo de fazer com que o operário colabore com a empresa e trabalhe dentro dos padrões de tempo previstos. A ideia básica era a de que a remuneração baseada no tempo (salário mensal, diário ou por hora) não estimula ninguém a trabalhar mais e deve ser substituída por remuneração baseada na produção de cada operário (salário por peça, por exemplo): o operário que produz pouco ganha pouco e o que produz mais, ganha mais, ganha na proporção de sua produção. O estímulo salarial adicional para que os operários ultrapassem o tempo-padrão é o prêmio de produção.
  O Conceito de Homo Economicus serviu de base para a Administração Científica, isto é, do homem econômico. Segundo este conceito, toda pessoa é concebida como influenciada exclusivamente por recompensas salariais, econômicas e materiais. Em outros termos, o homem procura o trabalho não porque gosta dele, mas como um meio de ganhar a vida por meio do salário que o trabalho proporciona. O homem é motivado a trabalhar pelo medo da fome e pela necessidade de dinheiro para viver. Assim, as recompensas salariais e os prêmios de produção (e o salário baseado na produção) influenciam os esforços individuais do trabalho, fazendo com que o trabalhador desenvolva o máximo de produção de que é fisicamente capaz para obter um ganho maior. Uma vez selecionado cientificamente o trabalhador, ensinado o método de trabalho e condicionada sua remuneração à eficiência, ele passaria a produzir o máximo dentro de sua capacidade física.
  As Condições Ambientais de Trabalho que garantam o bem-estar físico do trabalhador foram alvo de verificação de que a eficiência depende não somente de método de trabalho e do incentivo salarial, mas também do conjunto das referidas condições visando à diminuição da fadiga. As condições de trabalho que mais preocuparam a Administração Científica foram:
1)  Adequação de instrumentos e ferramentas de trabalho e de equipamentos de produção para minimizar o esforço do operador e a perda de tempo na execução da tarefa;
2)  Arranjo físico das máquinas e equipamentos para racionalizar o fluxo da produção;
3)  Melhoria do ambiente físico de trabalho de maneira que o ruído, a ventilação, a iluminação e o conforto no trabalho não reduzam a eficiência do trabalhador e
4)  Projeto de instrumentos e equipamentos especiais, como transportadores, seguidores, contadores e utensílios para reduzir movimentos inúteis.
  A Padronização dos métodos e processos de trabalho, a padronização das máquinas e equipamentos, ferramentas e instrumentos de trabalho, matérias-primas e componentes, também passaram a ser preocupação da Administração Científica no intuito de reduzir a variabilidade e a diversidade no processo produtivo e daí, eliminar o desperdício e aumentar a eficiência. A organização racional do trabalho não se preocupou, portanto, somente com a análise do trabalho, estudos de tempos e movimentos, fadiga do operário, divisão do trabalho, especialização do operário e os planos de incentivos salariais.
A preocupação de racionalizar, padronizar e prescrever normas de conduta ao administrador levou os engenheiros da Administração Científica a pensar que tais princípios pudessem ser aplicados a todas as situações possíveis. Um princípio é uma afirmação válida para uma determinada situação; é uma previsão do que deverá se feito quando ocorrer aquela situação. Dentre a profusão de princípios defendidos pelos autores da Administração científica, os mais importantes são:



1)  Princípios da administração científica de Taylor:
a)  Princípio de planejamento. Substituir no trabalho o critério individual do operário, a improvisação e a atuação empírico-prática, por métodos baseados em procedimentos científicos. Substituir a improvisação pela ciência através do planejamento do método de trabalho.
b)  Princípio de preparo. Selecionar cientificamente os trabalhadores de acordo com suas aptidões e prepará-los e treiná-los para produzirem mais e melhor, de acordo com o método planejado. Preparar máquinas e equipamentos em um arranjo físico e disposição racional.
c)  Princípio do controle. Controlar o trabalho para se certificar de que está sendo executado de acordo com os métodos estabelecidos e segundo o plano previsto. A gerência deve cooperar com os trabalhadores para que a execução seja a melhor possível.
d)  Princípio da execução. Distribuir atribuições e responsabilidades para que a execução do trabalho seja disciplinada.
2)  Princípio de Eficiência. Harrington Emerson (1853-1931) foi um engenheiro que simplificou os métodos de trabalho. Popularizou a Administração Científica e desenvolveu os primeiros trabalhos sobre seleção e treinamento de empregados. Os princípios de rendimento preconizados por Emerson são:
a)  Traçar um plano bem definido, de acordo com os objetivos;
b)  Estabelecer o predomínio do bom-senso;
c)  Oferecer orientação e supervisão competentes;
d)  Manter a disciplina;
e)  Impor honestidade nos acordos, ou seja, justiça social no trabalho;
f)  Mante registros precisos, imediatos e adequados;
g)  Oferecer remuneração proporcional ao trabalho;
h)  Fixar normas padronizadas para as condições de trabalho;
i)  Fixar normas padronizadas para o trabalho em si;
j)  Fixar normas para as operações;
k)  Estabelecer instruções precisas e
l)  Oferecer incentivos ao pessoal para aumentar o rendimento e a eficiência.
  Emerson antecipou-se à Administração por Objetivos proposta por Peter Drucker por volta da década de 60.
3)  Princípio Básicos de Ford. Provavelmente, o mais conhecido de todos os precursores da Administração Científica, Henry Ford (1863-1947) iniciou sua vida como mecânico. Projetou um modelo de carro e em 1899 fundou sua primeira fábrica de automóveis, que logo depois foi fechada. Sem desanimar, fundou, em 1903, a Ford Motor Co. Sua ideia: popularizar um produto antes artesanal e destinado a milionários, ou seja, vender carros a preços populares, com assistência técnica garantida, revolucionando a estratégia comercial da época. Entre 1905 e 1910, Ford inovou na organização do trabalho: a produção de maior número de produtos acabados com a maior garantia de qualidade e pelo menor custo possível. E esta inovação teve maior impacto sobre a maneira de viver do homem do que muitas das maiores invenções do passado da humanidade. Em 1913 já fabricava 800 carros por dia. Em 1914, repartiu com seus empregados uma parte do controle acionários da empresa. Estabeleceu o salário mínimo de cinco dólares por dia e jornada diária de oito horas, quando, na época, a jornada variava entre dez e doze horas. Em 1926, já tinha 88 fa´bricas e empregava 150 mil pessoas, fabricando 2 milhões de carros por ano. Utilizou um sistema de concentração vertical, produzindo desde a matéria-prima inicial ao produto final acabado, além da concentração horizontal através de uma cadeia de agências próprias. Ford fez uma das maiores fortunas do mundo graças ao constante aperfeiçoamento de seus métodos e processos de trabalho.
  A condição-chave da produção em massa é a simplicidade. Três aspectos suportam o sistema:
1)  A progressão do produto através de processo produtivo é planejada, ordenada e contínua;
2)  O trabalho é entregue ao trabalhador em vez de deixá-lo com a iniciativa de ir buscá-lo;
3)  As operações são analisadas em seus elementos constituintes.
  Para obter um esquema caracterizado pela aceleração da produção por meio de um trabalho ritmado, coordenado e econômico, Ford adotou três princípios básicos:
1)  Princípio de intensificação. Diminuir o tempo de duração com a utilização imediata dos equipamentos e matéria-prima e a rápida colocação do produto no mercado.
2)  Princípio de economicidade. Reduzir ao mínimo o volume do estoque da matéria-prima em transformação, fazendo com que o automóvel fosse pago à empresa antes de vencido o prazo de pagamento dos salários e da matéria-prima adquirida. A velocidade de produção deve ser rápida: “o minério sai da mina no sábado e é entregue sob a forma de um carro ao consumidor na terça-feira à tarde”, como ele mesmo diz em My life work (1923, pp. 77-90).


3)  Princípio de produtividade. Aumentar a capacidade de produção do homem no mesmo período (produtividade) por meio da especialização e da linha de montagem. O operário ganha mais e o empresário tem maior produção.
4)  Princípio da exceção. Taylor adotou um sistema de controle operacional simples e baseado não no desempenho médio, mas na verificação das exceções ou desvios dos padrões normais. Em outros termos, tudo o que ocorre dentro dos padrões normais não deve ocupar demasiadamente a atenção do administrador. Este deve estar preocupado com as ocorrências que se afastam dos padrões – as exceções – para que sejam corrigidas. Os desvios positivos ou negativos que fogem dos padrões normais devem ser identificados e localizados para a tomada de providências.
  Na verdade, a Administração Científica deveria ser denominada Estudo Científico do Trabalho, pois foi precursora da moderna organização do trabalho.
  A obra de Taylor e seguidores é susceptível de críticas, que não diminuem o mérito e o galardão de pioneiros e desbravadores da nascente Teoria da Administração. Na época, a mentalidade reinante e os preconceitos – tanto dos dirigentes como dos empregados – a falta de conhecimento sobre assuntos administrativos, a precária experiência industrial e empresarial não apresentavam condições propícias de formulação de hipóteses nem o suporte adequado para elaboração de conceitos rigorosos. As principais críticas à Administração Científica são:
1)  Mecanismo da Administração Científica. Restringiu-se às tarefas e aos fatores diretamente relacionados com o cargo e a função do operário. Embora a organização seja constituída de pessoas, deu-se pouca atenção ao elemento humano e concebeu-se a organização como “um arranjo rígido e estático de peças”, com diz J. C Worthy em Organizational structure and employee morale (1950, v. 15, pp 169-179). Ou seja, como uma máquina: assim como foi construída uma máquina como um conjunto de peças e especificações  também foi construída uma organização de acordo com um projeto. Daí a denominação “teoria da máquina” dada à Administração Científica por Peter F. Drucker e, Tecnologia, gerência e sociedade (1973, p.88).
As “principais ferramentas da Administração Científica foram os estudos dos tempos e movimentos. Os períodos de descanso durante o dia de trabalho foram estudados em termos de recuperação da fadiga fisiológica. Os salários e pagamento de incentivos, como fontes de motivação, foram concebidos em termos de um modelo do homem econômico”, como alertam Daniel Katz e Robert L. Kahn em Psicologia social das organizações , p. 92. A pressuposição é a de que os empregados “são essencialmente intrumentos passivos, capazes de executar o trabalho e receber ordens, mas sem poder de iniciativa e sem exercerem influência provida de qualquer significado”, como criticam James G. March e Herbert A. Simon em Teoria das organizações (1966, p. 9).
Verificou-se que a velocidade não é o melhor critério para medir a facilidade com que que o operário realiza a operação. O método é mais uma intensificação do trabalho do que a racionalização do processo de trabalho, procurando sempre o rendimento máximo e não o rendimento ótimo.
Os mesmos princípios que taylor adotou para conciliar os interesses entre patrões e empregados foram a causa de transtornos e críticas sofridas posteriormente. O fato de supor que o empregado age motivado pelo interesse do ganho material e financeiro, produzindo o máximo possível (conceito do homo economicus), mas sem levar em consideração outros fatores motivacionais importantes, foi, sem dúvida, outro aspecto mecanicista típico dessa teoria. De um modo geral, a abordagem dos engenheiros americanos concebeu a organização dentro de um sentido mecânico e o emprego de técnicas mecanicistas passou a representar a desumanização do trabalho industrial.
2)  Superespecialização do operário. Na busca da eficiência, a Administração Científica preconizava a especialização do operário por meio da divisão e da subdivisão de toda a operação em seus elementos constitutivos. As tarefas mais simples – o resultado daquela subdivisão – podem ser mais facilmente ensinadas e a perícia do operário pode ser incrivelmente aumentada. Por outro lado, alcança-se uma respeitável padronização no desempenho dos operários, pois na medida em que as tarefas vão se fracionando, a maneira de executá-las torna-se padronizada. Estas “formas de organização de tarefas privam os operários da satisfação no trabalho, e , oque é pior, violam a dignidade humana”, pondera William G. Scott em Relações Humanas na Adminstração (1962, p. 43).
O Taylorismo demonstrou que a maneira espontânea com que os trabalhadores executavam suas tarefas era mais fatigante, a menos econômica e a menos segura. “Em lugar dos erros do passado, o taylorismo propõe uma verdadeira racionalização; é este seu papel positivo. Uma nova ordem de coisas. O taylorismo propõe diminuir o número de atribuições de cada indivíduo e especializar as atribuições de cada chefe. Isso é a negação de aprender a situação total em cada nível. Trata-se de uma decomposição analítica das funções, a recusa de reconhecer os grupos e a negação da visão da situação a cada nível”, contrapõe Robert Meigniez emPatologia social da empresa, a crise e a função de direção (1971, p. 25). Contudo, a proposição de que “a eficiência administrativa aumenta com a especialização do trabalho” não encontrou amparo nos resultados de pesquisas posteriores: qualquer aumento na especialização não redunda necessariamente em um aumento de eficiência, conclui Herbert A. Simon em O comportamento administrativo (1974).
3)  Visão microscópica do homem. A Administração Científica visualiza cada empregado individualmente, ignorando que o trabalhador é um ser humano e social. A partir de sua concepção negativista do homem – na qual as pessoas são preguiçosas e ineficientes – Taylor enfatiza o papel monocrático do administrador: “A aceleração do trabalho só pode ser obtida por meio da padronização obrigatória dos métodos, da adoção obrigatória de instrumentos e das condições de trabalho e cooperação obrigatórias. E essa atribuição de impor padrões e forçar a cooperação compete exclusivamente à gerência”, como enuncia Taylor em Princípios de Administração Científica (p. 82). “O esquema de Taylor implica na proliferação do trabalho desqualificado que coexiste com uma estrutura administrativa monocrática, alienante, na qual a principal virtude é a obediência às ordens, critica Maurício Tragtemberg em Ideologia e burocracia (p. 194).
Ao lado desta concepção atomística do homem há outra decorrência da visão microscópica do trabalhador. Apesar de Taylor e seguidores terem se preocupado com a adequação dos dois elementos que constituem a essência do trabalho – as características do homem e as características da máquina – esta preocupação inicial não chegou a confirmar-se em seus trabalhos posteriores. Os engenheiros americanos limitaram-se às características físicas do corpo humano em trabalhos rotineiros, com ênfase nos estudos dos movimentos e da fadiga. O trabalho do homem foi sendo abordado como um processo acessório da máquina, substituindo a inicial preocupação de se adaptarem mutuamente os recursos humanos e mecânicos. O desempenho humano passou a ser estudado dentro de seus limites físicos, em termos de cargas, velocidade e fadiga. A utilização dos seres humanos na organização limitou-se às tarefas que se executam na linha de produção e nos escritórios, abrangendo apenas as variáveis fisiológicas. Tanto assim, a Administração Científica é chamada de “teoria fisiológica da organização” por James G. March e Herbert A. Simon em Teoria das organizações (p. 18). No fundo, Taylor considerou os recursos humanos e materiais não tanto reciprocamente ajustáveis, mas sobretudo, o homem trabalhando como um apêndice da maquinaria industrial, como conclui amitai Etzioni em Organizações Modernas (1967, pp. 37-39).
4)  Ausência de comprovação científica. A Administração Científica é criticada por pretender criar uma ciência sem o cuidado de apresentar comprovação científica das suas proposições e princípios. Em outros termos, os engenheiros americanos utilizaram pouquíssima pesquisa e experimentação científica para comprovar suas teses. Seu método é empírico e concreto, no qual o conhecimento é alcançado pela evidência e não pela abstração: baseiam-se em dados singulares e observáveis pelo analista de tempos e movimentos relacionados com o como e não com o porquê da ação do operário.
5)  Abordagem incompleta da organização. A Administração Científica é incompleta, parcial e inacabada, por se limitar apenas aos aspectos formais da organização, omitindo a organização informal e os aspectos humanos da organização. Esta perspectiva incompleta ignora a vida social interna dos participantes da organização. As pessoas são tomadas como indivíduos isolados e arranjados de acordo com suas habilidades pessoais e com as demandas da tarefa a ser executada. Também omite certas variáveis críticas, como o compromisso pessoal e a orientação profissional dos membros da organização, o conflito entre objetivos individuais e organizacionais, etc.
6)  Limitação do campo da aplicação. A Administração Científica também ficou restrita aos problemas de produção na fábrica, não considerando os demais aspectos da vida da organização, como financeiros, comerciais, logísticos, etc. Além disso, o desenho de cargos e tarefas retrata suas concepções a respeito da natureza humana (homem econômico) e se fundamenta em uma expectativa de estabilidade e previsibilidade das operações da organização.
7)  Abordagem prescritiva e normativa. A Administração Científica se caracteriza pela preocupação em prescrever princípios normativos que devem ser aplicados como receituário em todas as circunstâncias para que o administrador possa ser bem-sucedido. Esta abordagem prescritiva e normativa padroniza situações para poder prescrever a maneira como elas deverão ser administradas. É uma abordagem com receitas antecipadas, soluções enlatadas e princípios normativos que regem o como fazer as coisas dentro das organizações. Esta perspectiva visualiza a organização como ela deveria funcionar ao invés de explicar seu funcionamento, como observam J. Eugene Haas e Thomas E. Drabeck em Organizações complexas: uma perspectiva sociológica (1973, pp. 37-41).
8)  Abordagem de sistema fechado. A Administração Científica visualiza as organizações como se elas existissem no vácuo ou como se fossem entidades autônomas, absolutas e hermeticamente fechadas a qualquer influência vinda de fora delas. É uma abordagem de sistema fechado que se caracteriza pelo pelo fato de visualizar somente aquilo que acontece dentro de uma organização, sem tomar em conta o meio ambiente em que ela está situada. Outra característica da abordagem de sistema fechado é a maneira de ver tudo o que acontece dentro de uma organização sob o ponto de vista de algumas variáveis mais importantes apenas, omitindo-se outras cuja influência não seja bem conhecida no conjunto.
9)  Pioneirismo na administração. A Administração Científica constitui o ponto de partida para a administração nos aspectos:
a)  É o primeiro esforço científico para analisar e padronizar os processos produtivos com o objetivo de aumentar a produtividade e a eficiência;
b)  Obteve enorme êxito na racionalização das empresas da época e
c)  Complementou a tecnologia da época, desenvolvendo técnicas e métodos que racionalizaram a produção logrando forte aumento da produtividade
  Na verdade, a Administração Científica preocupa-se com a competência técnica como o principal requisito para o gerente, adotando o pressuposto simplista de que mais engenharia, melhores métodos e melhores equipamentos produzem necessariamente melhores resultados, como ponderam Michael H. Mescon, William Rogers Hammod, Lloyd L. Byars e Joseph F. Forest Jr., em A administração da empresa (1973, Cap. 12). Esta é uma simplificação enganosa e que tem custado muito caro às organizações atuais, como concluem J. Eugene Haas e Thomas E. Drabeck em Organizações complexas: uma perspectiva sociológica (1973, pp. 37-41).
10) Conclusão. Em resumo, os alicerces fundamentais da Administração Científica foram:
a)  Comando e controle. A gerência funciona como uma ditadura benegna inspirada nos modelos militares. O gerente planeja e controla o trabalho; os trabalhadores o executam. Em suam, o gerente deve pensar e mandar; os trabalhadores obedecer e fazer de acordo com o plano;
b)  Uma única maneira certa (the one best way). O método estabelecido pelo gerente é a melhor maneira de executar uma tarefa. O papel dos trabalhadores é utilizar o método sem questioná-lo;
c)  Mão-de-obra, não recursos humanos. A força de trabalho é mão-de-obra, ou seja, a mão contratada sem qualquer envolvimento da pessoa na organização. Como a oferta de trabalhadores era abundante, a empresa nada devia a eles, embora esperasse lealdade de sua parte e
d)  Segurança, não insegurança. Embora os operários não ganhassem reconhecimento ou responsabilidade, havia um acordo tácito baseado na segurança e permanência no emprego. As empresas davam de estabilidade dominando seus mercados. O futuro parecia previsível e o destino de cada empresa no futuro ainda mais previsível.
  Com a Administração Científica começa a luta incessante e permanente pela produtividade que iria perdurar até o final do século XX. Produtividade significa a relação entre a quantidade de produto obtida no processo de produção e a quantidade do fator necessário para sua obtenção. Contudo, a simples relação física entre um e outro tem significado apenas técnico. A distinção entre produtividade e rentabilidade é dada pelo fato de que a segunda implica em definição dos custos em dinheiro na relação entre o fator e produto, enquanto a produtividade considera o dispêndio de trabalho do fator para a produção da quantidade desejada do produto.
  O importante é que a Administração Científica comprovou o fato de que existe uma nova maneira de ganhar dinheiro e que as empresas não têm sabido usar: deixar de perdê-lo. A luta contra o desperdício – seja de tempo, de esforço, de capacidade instalada, de energia, etc. – foi uma de suas bandeiras, como constata Stuart Crainer em Ideias-chave em administração: pensadores que mudaram o mundo da administração (pp. 19-20).
  Apesar de todas as críticas formuladas  à Administração Científica, há uma forte tendência no mundo atual no intuito de reabilitar a imagem de Taylor. Alguns autores, como Michael H. Mescon, William Rogers Hammod, Lloyd L. Byars e Joseph F. Forest Jr., em A administração da empresa (1973, Cap. 12), chegam a apontá-lo como o criador da Administração Científica e o pai da Teoria das Relações Humanas, considerando-o um cientista social interessado nos problemas de motivação e de comportamento das pessoas dentro de sua maneira de ver as coisas. O certo é que Taylor teve uma profunda influência na vida do século XX e no forte desenvolvimento industrial que suas ideias proporcionaram. Sua importância decorre de um fato extremamente simples: ele deu certo. E é cada vez mais atual nas organizações do século XXI.
 Teoria Clássica da Administração
Enquanto Taylor e outros engenheiros desenvolviam a Administração Científica nos Estados Unidos, em 1916 surgia na França, espraiando-se rapidamente pela Europa, a Teoria Clássica da Administração. Se a Administração Científica se caracterizava pela ênfase na tarefa realizada pelo operário, a Teoria Clássica se caracterizava pela ênfase na estrutura que a organização deveria possuir para ser eficiente. Na realidade, o objetivo de ambas as teorias era o mesmo: a busca da eficiência das organizações. Segundo a Administração Científica, esta eficiência era alcançada por meio da racionalização do trabalho do operário e do somatório das eficiências individuais.
  A teoria Clássica, ao contrário, partia do todo organizacional e da sua estrutura para garantir eficiência a todas as partes envolvidas, fossem elas órgãos (como seções, departamentos, etc.) ou pessoas (como ocupantes de cargos e executores de tarefas). A microabordagem no nível individual de cada operário com relação à tarefa é enormemente ampliada no nível da organização como um todo em relação a sua estrutura organizacional. A preocupação com a estrutura da organização como um todo constitui, sem dúvida, uma substancial ampliação do objeto de estudo da Teoria Geral da Administração. Fayol, um engenheiro francês, fundador da Teoria Clássica da Administração, partiu de uma abordagem sintética, global e universal de empresa, inaugurando uma abordagem anatômica e estrutural que rapidamente suplantou a abordagem analítica e concreta de Taylor.
  A segunda década do século XX foi tumultuada. A Primeira Guerra Mundial (1914-1917) envolveu a Europa e os Estados Unidos em operações militares conjuntas. Em seguida, os meios de transporte tiveram enorme expansão, com a indústria automobilística, as ferrovias e o início da aviação militar, civil e comercial. As comunicações também passaram por enorme expansão do jornalismo e do rádio em ondas médias e curtas. E na Europa surgiu a Teoria Clássica da Administração.
  Henry Fayol (1841-1925), o fundador da Teoria Clássica, nasceu em Constantinopla e faleceu em Paris, vivendo as consequências da Revolução Industrial e, mais tarde, da Primeira Guerra Mundial. Formou-se em engenharia de minas e entrou para uma empresa metalúrgica e carbonífera onde fez sua carreira. Fayol expôs sua Teoria de Administração no livroAdministração industrial e geral, publicado em 1916. Seu trabalho, antes da tradução para o inglês, foi divulgado por Urwick e Gulick (dois autores clássicos), em As funções da administração com especial referência ao trabalho de Henry Fayol em Papeis da ciência da administração.


Fayol salienta que toda empresa apresenta seis funções:
1)  Funções técnicas. Relacionadas com a produção de bens ou de serviços da empresa;
2)  Funções comerciais. Relacionadas com compra, venda e permutação;
3)  Funções financeiras. Relacionadas com procura e gerência de capitais;
4)  Funções de segurança. Relacionadas com proteção e preservação dos bens e das pessoas;
5)  Funções contábeis, relacionadas com inventário, registros, balanços, custos e estatísticas e
6)  Funções administrativas. Relacionadas com a integração de cúpula das outras cinco funções. As funções administrativas coordenam e sincronizam as demais funções da empresa pairando sempre acima delas.
  Para Fayol, “nenhuma das cinco funções essenciais precedentes tem o encargo de formular o programa de ação geral da empresa, de constituir o seu corpo social, de coordenar os esforços e de harmonizar os atos. Estas atribuições constituem outra função designada pelo nome de Administração”, conforme teoriza em Administração industrial e geral (1916, p. 10).
  Fayol define o ato de administrar como prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. As funções administrativas envolvem os elementos da administração, isto é, as funções do administrador:
1)  Prever. Visualizar o futuro e traçar o programa de ação;
2)  Organizar. Constituir o duplo organismo material e social da empresa;
3)  Comandar. Dirigir e orientar o pessoal;
4)  Coordenar. Ligar, unir, harmonizar todos os atos e esforços coletivos e
5)  Controlar. Verificar que tudo ocorra de acordo com as regras estabelecidas e as ordens dadas.
  Estes são os elementos da Administração que constituem o chamado processo administrativo: são localizáveis no trabalho do administrador em qualquer nível ou área de atividade da empresa. Em outros termos, tanto o diretor, o gerente, o chefe, como o supervisor – cada qual em seu respectivo nível – desempenham atividades de previsão, organização, comando, coordenação e controle, como atividades administrativas essenciais.
  Para Fayol existe uma proporcionalidade da função administrativa: ela se reparte por todos os níveis da hierarquia da empresa e não é privativa da alta cúpula. A função administrativa não se concentra exclusivamente no topo da empresa, nem é privilégio dos diretores, mas é distribuída proporcionalmente entre os níveis hierárquicos. Na medida em que se desce na escala hierárquica, mais aumenta a proporção das outras funções da empresa e na medida em que se sobe na escala hierárquica mais aumenta a extensão e o volume das funções administrativas.
  Ainda que reconhecendo o emprego da palavra Administração como sinônimo de organização, Fayol faz uma distinção entre ambas as palavras. Para ele, Administração é um todo do qual a organização é uma das partes. O conceito amplo e compreensivo de Administração – como um conjunto de processos entrosados e unificados – abrange aspectos que a organização por si só não envolve, tais como previsão, comando e controle. A organização abrange apenas a definição da estrutura e da forma, sendo, portanto, estática e limitada.
  A partir daí, organização passa a ter dois significados diferentes:
1)  Organização como uma entidade social na qual as pessoas interagem entre si para alcançar objetivos específicos. Neste sentido, a palavra organização significa um empreendimento humano moldado intencionalmente para atingir determinados objetivos. As empresas constituem um exemplo de organização social e
2)  Organização como função administrativa e parte do processo administrativo (como previsão, comando, coordenação  e controle). Meste sentido, organização significa o ato de organizar, estruturar e alocar os recursos, definir os órgãos incumbidos de sua administração e estabelecer as atribuições e relações entre eles.
  Como toda ciência, a Administração deve se basear em leis ou em princípios. Fayol definiu os princípios gerais de Administração, sistematizando-os sem muita originalidade, porquanto os coletou de diversos autores de sua época. Fayol adota a denominação princípio, afastando dela qualquer ideia de rigidez, pois nada existe de rígido ou absoluto em matéria administrativa. Tudo em Administração é questão de medida, ponderação e bom-sendo. Os princípios são universais e maleáveis e adaptam-se a qualquer tempo, lugar e circunstância.
  Os 14 Princípios Gerais da Administração, segundo Fayol, são:
1)  Divisão do trabalho. Consiste na especialização das tarefas e das pessoas para aumentar a eficiência;
2)  Autoridade e responsabilidade. É o direito de dar ordens e o poder de esperar obediência. A responsabilidade é uma consequência natural da autoridade e significa o dever de prestar contas. Ambas devem estar equilibradas entre si;
3)  Disciplina. Depende de obediência, aplicação, energia, comportamento e respeito aos acordos estabelecidos;
4)  Unidade de comando. Cada empregado deve receber ordens de apenas um superior. É o princípio da autoridade única;
5)  Unidade de direção. Uma cabeça e um plano para cada conjunto de atividades que tenham o mesmo objetivo;
6)  Subordinação dos interesses individuais aos gerais. Os interesses gerais da empresa devem sobrepor-se aos interesses particulares das pessoas;
7)  Remuneração do pessoal. Deve haver justa e garantida satisfação para os empregados e para a organização em termos de retribuição;
8)  Centralização. Refere-se à concentração da autoridade no topo da hierarquia da organização;
9)  Cadeia escalar. É a linha de autoridade que vai do escalão mais alto ao mais baixo em função do princípio do comando;
10)Ordem. Um lugar para cada coisa e casa coisa em seu lugar. É a ordem material e humana;
11)Equidade. Amabilidade e justiça para alcançar a lealdade do pessoal;
12)Estabilidade do pessoal. A rotatividade do pessoal é prejudicial para a eficiência da organização. Quanto mais tempo uma pessoa permanecer no cargo, tanto melhor para a empresa;
13)Iniciativa. A capacidade de visualizar um plano e assegurar pessoalmente o seu sucesso e
14)Espírito de equipe. A harmonia e a união entre as pessoas são grandes forças para a organização.

  Os autores clássicos pretendem criar uma teoria da administração baseada em divisão do trabalho, especialização, coordenação e atividades de linha e de staff.
1)  Administração como ciência. O ponto de partida dos autores da Teoria clássica é o estudo científico da Administração, substituindo o empirismo e a improvisação por técnicas científicas. Pretendia-se elaborar uma Ciência da Administração. Fayol defendia a necessidade de um ensino organizado e metódico da Administração, de caráter geral para formar administradores. Em sua éopca, esta ideia era uma novidade;
2)  Teoria da organização. A Teoria Clássica concebe a organização como se fosse uma estrutura. Esta maneira de conceber a estrutura organizacional é influenciada pelas concepções antigas de organização (como a organização militar e a eclesiástica) tradicionais, rígidas e hierarquizadas. Neste aspecto, a Teoria Clássica não se desligou do passado, pelo menos segundo Orlando Behling em Unificação da teoria da administração: uma visão pessimista (apud Max S. Worthman Jr. E Fred Luthans, Conceitos emergentes em administração. Processo, comportamento, qualidade e sistemas, 1969, pp. 34-43.). Embora tenha contribuído para tirar a organização industrial da confusão incial que enfrentava em decorrência da Revolução Industrial, a Teoria Clássica pouco avançou em termos de uma teoria da organização. Para Fayol, a organização envolve a definição da estrutura e da forma, sendo, portanto, estática e limitada. James Mooney (1884-1957) e Allan Reiley, em Onward industry(1947, pp. 47-164), acrescentam que “a organização é a forma de toda associação humana para a realização de um fim comum. A técnica de organização pode ser descrita como a técnica de correlacionar atividades específicas ou funções em um todo coordenado”. Daí a importância que assume a coordenação. Para Lyndall Urwick (1891-1983), a organização militar é o modelo do comportamento administrativo. Assim, a preocupação com a estrutura e com a forma da organização marca a essência da Teoria Clássica. A teoria Clássica concebe a organização em termos de estrutura, forma e disposição das partes que as constituem, além do inter-relacionamento entre estas partes.


A estrutura organizacional constitui uma cadeia de comando, ou seja, uma linha de autoridade que interliga as posições da organização e define quem se subordina a quem. A cadeia de comando – também denominada cadeia escalar – baseia-se no princípio da unidade de comando, que significa que cada empregado deve se reportar a um só superior.
Para a Teoria Clássica, a estrutura organizacional é analisada de cima para baixo (da direção para a execução) e do todo para as partes (da síntese para a análise), ao contrário da abordagem da Administração Científica.
3)  Divisão do trabalho e especialização. A organização se caracteriza por uma divisão do trabalho claramente definida. “A divisão do trabalho constitui a base da organização; na verdade, é a própria razão da organização.”, como enuncia Luther Gulick em Papeis da ciência da administração (p. 3). A divisão do trabalho conduz à especialização e à diferenciação das tarefas, ou seja, a heterogeneidade. A ideia era a de que as organizações com maior divisão do trabalho seriam mais eficientes do que aquelas com pouca divisão do trabalho. Enquanto a Administração Científica se preocupava com a divisão do trabalho no nível do operário, fragmentando as tarefas deste, a Teoria Clássica se preocupava com a divisão no nível dos órgãos que compõem a organização, isto é, com os departamentos, divisões, seções, unidades, etc. Para a Teoria Clássica, a divisão do trabalho pode dar-se em duas direções, a saber:
a)  Divisão vertical do trabalho. Refere-se aos níveis de autoridade e responsabilidade (como na escala hierárquica de Fayol ou no princípio escalar de Mooney), definindo os escalões da organização que detém diferentes níveis de autoridade. A autoridade aumenta na medida em que se sobe na hierarquia da organização. A hierarquia define a graduação das responsabilidades conforme os graus de autoridade. Em toda organização há uma escala hierárquica de autoridade (princípio escalar ou cadeia escalar). Daí a denominação autoridade de linha para significar a autoridade de comando de um superior sobre um subordinado.
b)  Divisão horizontal do trabalho. Refere-se aos diferentes tipos de atividades da organização (como na especialização de Fayol ou n princípio de homogeneidade de Gulick). No mesmo nível hierárquico cada departamento ou seção passa a ser responsável por uma atividade específica e própria.
  A divisão do trabalho no sentido horizontal que assegura homogeneidade e equilíbrio é chamada departamentalização: refere-se à especialização horizontal da organização. A homogeneidade na organização é obtida quando são reunidos, na mesma unidade, todos os que estiverem executando o mesmo trabalho, pelo mesmo processo, para a mesma clientela, no mesmo lugar. Qualquer um destes quatro fatores – função, processo, clientela, localização – proporciona respectivamente departamentalização por função, por processo, clientela ou por localização geográfica. A ideia básica era a de que quanto mais departamentalizada a organização, tanto mais ela será eficiente, como idealiza Luther Gulick em Papeis da ciência da administração (p. 15).
4)  Coordenação. Fayol incluíra a coordenação como um dos elementos da Administração, enquanto outros autores clássicos a incluem nos princípios de Administração. Para Fayol, a coordenação é a reunião, a unificação e a harmonização de toda a atividade e esforço, enquanto para Gulick, se a subdivisão do trabalho é indispensável, a coordenação é obrigatória. Para James D. Mooney, a “coordenação é a distribuição ordenada do esforço do grupo, a fim de obter unidade de ação na consecução de um fio comum”, como define em Os princípios da organização (p. 5). A coordenação deve ser baseada em uma real comunhão de interesses. A coordenação indica que há um alvo ou objetivo a alcançar e que deve guiar os atos de todos. A pressuposição básica era de que quanto maior a organização e quanto maior a divisão do trabalho, tanto maior será a necessidade de coordenação, para assegurar a eficiência da organização como um todo.
 


Ao definir o que é Administração, Fayol definiu elementos que a compõem: previsão, organização, comando, coordenação e controle. Estes cinco elementos constituem as chamadas funções do administrador. Contudo, seus seguidores não aceitaram os elementos da Administração tais como o velho mestre afirmara. Cada autor clássico define a seu modo os elementos da Administração, embora não se afastem muito da concepção fayoliana.
1)  Elementos da Administração para Urwick. Lyndall Urwick (1891-1983), coronel inglês foi presidente da Urwick Orr na partners Ltd., empresa de consultoria em Administração. Escreveu vários livros para sistematizar e divulgar o conhecimento sobre a Administração, a saber: Papeis sobre a ciência da administração, O fazer da administração científica (1950), Treze pioneirosAdministração na indústria britânicaAs pesquisas de HawthorneCurta sobrevivência da administração industrial e Papeis ocasionais (1962). Urwick propõe sete elementos da administração como as funções do administrador:
a)  Investigação;
b)  Previsão;
c)  Planejamento;
d)  Organização;
e)  Coordenação;
f)  Comando e
g)  Controle.
  No fundo, Urwick apenas desdobrou a previsão (primeiro elemento de Fayol) em três distintos (investigação, previsão e planejamento). Para ele, os elementos da Administração constituem a base da boa organização, uma vez que uma empresa não pode ser desenvolvida em torno de pessoas, mas de sua organização.
2)  Elementos da Administração para Gulick. Luther Gulick (1892-1993), considerado o autor mais erudito da Teoria Clássica, propõe sete elementos da Administração, conforme Notas sobre teoria da organização (p. 3):
a)  Planejamento (planning). É a tarefa de traçar as linhas gerais do que deve ser feito e dos métodos de fazê-lo, a fim de atingir os objetivos da empresa;
b)  Organização (organizing). É o estabelecimento da estrutura formal de autoridade, por meio da qual as subdivisões de trabalho são integradas e coordenadas para o objetivo em vista;
c)  Assessoria (staffing). É a função de preparar e treinar o pessoal e manter condições favoráveis de trabalho;
d)  Direção (directing). É a tarefa contínua de tomar decisões e incorporá-la em ordens e instruções específicas e gerais, e ainda a de funcionar como líder da empresa;
e)  Coordenação (coordinating). É o estabelecimento de relações entre as várias partes do trabalho;
f)  Informação (reportig). É o esforço de manter informados, a respeito do que se passa, aqueles perante quem o chefe é responsável; pressupõe a existência de registros, documentação, pesquisa e inspeções.
g)  Orçamento (budgetting). É a função relacionada à elaboração, execução e fiscalização orçamentárias, ou seja, o plano fiscal, a contabilidade e o controle.
  As palavras (planning, organizing, staffing, directing, coordinating, reporting e budgeting) formam o acróstico POSDCORB, que Gulick utiliza para memorizar os elementos da Administração.
Gulick enumera planejamento, organização, comando e coordenação mencionados por Fayol. Porém, os elementos staffing, reporting e budgetting são novos.
  Para os autores clássicos não basta enunciar os elementos da administração que servem como base para as funções do administrador. É preciso ir além e estabelecer as condições e normas dentro das quais as funções do administrador devem ser aplicadas e desenvolvidas. O administrador deve obedecer às normas ou às regras de comportamento, isto é, aos princípios gerais que permitem desempenhar as funções de planejar, organizar, dirigir, coordenar e controlar. Daí os princípios gerais de Administração tomados como normas capazes de resolver os problemas organizacionais. Fayol enuncia 14 princípios. Os demais autores são menos ambiciosos e propõem uma quantidade menor.
Princípios de Administração para Urwick. Urwick propõe quatro princípios de Administração:
1)  Princípio da especialização. Cada pessoa deve exercer uma só função, o que determina uma divisão especializada do trabalho. Este princípio dá origem à organização de linha, à de staff e à funcional;
2)  Princípio de autoridade. Deve haver uma linha de autoridade claramente definida, conhecida e reconhecida por todos, desde o topo da organização até cada indivíduo de base;
3)  Princípio da amplitude administrativa (span of control). Cada superior deve ter um certo número de subordinados. O superior tem pessoas para supervisionar, bem como as relações entre as pessoas que supervisiona. O número ótimo de subordinados varia segundo o nível e a natureza dos cargos, a complexidade do trabalho e o preparo dos subordinados e
4)  Princípio da definição. Os deveres, autoridade e responsabilidade de cada cargo e suas relações com os outros cargos devem ser definidos por escrito e comunicados a todos.
  Apreciação crítica da Teoria Clássica. As críticas à Teoria Clássica são numerosas. Todas as teorias posteriores da Administração se preocuparam em apontar falhas, distorções e omissões nesta abordagem que representou durante várias décadas o figurino que serviu de modelo para as organizações. As principais críticas à Teoria Clássica são:
1)  Abordagem simplificada da organização formal. Os autores clássicos concebem a organização em termos lógicos, formais, rígidos e abstratos, sem considerar seu conteúdo psicológico e social com a devida importância. Limitam-se à organização formal, estabelecendo esquemas lógicos e preestabelecidos, segundo os quais as organizações devem ser construídas e governadas. Neste sentido, são prescritivos e normativos, como conclui Beatriz M. de Souza Wahrlich após Uma análise das teorias de organização (pp. 83-94): como o administrador deve conduzir-se em todas as situações através do processo administrativo e os princípios gerais que deve seguir para obter a máxima eficiência. A preocupação com as regras do jogo é fundamental.
  Sem dúvida, a preocupação com a estrutura da organização constitui uma substancial ampliação do objeto de estudo da TGA. A microabordagem no nível individual de cada operário com relação à tarefa é enormemente ampliada no nível da empresa como um todo em relação à sua estrutura organizacional.
2)  Ausência de trabalhos experimentais. A Teoria Clássica pretendeu elaborar uma Ciência da Administração para estudar e tratar a Administração substituindo o empirismo e a improvisação por técnicas científicas. Porém, os autores clássicos fundamentam seus conceitos na observação e no senso comum. Seu método é empírico e concreto, baseado na experiência direta e no pragmatismo e não confrontam a teoria com elementos de prova. Suas afirmações se dissolvem quando postas em experimentação, como concluem J. G. March e H. A. Simon em Teoria das organizações (pp. 42-43). O fato de denominarem princípios a muitas de suas proposições é criticado como um procedimento presunçoso, como alertam John N. Pfiffner e Frank P. Sherwood em Organização administrativa (1965, p. 73). As ideias mais importantes são catalogadas como princípios, o que provocou críticas, pois o princípio utilizado como sinônimo de lei deve, como esta, envolver um alto grau de regularidade e consistência, permitindo razoável previsão em sua aplicação, tal como acontece nas outras ciências, como observam John N. Pfiffner e Frank P. Sherwood em Organização administrativa (1965, p. 60).
3)  Extremo racionalismo na concepção da Administração. Os autores se preocupam com a apresentação racional e lógica das suas proposições sacrificando a clareza das suas ideias. O abstracionismo e o formalismo são criticados por elevarem a análise da Administração à superficialidade, à grande simplificação e a falta de realismo, como avalia H. A. Simon emComportamento administrativo. A insistência sobre a concepção da Administração com um conjunto de princípios universalmente aplicáveis provocou a denominação Escola Universalista, como classificam V. Waino e W. Suojanen em Teoria da Administração: funcional e evolucionáriaJornal da academia de administração  (1963, mar., vol. VI, p. 7). Alguns autores preferem, pelo espírito pragmático e utilitarista, a denominação de Teoria pragmática, como analisa Harold Koontz, em Princípios de Administração (pp. 174-188). O pragmatismo do sistema leva-o a apelar à experiência direta e não representativa para obter soluções aplicáveis de modo imediato, como observa Maurício Tractemberg, em Ideologia e burocracia (p. 79). Além do fato de erigir como verdades absolutas a descrição limitada e restrita de experiências e torná-las verdades, universalizando o particular, quase sempre é verdadeiro para aquela específica circunstância.
4)  Teoria da máquina. A teoria clássica recebe a denominação de teoria da máquina pelo fato de considerar a organização sob o prisma do comportamento mecânico de uma máquina: a determinadas ações ou causas decorrem determinados efeitos ou consequências dentro de uma correlação determinística. A organização deve ser arranjada tal como uma máquina. Os modelos administrativos correspondem à divisão mecanicista do trabalho, em que a divisão do trabalho é a mola do sistema.
A abordagem mecânica, lógica e determinística da organização foi o fator que conduziu erradamente os clássicos à busca de uma ciência da Administração.
5)  Abordagem incompleta da organização. Tal como aconteceu com a Administração Científica, a Teoria Clássica preocupou-se apenas com a organização formal descuidando-se da organização informal. O foco na forma e a ênfase na estrutura levaram a exageros. A teoria da organização formal não ignorava os problemas humanos da organização, porém, não conseguir dar um tratamento sistemático à interação entre pessoas e grupos informais, nem aos conflitos intra-organizacionais e ao processo decisório.
6)  Abordagem de sistema fechado. A Teoria Clássica trata a organização como se ela fosse sistema fechado, composto de algumas variáveis perfeitamente conhecidas e previsíveis e alguns aspectos que são manipulados por meio de princípios gerais e universais. Contudo, apesar de todas as críticas, a Teoria Clássica é abordagem sistemática e ordenada. Também para a execução de tarefas administrativas rotineiras, a abordagem clássica disseca o trabalho gerencial em categorias compreensíveis e úteis. Os princípios proporcionaram guias gerais e permitem ao administrador manipular os deveres do dia a dia de seu trabalho com confiança. Mantendo esta filosofia dos fatores básicos da Administração, a escola clássica permite uma abordagem simplificada. Sem mudar sua base, ela pode absorver novos elementos como fatores adicionais em sua filosofia, como admite Manek S. Wadia, em Natureza e foco da administração (1966, p. 33).
Conclusão. Apesar de todas as críticas, a Teoria Clássica é ainda a abordagem mais utilizada para os iniciantes em Administração, pois permite uma visão simples e ordenada. Também para a execução de tarefas administrativas rotineiras, a abordagem clássica disseca o trabalho organizacional em categorias compreensíveis e úteis. Os princípios proporcionam guias gerais que permitem ao administrador manipular os deveres do cotidiano do seu trabalho com mais segurança e confiança, conforme ressalva Maneck S. Wadia em Natureza e o foco da administração (1966, p. 33). Contudo, em uma era de mudança e instabilidade como a que atravessa-se, a abordagem clássica mostra-se rígida, inflexível e conservadora, pois ela foi concebida em uma época de estabilidade e permanência. Em resumo, a Teoria Clássica ainda tem sua utilidade no mundo atual. Ela é indispensável na compreensão das bases da moderna administração. Outras informações podem ser obtidas no livro Introdução à teoria geral da administração  de autoria de Idalberto Chiavenato.



A IMPORTÂNCIA DO COACHING NO MECANISMO DE INFORMAÇÕES E ORIENTAÇÕES SOBRE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO NO PERÍODO DA GINÁSTICA LABORAL

       por  Eric Ricardo Calhau de Castro, Dr.

RESUMO

Este trabalho científico tem como proposta e principal output, apontar os benefícios da implantação da metodologia Coaching no programa que se dedica a condicionar os colaboradores de uma determinada empresa, no período em que os mesmos estão em atividade de Ginástica Laboral juntamente com profissionais da área e com a presença do Coach, ginástica esta que desprende em média quinze minutos, e de forma motivadora, incorporadora e construtiva, esse período é dilatado em cinco minutos para que haja orientações e informações sobre os requisitos fundamentais a respeito de Saúde e Segurança do Trabalho e suas condições intrínsecas como forma de complementação dos mecanismos existentes de comunicação, compartilhamento das informações e orientações. Todos os procedimentos estarão respeitando os processos de informação e Segurança do Trabalho adotado por cada empresa, salientando que a regra é de não haver debates e sim, fazer com que os participantes desfrutem de feedback que possam gerar reflexões, indagações posteriores, descoberta de valores e potencialidades bem como colocar em voga a atenção quanto ao desempenho das diversas atividades da empresa harmonizando-as com o quesito saúde e segurança em seu leque de segmentos, conforme a promoção de uma parceria salutar e duradoura, estimulada com a presença do Coach para impulsionar os colaboradores a se colocarem num patamar de objetivo único, cuja meta e a redução de acidentes no trabalho e a saúde física e emocional dos mesmos.


Palavras-chave: Coaching - Reflexões - Inovação - Parceria - Segurança do Trabalho.

[1] Graduado em Engenharia Civil e Matemática. Livre Docente em Administração. Doutor em Administração de Negócios. Mestre em Sistema Educacional Superior. Especialista em Saúde e Segurança do Trabalho, Especialista em Metodologia do Ensino Superior. Professor Universitário há 29 anos com cargos de Coordenação de Cursos e Direção de Centros de Tecnologia em diversas IES.


[1]INTRODUÇÃO

As empresas estão buscando cada vez mais se precaverem no sentido de fazer com que seus funcionários na condição atual de colaboradores, se inspirem e adquiram uma maturidade elevada de tal forma que os acidentes no trabalho sejam eliminados, e para isto, alguns períodos destinados aos processos pertinentes à Segurança do Trabalho podem ser aproveitados, como neste caso o da ginástica laboral, para que o se exceda em cinco minutos dedicados a orientações quanto ao quesito Segurança do Trabalho, e todo este processo que vinha sendo acompanhado por profissionais de segurança, deve ser também acompanhado por um profissional Coach que pode proporcionar o uso de ferramentas para que cada funcionário colaborador, na condição de aprendiz, intensifique a sua percepção em relação aos riscos e desenvolva um senso de poder e controle sobre sua vida melhorando sensivelmente sua autodeterminação em seus diversos mecanismos de informação e orientação difundidos em uma empresa, seja ela de qualquer ramo de atividade, haja vista que a proposta ícone do mesmo, é fazer com que os colaboradores se envolvam ainda mais com as questões da saúde e segurança do trabalho, acarretando numa expressiva melhoria na qualidade de vida dos mesmos e também na lapidação da imagem da empresa, numa demonstração de preocupação legal e afetiva para com os seus pares de trabalho.
Assim sendo, espera-se que cada funcionário colaborador que esteja no ponto A, direcione-se para o ponto B que é o ponto onde o nível altamente consciente de atenção, foco, conhecimento, multiplicidade, companheirismo, espírito da melhoria contínua, utilização de feedback e outros tantos, sempre guiados mentalmente para o combate aos acidentes ocorridos no trabalho e à higiene que tanto preocupa a alta gestão em relação ao potencial humano da empresa.



È de fundamental significância colocar em relação aos colaboradores, na ótica do Coaching, que as competências impulsionam as organizações e seu uso constante as fortalece na medida em que se aprendem novas formas para seu emprego ou utilização mais adequada (FLEURY; FLEURY, 1995), assim podemos observar que o processo de aprendizado organizacional está vinculado ao desenvolvimento das pessoas que mantêm relações de trabalho com a organização. O olhar atento sobre as competências organizacionais revela uma série de questionamentos sobre sua instituição, desenvolvimento e acompanhamento.
Para ilustrar, a definição de Coaching é literalmente treinamento, mas quando falamos em Coaching estamos falando em uma metodologia que tem como objetivo ajudar a uma pessoa ou grupo de pessoas a realizarem uma mudança da maneira que ela contemple a direção ao seu ilustre e real objetivo. As raízes da expressão que se denomina Coaching, tradicionalmente são associadas com os esportes. Todo atleta de alto nível via de regra, tem um Coach como alicerce de todo o processo.
Ultimamente, o Coaching tornou-se aplicável a outras áreas, como negócios e outros aspectos da vida, sendo neste segmento específico, o de observar cada colaborador e poder fazer um mapeamento de sua inteligência emocional e sua eficácia para com a saúde e segurança do trabalho, de forma inicialmente coletiva e eventualmente individual, procurando adotar ferramentas principalmente de inteligência emocional e psicologia organizacional, para que a atenção a ser atribuída à saúde e segurança seja a máxima entre os colaboradores.

A distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes (VYGOTSKY apud NOVA ESCOLA ONLINE, 2004).

Nos dias de hoje vem se tornando comum, pessoas e empresas terem um Coach para ajudar a atingir metas na vida, no trabalho e também na gestão empresarial. Passamos por um momento onde as técnicas de Coaching são empregadas como ferramenta de apoio ao desenvolvimento pessoal e também das empresas. Necessário se faz deixar claro que o Coaching é um processo contínuo, não uma conversa eventual ou um acontecimento isolado. O líder Coach pode ser comparado a um maestro, que em alguns momentos trabalha e utiliza técnicas com apenas com um integrante, em outros orienta todos à distância e, em outros, corta os vínculos para que possam se desenvolver em áreas completamente fora do seu escopo.

Técnica é o procedimento ou o conjunto de procedimentos que tem como objetivo obter um determinado resultado seja no campo da Ciência, da Tecnologia, das Artes ou em outra atividade. (FERREIRA, 2004).


No processo de Coaching você leva as pessoas a aprenderem e a treinarem regularmente, ajudando-as a canalizar sua paixão pela aprendizagem para as melhores oportunidades e harmonizar a participação delas e dos demais integrantes da organização. O treinamento em Coaching auxilia pessoas e empresas a se desenvolverem de forma mais rápida e eficiente produzindo resultados mais satisfatórios quanto à saúde e segurança do trabalho, mapeando competências e identificando necessidades, acentuando e filtrando os canais de comunicação de acordo com a cultura de cada empresa.
Coaching é dessa forma, um processo definido com um acordo entre o Coach que é o profissional e o Coachee que é o cliente, para atingir um objetivo desejado pelo cliente. O Coach atuante como motivador, apoia o cliente na busca de realizar o objetivo, ajudando a traçar as diversas metas que somadas levam o Coachee motivado e extremamente focado ao encontro ao objetivo estabelecido dentro do processo de Coaching.
           
A atividade de Coaching trabalhada através da aplicação de um conjunto de técnicas e procedimentos, próprias apoiadas por habilidades específicas e competências, além de padrões e princípios éticos fundamentais e com significativas diferenças de outras atividades similares, como mentoring, consultoria, ensino e treinamento, para citar alguns exemplos.
A expectativa do experimento abordado neste trabalho científico que coloca o Coaching no processo de comunicação no período estendido da Ginástica Laboral com a presença do Coach observando as necessidades prementes de cada colaborador é a de que, quando concluído o processo, a empresa possua uma poderosa sistemática de prevenção ao seu dispor. A prevenção diminui o número de acidentes de qualquer empresa, e vão interferir diretamente no valor que a empresa terá que pagar de FAP (Fator Acidentário de Prevenção). Para empresas que fazem prevenção e conseguem resultados positivos de redução de acidentes a Previdência Social concede bônus que são descontos no valor a ser pago, estes valores incidem diretamente na folha de pagamento mensalmente da sua empresa.
Todo o exposto anteriormente incide em um montante de dinheiro que sai mensalmente dos cofres da empresa, para pagamento de FAP tabulado como dinheiro perdido e quando falamos que devemos diminuir os custos dos nossos produtos para ter mais rentabilidade, podemos considerar que aumentam o valor dos nossos custos e dificultando na competitividade com o mercado. O Coaching atuante na esfera de saúde e segurança do trabalho, além de melhorar significativamente os índices de segurança, resulta também em qualidade de vida para os participantes, que passam a ter sua produtividade muito maior que o seu padrão normal até então.


DESENVOLVIMENTO

Fazendo uma menção primordial ao papel legal das empresas, pois cabe a elas cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho incluído pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977, e dessa forma, uma série de etapas oficiais de caráter instrutivo, informadoras e motivadoras devem ser executadas, na expectativa de que os colaboradores participem de programas de treinamento, palestras, laboratórios e workshop, promovidos pela própria empresa, devidamente monitoradas e acompanhadas pela filosofia de trabalho Coaching onde o profissional habilitado tem como denominação profissional o termo intitulado de Coach.

Os encontros destinados às informações sobre saúde e segurança do trabalho, habitualmente acontecem no horário do expediente, observando adicionalmente que pode acontecer fora do horário de expediente e dessa forma, nota-se que o processo fica dificultoso por conta da ansiedade do colaborador em se deslocar para sua residência ou até mesmo para o seu local de estudos como é o caso de muitos, segundo constatação obtida através de entrevistas e é exatamente neste momento que o Coach entra em ação oferecendo aconselhamentos e orientações intensivas e focadas na missão de extinguir os acidentes, e tudo isto, fruto da responsabilidade e inteligência emocional adquiridas no processo.
Esta colocação é fruto de observações colhidas por profissionais habilitados em saúde e segurança, que notaram nos colaboradores uma desatenção nessas participações num formato estatístico acima da média, haja vista que o colaborador assume uma ansiedade elevada com vistas aos seus compromissos assumidos após expediente e é a partir daí que o elemento surpresa denominado de Coach entra em ação para tornar o processo decisivo, rumo aos seus objetivos máximos que fundamentalmente é fazer dos colaboradores, pessoas atentas, disciplinadas e multiplicadoras de informações sobre os requisitos de saúde e segurança do trabalho numa empresa.
Neste momento inicial de ação do Coach, a sua postura diante dos colaboradores de a de atuar como um agente transformacional aplicando um estilo de liderança a tal ponto que os mesmos se sintam a vontade a receberem positivamente a sua presença, focados os requisitos da saúde e segurança do trabalho. Para Burns (1978), um dos papéis centrais do líder transformacional é atuar de forma que o grupo se sinta estimulado a adotar a perspectiva pós-convencional. É por isso que Bass identifica o líder transformacional a partir de características como "inspiração", "estimulação" e "consideração". Na verdade, antes de ser alguém que determina o que o grupo irá fazer, o líder transformacional é aquele que inspira o grupo a assumir uma atitude reflexiva, a reconhecer-se como grupo e a perseguir os seus próprios valores existenciais.
Muitas foram as empresas que implantaram esta forma de trabalho, mas o problema diagnosticado no processo de extensão em cinco minutos do período da ginástica laboral para orientações destinadas à saúde e segurança do trabalho é que os colaboradores ficavam a mercê de suas ações e interpretação dessas informações e por conta disso, não havia um acompanhamento preciso dessas ações e foi aí que a metodologia Coaching foi implantada inicialmente como um teste e após um determinado intervalo de tempo, podemos externar resultados importantes ao longo deste trabalho.
Uma vez que a função do Coaching é ajudar as pessoas a mudarem na maneira que elas querem, ajudando-as a caminhar na direção do que elas querem ir. O Coaching apoia a pessoa em todos os níveis do processo de tornar-se quem ela quer ser e ser o melhor que ela pode, acrescentando ainda a de orientar as pessoas para que aprendam por si mesmo, fornecendo as armas poderosas para que se tornem desbravadoras do próprio desenvolvimento e isso é a essência do empreendedorismo. Ensinar as pessoas a extrair lições certas de suas experiências, a encontrar outras pessoas que possam ajudá-las e a obter seu próprio feedback e informações.
O Coach deverá fazer tudo que puder para arrancar essas opções do orientando ou da equipe que ele esteja orientando/gerenciando. Para isso, ele precisa criar uma atmosfera em que os participantes se sintam seguros o bastante para expressarem seus pensamentos e ideias sem inibição ou medo de julgamento do Coach ou de outros. Todas as contribuições, ainda que aparentemente bobas, precisam ser anotadas, geralmente pelo Coach, para o caso de elas conterem um embrião de ideia que possa se encher de significação à luz de sugestões posteriores.

Segundo Gonçalves:

Segurança do Trabalho pode ser definida como a ciência que, através de métodos preventivos apropriados, estudando-se as causas de acidentes de trabalho, possibilitam a adoção de medidas técnicas que objetivem eliminar, ou pelo menos, diminuir a ocorrência de acidentes do trabalho. (GONÇALVES, 1995. P. 12)

Como mecanismos de informação adotados para fazer de forma corriqueira com que um colaborador esteja atento à questão da Segurança do Trabalho incluindo o fato de estar sempre condicionado a repensar sobre formas de melhorar os processos de suas atividades, geralmente colocam-se cartazes em pontos estratégicos, folhetos próximos à estação onde a atividade vai ser desenvolvida, envio de e-mails esporádicos, programas de treinamento nem sempre rotineiros e na maioria das vezes com muita ausência de colaboradores e outros mecanismos peculiares a cada empresa.
Este viés está pautado na expectativa de reduzir o índice de acidentes e instruir e motivar cada indivíduo sobre as regras e normas de segurança da empresa que devem ser absolutamente respeitadas por cada membro integrante da mesma, informando inclusive nestes mecanismos, quais serão as implicações trabalhistas em nível de punição para os que não cumprirem as normas estabelecidas pela empresa.
Como fundamentação e reiteração, o programa de Ginástica Laboral que deve ser oficialmente adotado pelas empresas, conforme legislação própria e que se alinha ao formato retilíneo à implantação de atividades físicas orientadas e praticadas durante o horário do expediente visando à melhoria pessoal e desempenho dos colaboradores para um bom desenvolvimento de um trabalho em equipe, sendo o período destinado à mesma, de quinze minutos.
As empresas que promovem a prática dessa modalidade também são beneficiadas, na medida em que os funcionários não faltam tantas vezes ao trabalho por motivos de doença. A Ginástica Laboral também fortalece as relações para o desenvolvimento de trabalhos em equipe e aumenta a produtividade, beneficiando a empresa em caráter financeiro, fortifica a imagem e eleva a autoestima dos funcionários em todos os seus escalões.
Dentre os inúmeros benefícios físicos e mentais, as técnicas específicas utilizadas na Ginástica Laboral podem ainda contribuir para aliviar o estresse e as tensões acumuladas, provocadas pelo excesso de trabalho; reeducar a postura corporal, principalmente para trabalhos que exijam movimentos repetitivos; diminuir o sedentarismo e a fadiga; aumentar o ânimo, melhorar o desempenho no trabalho e a integração no grupo de trabalho; prevenir lesões nas mãos, ombros, coluna, punhos e as doenças como LER (Lesões por Esforços Repetitivos), e tudo isto monitorado pelos profissionais específicos da área e pelo Coach.
É importante e salutar mais uma vez salientar que o programa de Ginástica Laboral além de ser obrigatório, promove grandes benefícios para as empresas, motivo pelo qual essa atividade física é estimulada e implantada por diversas organizações. Mediante o panorama técnico exposto, a pesquisa tem elevada significância e está ligado diretamente com o objetivo principal que é o de minimizar os impactos negativos oriundos do sedentarismo na vida e no trabalho, atuando na prevenção de doenças nos sistemas muscular e nervoso. Como consequência, a organização só obtém resultados relevantes, tais como um colaborador mais motivado e disposto na execução de suas atividades, o que acarreta um aumento considerável na produtividade conforme diagnose verificada em outros experimentos científicos e a metodologia Coaching deverá dar suporte a cada grupo quando da ginástica laboral, procurando  identificar anomalias que necessitem de medidas preventivas em nível de foco e cumprimento as Normas estabelecidas. Em respeito à Legislação do exercício do ofício, o profissional que vai atuar numa empresa como orientador no programa de Ginástica Laboral deve estar qualificado para o exercício dessa função conforme a lei 9696 de 1998. Ele deve ser graduado em Educação Física e de preferência com especialização em Ginástica Laboral empresarial e deve atuar em parceria com o profissional coach também qualificado e que esteja em sintonia com a cultura da empresa.
Observa-se que existem muitos profissionais graduados em Educação Física sem a devida pós-graduação que o habilita a ministrar e conduzir a Ginástica Laboral nas empresas, mas o fato de que já militam nessa função por muito tempo e com a experiência adquirida, acabam sendo bem aceitos pelas empresas e por conta disso e de forma profissional e apropriada, conduzem bem a sua função, cabendo registrar que o coach atua junto a estes profissionais que conduzem o processo de informação após o período da ginástica laboral, intensificando suas potencialidades.
Registra-se que através de coleta de dados e pesquisa bibliográfica, estes profissionais recebem grandes orientações de profissionais de áreas correlatas como Profissional de Saúde e Segurança do Trabalho, Fisioterapeutas, Psicólogos, Médicos, especialistas em Ergonomia e outros, com o intuito de tornar a sua prática, recheada de parâmetros legais e técnicos, fazendo assim com que tal atividade seja eclética, e suprindo a necessidade da especialização específica, mas se tem observado que o Coaching chegou para ficar e realmente incrementar a estrutura organizacional rumo à redução e por que não mencionar a eliminação dos mesmos, e isto depende fundamentalmente do grau de maturidade e visão de futuro dos colaboradores para com esta temática.

Geralmente a função desse profissional em conjunto com outros, não é somente aglomerar um número considerável e bem dimensionado de funcionários num espaço físico permanente ou adaptado momentaneamente para o procedimento de fazer uma série de exercícios de alongamento, relaxamento e até mesmo de musculação. Os profissionais específicos de saúde e segurança do trabalho em parceria com o Coach, devem estimular o interesse pelo ato de conversar intensamente com os colaboradores no sentido de instruir, orientar e tão importante quanto, fazer indicações de atividades físicas pertinentes aos meios externos à empresa, para que a saúde dos orientados não seja apenas uma regra, mas sim, uma cultura a ser adotada e executada para fins de melhoria no desempenho de todas as suas funções, pois não se pode deixar de ser repetitivo neste sentido, ou melhor, um colaborador com qualidade de vida fora da empresa em nível de forma física, mental e de alimentação, produz muito mais do que aquele que se restringe apenas à Ginástica Laboral na empresa e consequentemente os lucros são para a empresa que investe nisso, tendo sempre o seu colaborador motivado e presente em suas atividades e nestas condições, o coach fundamentalmente destina-se a fazer com que cada colaborador identifique a sua potencialidade, os seus anseios e determinem o seu foco extra empresa, ou seja, partindo do ponto A para o ponto B onde a qualidade de vida intra e extra empresa seja voltada exclusivamente para o atendimento às suas expectativas em prol de todas as partes e segmentos.

Segundo Cañete:
                                  
Eis que para recuperar os danos provocados. Durante a atividade de trabalho, as empresas, cujos processos de gestão atendem aos preceitos universais e modernos em voga, estão investindo em programas de Ginástica Laboral, não se trata de mais um modismo por parte das empresas, mas sim de uma iniciativa que veio para ficar. (CAÑETE, 2001, p.45)


No eixo Sul-Sudeste do Brasil, zona mais industrializada, a Ginástica Laboral já faz parte da rotina de algumas empresas há muitos anos, isso é evidenciado no marketing de muitas empresas dos diversos setores, que, por meio dos seus websites, divulgam os investimentos na qualidade de vida dos trabalhadores e nas condições e carga de trabalho através dos programas de Ginástica Laboral que está diretamente ligada à ergonomia e por assim ressaltar a Segurança do Trabalho.
A intenção de adotar uma dilatação do período da Ginástica Laboral para vinte minutos, onde os cinco minutos finais serão destinados a orientações e informações a respeito da Saúde e Segurança do Trabalho e também sobre as Normas Regulamentadoras, está em congruência com a necessidade de se aprimorar e ampliar os mecanismos de divulgação dos requisitos de segurança já adotados, exercendo em cada colaborador, em doses tipo homeopáticas, uma atenção mais apurada e indagadora quanto às questões da segurança como reforço positivo e complementar, fazendo-o estar constantemente atento às mesmas, sem causar nenhum grau de estresse por conta de determinado assunto rotineiramente abordado, culminando na pretensão de fazer acontecer a redução e porque não, a extinção de acidentes e doenças ocupacionais, onde a ergonomia cognitiva fica mais evidenciada nesta nova postura de encontro de pessoas para a realização de uma ginástica e que acaba se estendendo a orientações e consequentemente, com a presença do Coach, as abordagens não direcionadas para uma realidade eficaz em nível de encontros necessários, de forma grupal ou individual, onde se coloca em voga a importância da atenção a ser dada ao quesito saúde se segurança.
Ressalta-se que o profissional da Ginástica Laboral nem sempre está apto a promover tais divulgações e assim, surge apropriadamente uma necessidade complementar de fazer com que o profissional de segurança prepare em um documento, o conteúdo a ser divulgado, que pode ser com informações simplórias ou até mesmo complexas, para ser abordado pelo professor de educação física sem ultrapassar o limite de tempo e com a presença do Coach que irá fornecer a alternativa de uma crescente consciência dos atributos únicos do corpo e da mente de cada indivíduo, enquanto desenvolve a capacidade e a segurança para melhorar sem a prescrição de terceiros. Isso desenvolve a autoconfiança, a segurança e a responsabilidade próprias. Eventualmente o profissional qualificado da área de segurança, geralmente um técnico de Segurança do Trabalho, irá acompanhar in loco o professor da Ginástica Laboral, para que ele mesmo desenvolva o processo de informação e orientação junto aos participantes daquele grupo e também dos demais, sempre focado numa metodologia de Coaching e com metodologia acadêmica, adequadas ao ambiente e ao propósito do projeto de informação e também, no comportamento de cada indivíduo para obtenção da atenção e incorporação das informações esperada, e isto, em conformidade com a ergonomia cognitiva.

Segundo Leite:

À medida que o indivíduo declina fisicamente pode haver uma deterioração concomitante na sensação de bem estar, resultando em autoestima precária, ansiedade, fadiga e depressão.  Estes estão frequentemente associados à pouca motivação e uma redução adicional na atividade física. (LEITE, 1996, p.18)

Foi realizado o experimento de dilatação do período da Ginástica Laboral em cinco minutos, num mesmo período, em duas empresas para dar fundamentação científica ao tema pertinente ao trabalho científico. Estas duas empresas de ramos diferentes que aqui terão os seus experimentos denominados de nº 1 e nº 2 estão localizadas no Estado do Rio de Janeiro e em cidades diferentes, ou seja, uma em Volta Redonda e a outra no Rio de Janeiro e a Razão Social de cada uma será preservada a pedido da direção.
Esta consideração foi mencionada pela direção de uma das empresas, atendo-se ao fato de que este projeto poderia tratado como produto comercial e foi então informado que se tratava de uma pesquisa destinada à ampliação e multiplicação de conhecimentos em sua amplitude, tendo cunho acadêmico-científico e não podendo jamais ser dado tratamento comercial. Dessa forma, a direção de cada empresa aceitou a argumentação e concedeu toda a estrutura necessária à realização da pesquisa. Foram assim sendo preservados os nomes das duas empresas
O experimento nº 1 foi destinado a uma Instituição de Ensino Superior e com Cursos Técnicos, com aproximadamente 700 colaboradores e destacando que a predominância dos colaboradores era de sexo feminino e com atividades mais suaves, voltadas para a área administrativa, mas com fortes incidências de necessidade de aplicação técnica da Ergonomia como fator determinante para a prevenção de doenças ocupacionais e outras atividades com grau de relevância mediano quanto ao quesito referente a risco de acidentes de trabalho, como por exemplo, a parte de manutenção elétrica e construção civil.
O experimento nº 2 foi destinado a uma indústria de fabricação de cimento, com aproximadamente 2.300 colaboradores, destacando que a predominância dos colaboradores era do sexo masculino e com atividades mais exigentes em nível de condições de trabalho e carga ligadas à fabricação, transporte e elevação de materiais.
Ambos os experimentos tiveram início na mesma data e os processos de partida adotados foram absolutamente idênticos, não comprometendo assim a ideologia científica, contando inicialmente com a presença de profissionais ligados diretamente à área de saúde e segurança e posteriormente, foi incrementada a presença da metodologia Coaching contando definitivamente com a presença de um profissional Coach para tratar das considerações pertinentes exclusivamente à saúde e segurança mas interferindo quando necessário, em segmentos ligados à mesma como por exemplo e que foi verificado, o grau de satisfação para com as Normas da empresa, salário, ambiente ocupacional e nível de liderança dos responsáveis por cada setor.
Os experimentos nestas empresas foram iniciados em março do ano de 2015 com projetiva científica de duração para doze semanas e conforme o planejamento, os envolvidos diretamente neste trabalho científico deverão adotar uma postura de incorporação do tema contando com a metodologia Coaching e estimulação no que se refere a reflexões diversas voltadas à melhoria da qualidade de vida provocadas pela redução ou mesmo a extinção do inimigo maior dessa qualidade que é o acidente, seja técnico ou ocupacional.
A estratégia inicial adotada foi a de não comunicar aos colaboradores que participam da Ginástica Laboral que tal ampliação para informações e orientações quando a Segurança do Trabalho tratava-se de uma pesquisa, pois esta informação poderia provocar uma alteração comportamental nas pessoas e a pesquisa estaria comprometida, e dessa forma, foi informado que se tratava de um novo procedimento da empresa. Em síntese, a empresa decidiu adotar esta nova postura dos vinte minutos e os colaboradores deveriam aceitar, mas partindo da premissa de que se trata de uma decisão que visa melhorar os aspectos de segurança na empresa adicionando-se a interferência do Coach que foi formalmente apresentado e teceu as suas considerações iniciais e a necessidade bem como os motivos de sua presença na empresa, incluindo o período da ginástica laboral, nesta nova fase.
O grupo geralmente formado por vinte indivíduos desloca-se para um ambiente adaptado, contendo espaço suficiente para os exercícios e cadeiras em número adequado para os ouvintes que acabaram de praticar a Ginástica Laboral e a partir daí iniciou-se o programa de dilatação do tempo envolvendo os cinco minutos finais bem aproveitados para orientações e informações sobre Segurança do Trabalho e o Coach sempre observando e se colocando a disposição em horários pré-definidos para os atendimentos pertinentes. Destaca-se que o Coach pelo menos uma vez por semana, tecia suas considerações ao grupo, ocupando os cinco minutos estendidos da Ginástica Laboral e isto elevou substancialmente o grau de interesse pela metodologia Coaching e deu consequentemente, conforme observado, um grau de seriedade para com os preceitos da saúde e segurança do trabalho, bem como a constatação junto aos colaboradores de uma maior respeitabilidade pela empresa, haja vista que perceberam que esta estava se empenhando cada vez mais para uma melhoria da qualidade de vida dos colaboradores na empresa e até mesmo fora dela, pois a metodologia Coaching promove esta consolidação em sua essência.
A conduta adotada como protocolo inicial, foi a de que o profissional de saúde e segurança preparava juntamente com o Coach e de forma diária, o material sobre Segurança do Trabalho a ser lido pelo professor de educação física e que em todos os dias da semana, este profissional estava no local da Ginástica Laboral para exercer a sua missão de forma oral e/ou expositiva sobre Segurança do Trabalho. Esta etapa foi amplamente exercida e a partir de um determinado período, com uma nova metodologia, a presença do Coach ficou evidenciada e consolidada, conforme enunciado no parágrafo anterior e os encontros passaram a ficar mais rigorosos e ao mesmo tempo descontraídos, cabendo ao grupo, determinar as condições de exposição a saúde e segurança assim como elementos de conduta, descoberta de potencial e outros, oriundos das exposições do Coach.
Os profissionais habilitados em Saúde e Segurança em parceria com o profissional Coach começaram os seus trabalhos semanais comparecendo ao setor da ginástica laboral adotando recursos técnicos de exposição oral e de vídeo e após seis semanas, ficou claro vários assuntos pontuais mereciam respostas posteriores ficando assim evidenciado que uma foto conjugada com uma informação sobre ela causa um efeito fantástico em nível de fazer com que o indivíduo fique com aquela imagem em seu pensamento e por conta disso, o sistema humano de reprocessamento das atividades se torna constante, haja vista que aquela imagem certamente de acidente, não pode ser um episódio que faça parte de sua vida profissional, sobretudo com as exposições do profissional Coach que neste momento, evidenciava o bem-estar de cada um a partir da autodescoberta e dos danos a si próprios mais intensos do que os danos causados a empresa.
Foi observado no experimento nº 1 (Instituição de Ensino) que o interesse dos participantes era elevado e que a regra dos cinco minutos com a presença do Coach não poderia mais ser descartada. Foi então que o setor de saúde e segurança juntamente com o setor do Coach foram altamente exigidos quanto às visitações dos colaboradores sedentos em termos de explicações e orientações a respeito da segurança e carreira, detectando-se que a demanda dessa esfera da preocupação era para com os segmentos da Ergonomia, flutuando a respeito da saúde, e também pela postura, iluminação e ventilação em seus ambientes de trabalho, acrescentando a condição de aprimoramento nas condutas profissionais, etiqueta e construção de carreira dentro e fora da empresa. Como dados técnicos, foi diagnosticado que a NR-17 (Ergonomia) teve 80% de índice observância por parte dos colaboradores e a NR-10 (Serviços em Eletricidade) com 15%, ficando as demais Normas Regulamentadoras com os 5% restantes, e a questão da metodologia Coaching que foi trabalhada a parte, ficou com 100% de observância.
A partir das informações, orientações e explicações promovidas nos cinco minutos adicionais à Ginástica Laboral, notou-se que o grau de interesse dos colaboradores passou a ficar mais acentuado, pois no ato da ginástica, onde o relaxamento da carga de trabalho acontece, o nível de atenção se eleva, passando a ser evidenciado pela ótica da condição física e mental de cada indivíduo. A tendência do projeto técnico agregado à metodologia Coaching junto aos colaboradores é despertar o interesse em melhorar sua qualidade de vida dentro e fora da empresa e esta observação que já era esperada, passou a conferir resultados positivos, haja vista tratar-se de uma postura inovadora da empresa, onde o colaborador passou a sentir-se mais valorizado, motivado a querer conquistar conhecimentos para melhorias contínuas fruto da combinação de tecnicidade e metodologia Coaching, que até então eram apenas lidos em cartazes por todos os envolvidos e tidos como regras de caráter punitivas da empresa.
Ressalta-se que um ambiente de trabalho numa determinada empresa destinado à Ginástica Laboral de forma coletiva, onde impera a integração e o despertar pelo conhecimento e autopotencial direcionados à Segurança do Trabalho e agora, adicionando-se a aplicação da metodologia Coaching, por conta dessa inovação, ou seja, quinze minutos de Ginástica Laboral e mais cinco minutos destinados à produção do conhecimento em saúde e segurança para melhoria da qualidade de vida dentro e fora do ambiente de trabalho, ressaltando que o próprio professor de educação física ou o Coach expõe a leitura preparada, é de esperar tal qual foi tabulado que os colaboradores se voltaram muito mais para as questões específicas de saúde e segurança e agregaram valores a esta postura, quando passaram a entender a metodologia Coaching que os direcionou ao elevado grau de consciência que devem possuir para combinar a redução de acidentes com a construções de uma carreira sólida, fruto da produção do conhecimento e do despertar a respeito de outras posturas profissionais como feedback, mentoring e demais ferramentas do Coaching que estimulam o aprimoramento de cada colaborador.
 Estas colocações muitas vezes são assimiladas e questionadas, gerando expectativas, dúvidas e alertas. Todas estas situações questionadoras deverão ser sanadas no local da recepção de pessoal da Segurança de Trabalho juntamente com o Coach. Nos experimentos que foram os alicerces deste trabalho científico e que serão abordados mais adiante, foi diagnosticado então que muitas dúvidas foram sanadas através da comunicação eletrônica, onde por e-mail, em horários que passaram a ser pré-definidos, muitos colaboradores estabelecem contato com o setor de segurança e com o Coach, procedendo as suas indagações ou externando sobre as suas inseguranças. Por conta dessa mudança de hábito dos colaboradores, coube ao setor de segurança em parceria com o Coach, estar preparado para com este atendimento e preparar os seus membros colaboradores do setor a responder de imediato à esta nova demanda diferenciada de comunicação e tais membros foram passivamente abordados pelo Coach no sentido de fazer acontecer um feedback mais claro e amplo, assim como a adoção de uma postura responsável diante de seus clientes.

Para ratificar o exposto anteriormente registra-se como exemplo que em janeiro do ano de 2013, a K3 Laboral Fitness - empresa especializada em promover o bem-estar organizacional, realizou uma pesquisa junto a 1.200 funcionários que atuavam em cinco empresas de médio/grande porte e que adotavam aulas de Ginástica Laboral. O resultado apontou que a produtividade nessas empresas aumentou, enquanto o número de funcionários afastados por lesões caiu em 40%. Com relação aos colaboradores, os dados revelaram que 95% dos entrevistados sentem-se mais dispostos, 60% tiveram suas dores reduzidas e 89% perceberam melhoras na postura.
A bandeira a ser abraçada é a de trabalhar literalmente em prol da Segurança do Trabalho numa determinada empresa, destacando que estes dados foram extraídos no dia 23 de abril do ano de 2013 e nesta ocasião a metodologia Coaching não havia sido implantada nas empresas da forma como foi colocada neste experimento.
Uma analogia a ser colocada em destaque diz respeito às pessoas que quando são motivadas e devidamente instruídas pelo profissional Coach que abraça a cultura da empresa sem julgamento de valores, tendem a se autovalorizarem e a seguirem os conceitos em paralelo com a prática da saúde e segurança. Tendem também a se precaver ainda mais quanto aos possíveis acidentes numa empresa e estas acabam contaminando positivamente os seus pares de trabalho, multiplicando os seus conhecimentos e relatos sobre segurança direcionados para um estilo de liderança democrática. O que se busca constantemente é a melhoria da forma como estes conhecimentos são transmitidos e processados pelos colaboradores para que haja uma ação radical, frutífera e salutar em prol da Segurança do Trabalho.
Explorando a Ergonomia em seu histórico e desenvolvimento, com o crescimento da produção das empresas para conseguirem acompanhar a demanda que aumenta a cada dia no mercado de trabalho, a imposição de horas extras, o aceleramento do ritmo, monotonia das atividades, a grande pressão e o controle sobre as atividades do trabalhador, contribuem para a falta de sentido ou a perda de significado do trabalho, surgindo assim, as doenças físicas e psíquicas.
As preocupações com o corpo no âmbito de ver neste uma racionalidade que o torne mais útil e produtivo, não vem de agora. Com a Revolução Industrial dos séculos de XVIII e XIX, houve inserção dos valores de produtividade e rendimento como ideais para serem cultivados. Fazia-se necessário garantir a utilização plena e com segurança das energias vindas do corpo dos trabalhadores. Para garantir o alto nível de exploração da força de trabalho, as ciências biomédicas apontaram os indicadores para os estudos referentes ao corpo e a partir dessa temática, o Coach deve promover junto ao colaborador, uma gama de ferramentas que possam estar em conformidade com os anseios dos mesmos, mantendo constantemente acesa a chama da motivação e condição mental de que cada atividade é de suma importância para a empresa e para a sua carreira ou até mesmo, a manutenção de sua permanência na empresa, pois nos dias de hoje, manter a empregabilidade é uma questão relevante para o indivíduo.
Como aponta Soares:

Com a utilização progressiva e cada vez mais específica de máquinas no mundo do trabalho, a força física teve sua importância bastante reduzida para a população. O relevante passou a ser a obtenção e sustentação de uma ou outra qualidade física, a resistência e, sobretudo, a resistência ao desgaste nervoso, a fadiga. Desponta então uma nova ciência, a ergonomia, ciência da fadiga, das relações entre o homem e a máquina no processo de trabalho. (SOARES, 1998, p.86).


Diante da Ergonomia, entende-se a pesquisa feita nas organizações de trabalho, com o objetivo de adaptar o trabalho e as informações ao homem, com a finalidade de obter resultados gerais do sistema, definindo-se como o conjunto de conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários para a concepção de ferramentas, máquinas e dispositivos que possam ser por ele utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficácia, evidenciando com propriedade e constância a quebra do paradigma a respeito da Segurança do Trabalho. O profissional Coach deve envolver o colaborador a construir seu pensamento direcionado para um feedback que possa trazer resultados positivos para a empresa e principalmente, que tornem a sua atividade mais dinâmica e com o menor esforço possível, mantendo a qualidade, e esta postura só poderá ser conquistada a partir do instante em que o colaborador se envolve com a metodologia Coaching e prospera o seu espírito de liderança para consigo próprio e consequentemente, uma vez observado por seus pares de trabalho, o espírito de autoliderança será difundido dentre os demais.

A adoção das empresas do programa de Ginástica Laboral ligada à Ergonomia e com a presença do profissional Coach não pode ser uma iniciativa isolada, tem que fazer parte de uma série de adequações úteis à realidade do mundo da empresa, pois é sabido que a Ergonomia nos postos de trabalho é o estudo minucioso do número de ações que os trabalhadores podem executar, a fim de atingir um nível produtivo e satisfatório para as empresas. A postura do Coach neste campo é de inquestionável necessidade, pois as medidas de processos podem gerar compromisso para o aprendizado. Quando as pessoas acompanham ciclos de tempo nos processos como rotação de estoque ou tempo destinado à instruções normativas, também estão melhorando sua capacidade de agir e responder, sendo uma medida que pode encorajar o aprendizado de melhorias contínuas. O benchmarking (processo de comparação de produtos, serviços e práticas empresariais) externo de concorrentes a respeito do mesmo processo também proporciona comparações úteis que produzem oportunidades de aprendizado. O aprendizado pode estar presente em todas as atividades das pessoas. E pode ser medido e impulsionado gerando compromisso e resultados.
Como diz o chairman Richard Teerlink também conhecido como Rich, que foi Consultor da Diretoria e CEO da Vertex Inc. desde 04 de fevereiro de 2015. O Sr. Teerlink atuou como CEO da Harley-Davidson Inc., (um fabricante de motocicletas) 1989-1997, Presidente 1988-1997 e presidente de 1996 a 1998. O Sr. Teerlink atuou como presidente e diretor de operações da Harley-Davidson Inc. desde 1988.

Todos os funcionários devem estar focados na questão de por que as coisas estão sendo feitas da maneira atual. A revisão de mente aberta para cada aspecto da organização é condição essencial para nosso sucesso.


Conforme FERREIRA & MENDES (2001) estudando as relações entre Ergonomia e psicodinâmica, em abordagem sobre as relações do homem com o trabalho, destacam que prazer e sofrimento são uma vivência subjetiva do próprio trabalhador, compartilhada coletivamente e influenciada pela atividade de trabalho. Ao demonstrar as consequências desejadas do aprendizado, abre-se o caminho para incentivar uma cultura de aprendizado na organização. Conforme a metodologia Coaching que proporciona as condições para resultados considerados positivos e segundo Ashkenas et al. (2002), algumas ações do Coach permitem esclarecer as consequências positivas do aprendizado, a saber: avaliar ações de aprendizado e os resultados obtidos nas avaliações de desempenho; solicitar aos múltiplos parceiros (superiores, subordinados, pares e colegas, clientes internos e externos, fornecedores internos e externos) a avaliação do desempenho através de uma visão de 360°; recompensar as pessoas quando elas adquirem conhecimentos e se motivam à criação de habilidades com os lembretes e consequências de experiências bem-sucedidas e malsucedidas; dar atenção especial a prêmios de reconhecimento e recompensa para as pessoas que antecipam necessidades de competência e estratégias de aprendizado; encorajar e recompensar a tentativa e a experimentação; criar bônus e sistemas de incentivo ao aprendizado; ajudar as pessoas a serem responsáveis por resultados, sem punir iniciativas de experimentação que possam falhar.

Nessa perspectiva analítica, todo o trabalho veicula implicitamente em um custo humano que se expressa sob a forma de carga de trabalho, e as vivências de prazer e sofrimento têm como um dos resultantes, o confronto do sujeito com essa carga que, por conseguinte, é conflitante com o seu bem-estar. Como diz Chiavenato (2012), durante décadas a fio e em toda a Era Industrial, foi essa a abordagem predominante a respeito da atividade humana nas organizações (ser humano = mão de obra que aplica energia muscular ao trabalho).
A padronização imperava em todas as organizações e nesta perspectiva, o Coach permanece com o colaborador individualmente ou grupalmente até o momento em se conseguir atingir o resultado esperado ou chegar ao ponto que espera chegar. Uma espécie de missão que somente termina quando o objetivo é alcançado, mas nas empresas, este processo é cíclico e a presença do Coach pode se tornar permanente ou não, dependendo das necessidades estremadas, procurando dar força e poder para que as intenções da pessoa se transformem em ações efetivas e que se traduzam em resultados.
Esta afirmativa reporta-se à NR-17 que versa sobre Ergonomia e que está nos dias de hoje, altamente requisitada pelos colaboradores da maioria das empresas sediadas no Brasil, e de fato, são os fatores ergonômicos que causam a maioria dos afastamentos dos colaboradores de suas atividades cotidianas, com alguns sendo deslocados para outra função, mas a grande maioria, afastado de qualquer tipo de atividade da empresa, permanecendo em casa e afetando o planejamento de gestão de pessoal em nível de dimensionamento de cada setor de uma empresa. Estas colocações estão em conformidade com os dados registrados no site de Ergonomia do Ministério do Trabalho. Esta é uma preocupação evidente e transparente das empresas que primam pela qualidade de vida dos seus colaboradores seja ela em nível pessoal, profissional e coletivo, verificado que estudos e até mesmo a própria razão aponta no sentido de fazer com que se saiba que uma pessoa satisfeita, é mais produtiva, mais atenciosa e aplica de forma mais consistente a ética profissional e com isto, quem sai ganhando é o colaborador por sua saúde plena e a empresa que passa e ter custos menores com doenças, acidentes e manutenção dos equipamentos e ferramentas. Tudo isto fruto do projeto de informação continuada do período da Ginástica Laboral.
Conforme enunciado no PORTAL RH de SEGURANÇA (2015), Quem previne, poupa. O Brasil gasta anualmente R$ 20 bilhões com acidentes e doenças de trabalho, portanto, oferecer condições de segurança tornou-se requisito obrigatório às empresas que desejam ser competitivas. Com a segurança, saúde e qualidade de vida no trabalho, diretamente ligadas à responsabilidade social da empresa, é preciso aliar os investimentos em prevenção, com a formação e treinamento de trabalhadores e profissionais da área.
Como redundância, no experimento nº 2, que foi realizado numa empresa com aproximadamente 2300 colaboradores e de grau de risco mais elevado pelo fato de se reportar à produção industrial de cimento e com um número maior de colaboradores do sexo masculino bastante significativo em relação ao sexo oposto, as questões mais expressivas são de riscos em atividades que geralmente o homem que executa pela elevada carga, exigindo esforço físico maior e evidenciou-se que a presença do Coach foi ainda mais expressiva por conta do número de indagações e de procuras para sessões pertinentes a mudança de hábitos, melhoria na carreira adicionando-se as preocupações para com as condições de trabalho, especificamente qual deveria ser a melhor conduta do colaborador para se atingir tais objetivos. Nesta etapa e pela cultura da empresa, o papel do Coach foi determinante como conselheiro e até mesmo, de forma necessária e austera, saindo do escopo da metodologia e sugerindo posturas e ações.


Tal empresa também executa de forma legal a prática da Ginástica Laboral com um grupo geralmente formado por trinta colaboradores que se desloca para um ambiente adaptado para a prática da ginástica e a partir daí iniciou-se o programa de dilatação do tempo envolvendo os cinco minutos finais para orientações e informações sobre Segurança do Trabalho e desta forma, foi observado que o profissional de Segurança preparava diariamente o material a ser lido pelo professor de educação física e que todos os dias da semana o mesmo estava presente naquele local, juntamente com o Coach para proceder a sua atividade seguindo assim o mesmo padrão de conduta experimental adotado no experimento nº 1.
Ficou evidenciado no experimento nº 2 que o interesse dos participantes era elevado e que a regra dos cinco minutos não iria mais desaparecer. O setor de segurança passou a ser mais exigido quanto às visitações dos colaboradores sedentos em termos de explicações, melhores orientações a respeito da segurança, sendo que para o experimento nº 2 (Indústria de Cimento), a grande preocupação era para com a saúde, passando pela postura quanto ao movimento de carga, iluminação, ventilação e principalmente para com os acidentes clássicos de trabalho. Como dados técnicos, foi diagnosticado que a NR-17 teve 10% de índice observância por parte dos colaboradores, a NR-10 com 30%, a NR- 18 com 25%, a NR-23 com 20%, ficando as demais Normas Regulamentadoras com os 15% restantes. Nesta fase, o Coach foi ainda mais determinante como evidenciado anteriormente, pois com a procura aumentada no setor de segurança, o setor onde estava o Coach foi tão quanto procurado, sendo que os aconselhamentos, condições de postura e ética no trabalho, construção de carreira e até mesmo condições sociais ficaram a mercê do Coach que por sua vez, entendendo a cultura organizacional, exerceu papel precioso no sentido de fugir discretamente da metodologia Coaching e propor sugestões e foi assim notado que a motivação dos colaboradores passou a ser atônica daquela empresa.
O aumento do grau de interesse por parte dos colaboradores acarretou na necessidade de contratação em ambas as empresas, de mais um profissional habilitado em segurança, aprovado pela direção de cada uma das empresas, com a incumbência de prestar esclarecimentos de toda ordem sobre Saúde e Segurança do Trabalho junto aos colaboradores sedentos por informações, tornando o escopo desse trabalho totalmente justificado e já implantado e consolidado nestas empresas e seguindo esta linha de raciocínio, o Coach que segundo reza na metodologia, promove uma atividade que tem início, meio e fim estimado entre três a cinco meses, passou a permanecer nas empresas por conta de sua ação motivadora e pelo número de colaboradores que cada uma detinha, inserindo desta forma mais um cargo administrativo e de real importância para o sucesso dos resultados esperados em nível de saúde e segurança do trabalho e por que não mencionar outros segmentos empresariais, haja vista que qualquer ação está implícita a este segmento.
Foi identificada e mapeada uma diferença de postura em nível de tipo de atenção de motivação sobre a saúde e segurança por parte dos colaboradores do experimento nº 1 e do experimento nº 2, e bastante interessante, que independe do sexo e do número de colaboradores de uma empresa e isto foi evidenciado nos percentuais registrados a respeito das Normas Regulamentadoras, do processo da Ginástica Laboral estendido em cinco minutos e também, da presença do profissional Coach no ambiente ocupacional como integrante da empresa, que predominaram como requisição por parte destes colaboradores. Isto já era esperado, haja vista que as empresas possuem características distintas em nível de Grau de Risco, registrando que a Instituição de Ensino possui Grau de Risco médio igual a “2” e a Indústria de cimento com grau de Risco médio igual a “5”. Os colaboradores do experimento nº 1 fizeram um uso maior de comunicação com o setor de segurança para sanar as suas dúvidas, fazendo de forma consistente o uso de meios eletrônicos e telefônicos.
Os colaboradores do experimento nº 2, por se tratar de uma empresa com a possibilidade de acidentes maior, compareciam com maior frequência ao setor de segurança e do Coach, na expectativa de sanar também as suas dúvidas, pois as facilidades de uso da rede mundial de computadores para a empresa de cimento eram menores, tendo como premissa de que a sobrecarga de trabalho nesta empresa é bem maior do que a Instituição de Ensino e pode-se expor ainda que os colaboradores da Instituição de Ensino preocupam-se mais com a saúde pessoal e os da empresa de cimento se atem com maior frequência aos acidentes de trabalho. Em ambas as empresas esta atenção distinta mencionada não dirime por completo a outra fonte de preocupação e motivação por parte dos colaboradores. Os colaboradores de ambas as empresas demonstraram algo em comum, ou seja, se a empresa se preocupa com seu potencial humano destacando profissionais de saúde e segurança e um Coach, estes também tendem a se preocuparem com o bem-estar da empresa e neste cenário de mercado altamente competitivo e falta de mão de obra inicialmente qualificada, esta assertiva é altamente relevante.
Estas evidências já eram esperadas e consideradas por conta da prerrogativa de caráter operacional de uma empresa para outra, mas uma consideração deve ser registrada que é a adesão para com os cinco minutos adicionais ao período da Ginástica Laboral que acabou se tornando uma verdadeira rotina e foi proporcional comparando-se as empresas que se prestaram proativamente como objeto de estudo desse trabalho, numa demonstração de que esta técnica promove resultados bastante significativos positivamente para a saúde financeira e da imagem da empresa e também para a saúde física e mental de cada colaborador inspiradas pelo profissional Coach, tendo como resultante, a satisfação sedimentada pela teoria da Qualidade Total que trata de cinco componentes, mas o de maior relevância neste trabalho foi o de autodisciplina, e em nível de competitividade acirrada no mundo empresarial, a redução de gastos com um colaborador afastado ou insatisfeito em qualquer nível ocupacional está em voga na atualidade, gerando desta forma a tão almejada lucratividade, podendo-se afirmar que a inserção no organograma de um cargo como o do Coach, pode trazer muito mais lucratividade do que um desembolso salarial para este profissional.
Outra forma de demonstração de satisfação laboral em nível de saúde e segurança foi concentrada em observar que os colaboradores estão caminhando e executando as suas tarefas no sentido de fazer com que as suas condições de trabalho, em parceria com a empresa, sejam plenas e que a entidade os terá sempre em atividade segura, acarretando numa estabilidade ainda maior no trabalho e isto deve ser exposto principalmente pela ação do profissional Coach, pois se apenas fizer perguntas e receber respostas no nível de consciência normal, ele pode estar ajudando os orientandos a estruturarem seus pensamentos, mas não está sondando níveis de consciência mais novos e profundos.
            Quando o colaborador de uma empresa tem de parar para pensar antes de responder, talvez levantando os olhos para fazer isso, a consciência está sendo elevada, pois está tendo de examinar novas profundidades de sua consciência para reaver a informação. É como se ele estivesse investigando seus arquivos interiores mais secretos para buscar a resposta. Uma vez encontrada, essa nova consciência se torna atenta às questões específicas de saúde e segurança e o orientando torna-se mais capacitado com ela, haja vista que nos dias de hoje, impera dentre diversos elementos de preocupação do ser humano que atua em entidade privada, a estabilidade empregatícia, e ela é conquistada quando o colaborador passa a fazer de seu local de trabalho uma extensão de seu lar, onde se faz importante registrar condicionantes que solidificam tal posição como respeito, lealdade, pontualidade, economia, conhecimento e interesse pela atividade segura, atenção à identidade da empresa juntamente com o espírito corporativo.

Conforme Álvaro Leregian em seu site http://www.frasesnaweb.com.br/autor/alvaro-granha-loregian:

Quem trabalha somente com a Verdade está sempre tranquilo e seguro, enquanto aquele que não o faz, precisa ficar sempre na espreita, aflito, inseguro e furtivo. (www.frasesnaweb.com.br).

O quadro a seguir demonstra dados coletados, do grau de importância/satisfação para com cada item analítico, após a implantação do adicional de cinco minutos da Ginástica Laboral, apenas com a presença de profissionais de saúde e segurança.

Descrição Analítica
Exp. 1
Exp. 2
Envio/troca de e-mail p/ setor de segurança
65%
60%
Atenção aos e-mails recebidos da Segurança
60%
40%
Integração entre colaboradores
50%
45%
Leitura dos avisos de segurança nos Quadros
35%
50%
Presença no Setor de Segurança p/ esclarecimentos
35%
55%
Satisfação p/ com as atividades informativas
20%
45%



O quadro a seguir demonstra dados coletados, do grau de importância/satisfação para com cada item analítico, após a implantação do adicional de cinco minutos da Ginástica Laboral, com a presença de profissionais de saúde e segurança e do profissional Coach.

Descrição Analítica
Exp. 1
Exp. 2
Envio/troca de e-mail p/ setor de segurança
95%
90%
Envio/troca e-mais com o Coach
95%
96%
Atenção aos e-mails recebidos da Segurança
95%
90%
Atenção aos e-mails recebidos do Coach
95%
95%
Integração entre colaboradores
90%
95%
Leitura dos avisos de segurança e elementos motivacionais/reflexão afixados nos Quadros
90%
90%

Presença no Setor de Segurança p/ esclarecimentos
95%
90%
Presença no setor do Coach para sessão
95%
98%
Satisfação p/ com as atividades informativas
88%
97%

Estes quadros demonstram que os interesses e motivação dos colaboradores para com a saúde e segurança já era expressivo, mas não atingiam os patamares almejados pela empresa e com a inserção do profissional Coach nesse meio organizacional, aqui especificamente no período da Ginástica Laboral e o mesmo ficando in loco e a disposição dos funcionários colaboradores, o interesse e a motivação cresceram e pontuaram níveis aceitáveis e geradores de grande atenção por parte dos empresários, haja vista que os acidentes foram altamente reduzidos e a saúde física e mental dos trabalhadores evoluiu significantemente em prol das metas estabelecidas.
 

CONCLUSÃO

Enaltecendo a presença do Coach quando da Ginástica Laboral na qualidade de vida do colaborador, o século XXI será lembrado por muitos acontecimentos e sem dúvida um destes se trata de uma preocupação maior com a qualidade de vida na empresa em nível corporativo, de saúde, segurança e de caráter social e neste sentido, o Coach possui uma interferência altamente positiva nas pessoas colaboradoras em prol da saúde mental e motivacional direcionada a extinção de acidentes fruto do maior grau de interesse e motivação. As empresas concluíram e estão se movimentando no sentido de que deve haver uma atenção especial para os hábitos diários das pessoas e se estes são classificados como saudáveis ou não e caberá ao Coach uma intervenção extremamente incisiva em cada grupo para apoiá-los em direção à eficácia de suas ações para com os requisitos da saúde e segurança do trabalho. Esta discussão ruma à redução de hábitos deletérios à saúde e à qualidade de vida bem como aumentar a frequência de posturas promotoras de saúde e de qualidade de vida e consequentemente a redução de acidentes ocupacionais em suas diversas esferas.
Neste sentido, conclui-se que a qualidade de vida tão evidenciada pela sociedade moderna e empresarial pode estar associada a vários setores da vida dos indivíduos, onde o Coach incorporado à empresa deverá promover em cada um o espírito de que a satisfação pessoal em todos os segmentos é imprescindível para se adquirir um estilo de vida melhor, envolvendo vários aspectos como: vida pessoal, emocional, profissional, familiar, segurança e muitos outros, implicando no cerne da questão que é o de estabelecer um grupo forte, saudável, motivado e altamente qualificado de forma coinsciente em seguir rigorosamente as normas de segurança. O Coach pode atingir mais rápido qualquer objetivo que tenha estipulado, quando planeja seus passos com sabedoria e estabelece um calendário que permite aos colaboradores executar essas etapas. Para o Coach, metas que pareciam longe e fora do alcance, eventualmente se aproximam e se tornam viáveis, não porque os seus objetivos encolheram, mas porque cada um cresceu e expandiu para corresponder-lhes. A meta é tangível quando o colaborador pode experimentá-la com um dos sentidos, ou seja, sabor, tato, olfato, visão ou audição. Quando o objetivo é tangível, você tem uma chance melhor de fazer isso e, portanto, será específico, mensurável e atingível e isso foi observado nas atividades do Coach em parceria com cada grupo da empresa e também, em situações isoladas, de forma individual, concluindo-se ainda que as empresas estão se mobilizando e cuidando de seus funcionários colaboradores, de preferência, dentro da empresa, para que sua performance seja a almejada e gere prosperidade, lucratividade, elevação da imagem e por fim, permanência no mercado com a consolidação de sua marca e a exposição de sua política de trabalho junto a comunidade. Em evidência, NAHAS (2001) salienta que qualidade de vida é a condição humana resultante de um conjunto de parâmetros individuais de caráter sócio e ambiental, modificáveis ou não, que caracterizam as condições em que vive o ser humano. Desta forma a atenção para as condições de trabalho oferecidas ao ser humano também fazem parte do que Nahas denomina ser qualidade de vida. Partindo deste pressuposto, um programa de promoção de saúde e segurança incluindo na Ginástica Laboral pode influenciar positivamente na qualidade de vida do empregado a partir do seu cotidiano laboral, modificando inclusive, seus hábitos até mesmo fora do ambiente de trabalho (FONTES, 2001).
A partir dessas considerações, este artigo tem como escopo a qualidade de vida no setor profissional-trabalho e carrega consigo a visão de totalidade de qualidade de vida, pois por meio da prática da Ginástica Laboral e da preocupação para com os aspectos ergonômicos e de segurança, busca-se melhorar a qualidade de vida e a modificação de comportamento dos funcionários de uma empresa, envolvendo aspectos biológicos, físicos, psicológicos e sociais.
Independentemente da ocupação, é necessário uma boa mobilidade para a realização das tarefas diárias. Nossas ações são realizadas por meio de um corpo que possibilita diversos movimentos, mas que necessita de um equilíbrio entre a postura (ação da gravidade), a capacidade de contração muscular (força muscular) e a boa flexibilidade. Este conceito vem do perfeito equilíbrio entre a prática da Ginástica Laboral e conhecimentos aplicados à Segurança do Trabalho (WISNER, 1987).
A prática da Ginástica Laboral e conhecimentos de Segurança do Trabalho permite um treinamento da flexibilidade o que previne o encurtamento muscular crônico, motivo de queixas de dores musculares por diversos profissionais, além de conduzir para o combate dos denominados "vícios posturais", considerado uma das razões de constantes reclamações por incômodos de origem física por parte dos trabalhadores. Com a divisão social do trabalho priorizou-se cada vez mais movimentos e esforços físicos repetitivos o que ocasionou o surgimento de doenças e lesões cada vez mais comuns na classe operária. Desta forma, tornou-se necessário a Ginástica Laboral nas empresas seja ela preparatória ou compensatória, pois, é comprovado cientificamente que a sua prática previne lesões, distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho, orienta uma melhor postura diante das tarefas desempenhadas, maior preocupação com o estilo de vida através de conversas sensibilizadoras prevenindo doenças por meio da informação a respeito de Segurança do Trabalho e nesse contexto, a ação social do Coach se faz necessária, mediante os resultados obtidos nos experimentos apresentados.
Para serem possíveis ações sociais orientadas pela racionalidade comunicativa, autores e entendidos no assunto indicam que os sujeitos envolvidos na articulação da ação precisam negociar argumentativamente, o que implica que eles estabeleçam uma interação comunicativa livre de constrangimentos e orientada para o entendimento intersubjetivo. Para que os critérios de racionalidade sejam contemplados, os argumentos expressos devem representar aquilo que os interlocutores realmente entendem como verdadeiros, sentem sinceramente e acreditam ser os valores e princípios de retidão legitimados em sua sociedade e serem inteligíveis. (pretensão de inteligibilidade).
É importante ressaltar que os benefícios provenientes da prática da Ginástica Laboral caminham de mãos dadas com os fatores ergonômicos de uma empresa. Se há uma orientação postural na aula, esta deve ser materializada no momento do trabalho, com o ajuste da cadeira à anatomia do corpo do funcionário, manusear os equipamentos de forma e postura corretas, alternar posições sentadas ou em pé contribuindo positivamente com a circulação sanguínea, o ambiente ser arejado/iluminado, são elementos auxiliares na busca de um estilo de vida saudável no ambiente do trabalho e fora dele, incorporando essas novas atitudes na rotina diária. A prática da Ginástica Laboral e dos cinco minutos adicionais para a questão da Segurança do Trabalho também contribui para a melhoria da integração, permitindo maior socialização, já que este é um momento de descontração tornando a relação menos formal. Paralelamente, a prática da Ginástica Laboral em harmonia com os conceitos de Segurança do Trabalho desperta o bom humor, a simpatia, melhora a disposição para o trabalho e consequentemente aumento na produtividade e melhor atendimento ao cliente.
O Brasil tornou-se o segundo país com o número maior de pessoas estressadas, perdendo somente para o Japão. Estudos constataram que o estresse é maior por conta do trabalho no tocante as longas jornadas e a insatisfação com a ocupação laboral, na qual esta situação influi diretamente na qualidade de vida do sujeito (Reportagem do programa Globo Repórter).
Dada esta importância à Ginástica Laboral, foi a partir daí que surgiu a ideia de uma ampliação em cinco minutos para atenção total à questão da Segurança do Trabalho, haja vista que a prática da ginástica já estava consolidada e bem aceita pelos colaboradores e em perfeita harmonia com as questões da segurança, o casamento seria duradouro. A prática da Ginástica Laboral tem atuação importante diante dessas situações, pois visa proporcionar relaxamento do corpo, reduzindo as tensões acumuladas, diminuindo o estresse, acalmando os pensamentos de cobranças e tarefas, permite momentos de um "cuidar-se melhor", elevando a autoestima dos funcionários, deixando-os mais confiantes, motivados, dispostos e concentrados para o trabalho, mediante o programa de ampliação em cinco minutos para orientações sobre saúde e segurança do trabalho.
O resultado foi extremamente positivo, aceito pelos colaboradores e pela gestão das empresas envolvidas. A Saúde e Segurança do Trabalho tornaram-se uma rotina nas empresas, evidenciadas pelo número de contatos diversos com o setor de segurança em seus múltiplos meios de comunicação.
No período da pesquisa, nenhum acidente foi observado e a movimentação fruto do comprometimento oriundo das informações e orientações maciças quando dos cinco minutos majorados da prática da Ginástica Laboral foi fundamental, incitando os colaboradores a repensar a dinâmica de suas atividades na expectativa de torná-las mais eficazes e com menor grau possível de risco de acidente. A integração obtida quando da prática da Ginástica Laboral foi elevada substancialmente não só entre os colaboradores praticantes da ginástica, mas com o setor de Segurança do Trabalho que sofreu uma verdadeira reestruturação de forma a contribuir ricamente para com as solicitações dos colaboradores advindas do projeto, envolvendo modernização dos meios de comunicação, melhoria nas rotinas de envio de e-mail entre os setores, aumento do número de programas de treinamento mais intensivos, melhoria das relações entre a equipe da CIPA e demais membros da empresa, criação de novos quadros indicativos de informações e estatísticas, maior comprometimento dos membros do setor de segurança devidamente dimensionado para o sucesso do projeto. Desta forma, excelente para a empresa e brilhante para os colaboradores que se tornam mais integrados entre si e com a empresa, a partir da ampliação dos conhecimentos adquiridos sobre segurança que geram imperativamente um grau de comprometimento para consigo próprio e para com a empresa, pois passa a ser tratada e sentida como a extensão de seu lar.
Concluindo finalmente, o programa de ampliação em cinco minutos da Ginástica Laboral para tratar de assuntos pertinentes a saúde e segurança do trabalho com a presença de profissionais da área e a presença do Coach em tempo integral na empresa, mostrou ser extremamente eficiente e pode ser aplicado em empresas de qualquer ramo de atividade, sendo que cada uma se ajustando à sua dinâmica de trabalho e aos infinitos mecanismos internos e externos de informação e comunicação junto aos colaboradores, necessários ao êxito do programa.



REFERÊNCIAS

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CHIAVENATO, Idalberto. Construção de talentos: coaching & mentoring. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

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FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio versão 5.0. 1ª. São Paulo: Positivo, 2004.

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MENDES, JerônimoManual do Empreendedor. São Paulo: Atlas, 2008.

NAHÁS, M.V. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida mais ativo. Londrina: Midiograf, 2001.


NOVA ESCOLA ON LINE. Vigotsky, o teórico social da inteligência, 2004. Disponível em: http://www.miniweb.com.br/Educadores/Artigos/vigotski.html. Acesso em 28 de jun de 2015.

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OLIVEIRA, Walter Ferreira de. Educação Social de Rua. São Paulo: Educativa, 2004.

SHEPHARD, Roberta. Fisioterapia em Pediatria. São Paulo: Santos, 2002.

PORTAL RH. Segurança e Planejamento do Trabalho, 2015. Disponível em http://www.rhportal.com.br/artigos/rh.php?rh=Seguranca-no-trabalho. Acesso em 22 de abr de 2015.

SOARES, AntonioEmpresas. São Paulo: Porto, 2006.

STEINHILBER, Jorge. Estudante é um Aprendiz. Rio de Janeiro: Atlas, 1998.

WISNER, Alain. Por dentro do Trabalho - Ergonomia, Método e Técnica. São Paulo: FTD S.A., 1987.

julho/2015


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MECANISMO DE INFORMAÇÕES E ORIENTAÇÕES SOBRE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO NO PERÍODO DA GINÁSTICA LABORAL

Eric Ricardo Calhau de Castro
Engenheiro Civil / Matemático
Livre Docente - Doutor em Administração
PhD em Administração de Negócios
Engenheiro Esp. Saúde e Segurança do Trabalho / Metodologia do Ensino Superior
MBA Executivo em Coaching
ericcalhau@gmail.com




RESUMO

Este trabalho científico tem como proposta e principal output, apontar os benefícios em condicionar os colaboradores de uma determinada empresa, no período em que os mesmos estão em atividade de Ginástica Laboral e que desprende em média quinze minutos, a aceitarem de forma motivadora, incorporadora e construtiva, a ampliação desse período em cinco minutos para que haja orientações e informações sobre os requisitos fundamentais a respeito da Saúde e Segurança do Trabalho e suas consequências, como forma de complementação dos mecanismos existentes de multiplicação dessas informações e orientações. Todos os procedimentos estarão respeitando os processos de informação e Segurança do Trabalho adotado por cada empresa, salientando que a regra é de não haver debates e sim, fazer com que os participantes desfrutem de informações que possam gerar reflexões, indagações posteriores e majorar a atenção quanto ao desempenho das diversas atividades da empresa harmonizando com o quesito segurança em seu leque de segmentos.





Palavras-chave: colaboradores - laboral - segurança - informação – comunicação.




INTRODUÇÃO


Este trabalho científico em forma de artigo possui elevada importância quanto ao quesito Segurança do Trabalho em seus diversos mecanismos de informação e orientação difundidos em uma empresa, seja ela de qualquer ramo de atividade, haja vista que a proposta ícone do mesmo, é fazer com que os colaboradores se envolvam ainda mais com as questões da segurança, acarretando numa expressiva melhoria na qualidade de vida dos mesmos e também na lapidação da imagem da empresa, numa demonstração de preocupação legal e afetiva para com os seus pares de trabalho.

As Variáveis condicionadas ao trabalho foram tabuladas da seguinte forma, ou seja, como Variável Independente, os cinco minutos a mais da Ginástica Laboral, destinados e orientações e informações sobre segurança; como Variável Dependente, o grau de aceitação e incorporação por parte dos colaboradores; como Variável de Controle, os grupos participantes da Ginástica Laboral distintos por empresas.

Inicialmente é necessário fazer uma menção ao papel legal das empresas, pois cabe a elas, cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho incluído pela Lei 6.514, de 22.12.1977, e dessa forma, uma série de etapas oficiais de caráter instrutivo, informador e motivador devem ser executadas fazendo com que os colaboradores participem de programas de treinamento, palestras, laboratórios e workshop, promovidos pela própria empresa. Isto habitualmente acontece no horário do expediente, observando adicionalmente que pode acontecer fora do horário de expediente e dessa forma, nota-se que o processo fica dificultoso por conta da ansiedade do colaborador em se deslocar para sua residência ou até mesmo para o seu local de estudos como é o caso de muitos, segundo constatação obtida através de entrevistas.



Esta colocação é fruto de observações colhidas por profissionais habilitados em segurança que notaram nos colaboradores uma desatenção nessas participações acima da média, haja vista que o colaborador assume uma ansiedade elevada com vistas aos seus compromissos assumidos após expediente. 

Segundo Gonçalves:

         Segurança do Trabalho pode ser definida como a cncia que, através de métodos preventivos apropriados, estuda as causas de acidentes de trabalho, possibilitando a adão de medidas técnicas que objetivem eliminar ou, pelo menos diminuir a ocorrência de Acidentes do Trabalho. (GONÇALVES, 1995, p.12)


Como mecanismos de informação adotados para fazer de forma corriqueira com que um colaborador esteja atento à questão da Segurança do Trabalho incluindo o fato de estar sempre condicionado a repensar sobre formas de melhorar os processos de suas atividades, geralmente colocam-se cartazes em pontos estratégicos, folhetos próximos à estação onde a atividade vai ser desenvolvida, envio de e-mails esporádicos, programas de treinamento nem sempre rotineiros e na maioria das vezes com muita ausência de colaboradores e outros mecanismos peculiares a cada empresa.

Este viés está pautado na expectativa de reduzir o índice de acidentes e instruir e motivar cada indivíduo sobre as regras e normas de segurança da empresa que devem ser absolutamente respeitadas por cada membro integrante da mesma, informando inclusive nestes mecanismos, quais serão as implicações trabalhistas em nível de punição para os que não cumprirem as normas estabelecidas pela empresa.

O programa de Ginástica Laboral deve ser oficialmente adotado pelas empresas, conforme legislação própria e que se alinha ao formato retilíneo à implantação de atividades físicas orientadas e praticadas durante o horário do expediente visando à melhoria pessoal e desempenho dos colaboradores para um bom desenvolvimento de um trabalho em equipe, sendo o período destinado à mesma, de quinze minutos.
As empresas que promovem a prática dessa modalidade também são beneficiadas, na medida em que os funcionários não faltam tantas vezes ao trabalho por motivos de doença. A Ginástica Laboral também fortalece as relações para o desenvolvimento de trabalhos em equipe e aumenta a produtividade.

Dentre os inúmeros benefícios físicos e mentais, as técnicas específicas utilizadas na Ginástica Laboral podem ainda contribuir para aliviar o estresse e as tensões acumuladas, provocadas pelo excesso de trabalho; reeducar a postura corporal, principalmente para trabalhos que exijam movimentos repetitivos; diminuir o sedentarismo e a fadiga; aumentar o ânimo, melhorar o desempenho no trabalho e a integração no grupo de trabalho; prevenir lesões nas mãos, ombros, coluna, punhos e as doenças como LER (Lesões por Esforços Repetitivos), dentre outros.

É importante e salutar salientar que o programa de Ginástica Laboral além de ser obrigatório, promove grandes benefícios para as empresas, motivo pelo qual essa atividade física é estimulada e implantada por diversas organizações.
Mediante o panorama técnico exposto, a pesquisa tem elevada significância e está ligado diretamente com o objetivo principal que é o de minimizar os impactos negativos oriundos do sedentarismo na vida e no trabalho, atuando na prevenção de doenças nos sistemas muscular e nervoso. Como consequência, a organização só obtém resultados relevantes, tais como um colaborador mais motivado e disposto na execução de suas atividades, o que acarreta um aumento considerável na produtividade conforme diagnose verificada em outros experimentos científicos.  

Em respeito à Legislação do exercício do ofício, o profissional que vai atuar numa empresa como orientador no programa de Ginástica Laboral deve estar qualificado para o exercício dessa função conforme a lei 9696 de 1998. Ele deve ser graduado em Educação Física e de preferência com especialização em Ginástica Laboral empresarial.

Observa-se que existem muitos profissionais graduados em Educação Física sem a devida pós-graduação que o habilita a ministrar e conduzir a Ginástica Laboral nas empresas, mas o fato de que já militam nessa função por muito tempo e com a experiência adquirida, acabam sendo bem aceitos pelas empresas e por conta disso e de forma profissional e apropriada, conduzem bem a sua função.

Registra-se que através de coleta de dados e pesquisa bibliográfica, estes profissionais recebem grandes orientações de profissionais de áreas correlatas como Engenheiro de Saúde e Segurança do Trabalho, Fisioterapeutas, Psicólogos, Médicos, especialistas em Ergonomia e outros, com o intuito de tornar a sua prática, recheada de parâmetros legais e técnicos, fazendo assim com que tal atividade seja eclética, e suprindo a necessidade da especialização específica.

Geralmente a função desse profissional não é somente aglomerar um número considerável e bem dimensionado de funcionários num espaço físico permanente ou adaptado momentaneamente para este procedimento e fazer uma série de exercícios de alongamento, relaxamento e até mesmo de musculação. Eles devem conversar intensamente com os colaboradores no sentido de instruir, orientar e tão importante quanto, fazer indicações de atividades físicas pertinentes aos meios externos à empresa, para que a saúde dos orientados não seja apenas uma regra, mas sim, uma cultura a ser adotada e executada para fins de melhoria no desempenho de todas as suas funções, pois não se pode deixar de ser repetitivo neste sentido, ou melhor, um colaborador com qualidade de vida fora da empresa em nível de forma física, mental e de alimentação, produz muito mais do que aquele que se restringe apenas à Ginástica Laboral na empresa e consequentemente os lucros são para a empresa que investe nisso, tendo sempre o seu colaborador motivado e presente em suas atividades.



Segundo Cañete:
                                  
Eis que para recuperar os danos provocados                                          durante a atividade de trabalho, as empresas, cujos processos de gestão atendem aos preceitos universais e modernos em voga, estão investindo em programas de Ginástica Laboral, não se trata de mais um modismo por parte das empresas, mas sim de uma iniciativa que veio para ficar. (CAÑETE, 2001, p.45)




DESENVOLVIMENTO

No eixo Sul-Sudeste do Brasil, zona mais industrializada, a Ginástica Laboral já faz parte da rotina de algumas empresas há muitos anos, isso é evidenciado no marketing de muitas empresas dos diversos setores, que, por meio dos seus websites, divulgam os investimentos na qualidade de vida dos trabalhadores e nas condições e carga de trabalho através dos programas de Ginástica Laboral que está diretamente ligada à ergonomia e por assim ressaltar a Segurança do Trabalho.

A intenção de adotar uma dilatação do período da Ginástica Laboral para vinte minutos, onde os cinco minutos finais serão destinados a orientações e informações a respeito da Saúde e Segurança do Trabalho e também sobre as Normas Regulamentadoras, está em congruência com a necessidade de se aprimorar e ampliar os mecanismos de divulgação dos requisitos de segurança já adotados, exercendo em cada colaborador, em doses tipo homeopáticas, uma atenção mais apurada e indagadora quanto às questões da segurança como reforço positivo e complementar, fazendo-o estar constantemente atento às mesmas sem causar nenhum grau de estresse por conta de um assunto rotineiramente abordado, culminando na pretensão de fazer acontece à redução e porque não, a extinção de acidentes e doenças ocupacionais, onde a ergonomia cognitiva fica mais evidenciada nesta nova postura de encontro de pessoas para a realização de uma ginástica e que acaba se estendendo a orientações.

Ressalta-se que o profissional da Ginástica Laboral nem sempre está apto a promover tais divulgações e assim, surge apropriadamente uma necessidade complementar de fazer com que o Engenheiro de Segurança prepare em um documento, o conteúdo a ser divulgado, que pode ser com informações simplórias ou até mesmo complexas, para ser abordado pelo professor de educação física sem ultrapassar o limite de tempo.

Eventualmente o profissional qualificado da área de segurança, geralmente um técnico de Segurança do Trabalho, irá acompanhar in loco o professor da Ginástica Laboral, para que ele mesmo desenvolva o processo de informação e orientação junto aos participantes daquele grupo e também dos demais, sempre focado numa metodologia adequada ao ambiente e ao propósito do projeto de informação e também, no comportamento de cada indivíduo para obtenção da atenção e incorporação das informações esperada, e isto, em conformidade com a ergonomia cognitiva.

Segundo Leite:

                                         À medida que o indivíduo declina fisicamente pode haver uma deterioração concomitante na sensação de bem estar, resultando em autoestima precária, ansiedade, fadiga e depressão.  Estes estão frequentemente associados à pouca motivação e uma redução adicional na atividade física. (LEITE, 1996, p.18)


Foi realizado o experimento de dilatação do período da Ginástica Laboral em cinco minutos, num mesmo período, em duas empresas para dar fundamentação científica ao tema pertinente ao trabalho científico. Estas duas empresas de ramos diferentes que aqui terão os seus experimentos denominados de nº 1 e nº 2 estão localizadas no Estado do Rio de Janeiro e em cidades diferentes, ou seja, uma em Volta Redonda e a outra no Rio de Janeiro e a Razão Social de cada uma será preservada a pedido da direção.


Esta preservação foi mencionada pela direção de uma das empresas, atendo-se ao fato de que este projeto poderia tratado como produto comercial e foi então informado que se tratava de uma pesquisa destinada à ampliação e multiplicação de conhecimentos em sua amplitude, tendo cunho acadêmico-científico e não podendo jamais ser dado tratamento comercial. Dessa forma, a direção de cada empresa aceitou a argumentação e concedeu toda a estrutura necessária à realização da pesquisa. Foram assim sendo preservados os nomes das duas empresas

O experimento nº 1 foi destinado a uma Instituição de Ensino Superior e com Cursos Técnicos, com aproximadamente 700 colaboradores e destacando que a predominância dos colaboradores era de sexo feminino e com atividades mais suaves, voltadas para a área administrativa, mas com fortes incidências de necessidade de aplicação técnica da Ergonomia como fator determinante para a prevenção de doenças ocupacionais e outras atividades com grau de relevância mediano quanto ao quesito referente a risco de acidentes de trabalho, como por exemplo, a parte de manutenção elétrica e construção civil.


O experimento nº 2 foi destinado a uma indústria de fabricação de cimento, com aproximadamente 2.300 colaboradores, destacando que a predominância dos colaboradores era do sexo masculino e com atividades mais exigentes em nível de condições de trabalho e carga ligadas à fabricação, transporte e elevação de materiais. Ambos os experimentos tiveram início na mesma data e os processos de partida adotados foram absolutamente idênticos, não comprometendo assim a ideologia científica, mas já antecipadamente projetando ajustes de intensidade e protocolos.


Os experimentos nestas empresas foram iniciados em março do ano de 2013 com projetiva científica de duração para dez semanas e conforme o planejamento, os envolvidos diretamente neste trabalho científico deverão adotar uma postura de incorporação do tema e estimulação a reflexões diversas voltadas à melhoria da qualidade de vida provocadas pela redução ou mesmo a extinção do inimigo maior dessa qualidade que é o acidente, seja ele técnico ou ocupacional.


A estratégia inicial adotada foi a de comunicar aos colaboradores que participam da Ginástica Laboral que tal ampliação para informações e orientações quando a Segurança do Trabalho tratava-se de uma pesquisa, pois esta informação poderia provocar uma alteração comportamental nas pessoas e a pesquisa estaria comprometida. Em síntese, a empresa decidiu adotar esta nova postura dos vinte minutos e os colaboradores devem aceitar, mas partindo da premissa de que se trata de uma decisão que visa melhorar os aspectos de segurança na empresa.


O grupo geralmente formado por vinte indivíduos desloca-se para um ambiente adaptado, contendo espaço suficiente para os exercícios e cadeiras em número adequado para os ouvintes que acabaram de praticar a Ginástica Laboral e a partir daí iniciou-se o programa de dilatação do tempo envolvendo os cinco minutos finais bem aproveitados para orientações e informações sobre Segurança do Trabalho.


A conduta adotada como protocolo inicial, foi a de que o Engenheiro de Segurança preparava diariamente o material sobre Segurança do Trabalho a ser lido pelo professor de educação física e que um dia por semana, o Engenheiro estava no local da Ginástica Laboral para exercer a sua missão de forma oral e/ou expositiva sobre Segurança do Trabalho.


O Engenheiro de Segurança começou os seus trabalhos semanais comparecendo sozinho ao setor da ginástica e após cinco semanas, o mesmo acabou tendo que ser acompanhado por um técnico, pois passou a fazer observações para as respostas posteriores e também a fazer uso de recursos técnicos para exposições rápidas de imagens e vídeos. Fica assim evidenciado que uma foto conjugada com uma informação sobre ela causa um efeito fantástico em nível de fazer com que o indivíduo fique com aquela imagem em seu pensamento e por conta disso, o sistema humano de reprocessamento das atividades se torna constante, haja vista que aquela imagem certamente de acidente, não pode ser um episódio que faça parte de sua vida profissional.




Foi observado no experimento nº 1 (Instituição de Ensino) que o interesse dos participantes era elevado e que a regra dos cinco minutos não poderia mais ser descartada. Foi então que o setor de segurança passou a ser exigido quanto às visitações dos colaboradores sedentos em termos de explicações, melhores orientações a respeito da segurança, sendo que para este primeiro experimento, a grande preocupação era para com o segmento da Ergonomia, flutuando a respeito da saúde, e também pela postura, iluminação e ventilação em seus ambientes de trabalho. Como dados técnicos, foi diagnosticado que a NR-17 teve 80% de índice observância por parte dos colaboradores e a NR-10 com 15%, ficando as demais Normas Regulamentadoras com os 5% restantes.

A partir das informações, orientações e explicações promovidas nos cinco minutos adicionais à Ginástica Laboral, notou-se que o grau de interesse dos colaboradores passou a ficar mais acentuado, pois no ato da ginástica, onde o relaxamento da carga de trabalho acontece, o nível de atenção se eleva, passando a ser evidenciado pela ótica da condição física e mental de cada indivíduo. A tendência do projeto junto ao colaborador é despertar o interesse em melhorar sua qualidade de vida dentro e fora da empresa e esta observação que já era esperada, passou a conferir resultados positivos, haja vista tratar-se de uma postura inovadora da empresa, onde o colaborador passou a sentir-se mais valorizado, motivado a querer conquistar conhecimentos para melhorias, que até então eram apenas lidos em cartazes por todos os envolvidos e tidos como regras empresariais.

A figura a seguir tem caráter ilustrativo e contempla um ambiente de trabalho numa determinada empresa, destinado à Ginástica Laboral de forma coletiva, onde impera a integração e o despertar pelo conhecimento quanto à Segurança do Trabalho por conta dessa inovação, ou seja, quinze minutos de Ginástica Laboral e mais cinco minutos destinados à produção do conhecimento em segurança para melhoria da qualidade de vida dentro e fora do ambiente de trabalho, ressaltando que o próprio professor de educação física expõe a leitura preparada pelo profissional da segurança. Estas colocações muitas vezes são assimiladas e questionadas, gerando expectativas, dúvidas e alertas. Todas estas situações questionadoras deverão ser sanadas no local da recepção de pessoal da Segurança de Trabalho. Nos experimentos que foram os alicerces deste trabalho científico e que serão abordados mais adiante, foi diagnosticado então que muitas dúvidas foram sanadas através da comunicação eletrônica, onde por e-mail, em horários que passaram a ser pré-definidos, muitos colaboradores estabelecem contato com o setor de segurança, procedendo as suas perguntas ou externando sobre as suas inseguranças. Por conta dessa mudança de hábito dos colaboradores, coube ao setor de segurança estar preparado para com este atendimento e preparar os seus membros colaboradores do setor a responder de imediato à esta nova demanda diferenciada de comunicação.


Fotograma 1 – Ginástica Laboral coletiva.





Para ratificar o exposto anteriormente registra-se como exemplo que em janeiro desse ano, a K3 Laboral Fitness - empresa especializada em promover o bem-estar organizacional, realizou uma pesquisa junto a 1.200 funcionários que atuavam em cinco empresas de médio/grande porte e que adotavam aulas de Ginástica Laboral. O resultado apontou que a produtividade nessas empresas aumentou, enquanto o número de funcionários afastados por lesões caiu em 40%. Com relação aos colaboradores, os dados revelaram que 95% dos entrevistados sentem-se mais dispostos, 60% tiveram suas dores reduzidas e 89% perceberam melhoras na postura.


A bandeira a ser abraçada é a de trabalhar literalmente em prol da Segurança do Trabalho numa determinada empresa, destacando que estes dados foram extraídos no dia 23 de abril do ano de 2013, no site cujo endereço está disposto no fotograma.

Uma analogia a ser colocada em destaque diz respeito às pessoas que quando são motivadas e devidamente instruídas, tendem a se autovalorizarem e a seguirem os conceitos em paralelo com a prática da segurança. Tendem também a se precaver ainda mais quanto aos possíveis acidentes numa empresa e estas acabam contaminando positivamente os seus pares de trabalho, multiplicando os seus conhecimentos e relatos sobre segurança. O que se busca constantemente é a melhoria da forma como estes conhecimentos são transmitidos e processados pelos colaboradores para que haja uma ação radical e salutar em prol da Segurança do Trabalho.

Uma vez que a Ginástica Laboral está implícita na esfera da Ergonomia, o seu papel é de extrema importância no desenvolvimento e aprimoramento, pois melhora as condições de trabalho insatisfatórias, mediante o fato de que um funcionário que não possui um sistema músculo-esquelético forte o suficiente para dar conta das condições de trabalho continua sofrendo com as doenças ocupacionais, causando transtornos trabalhistas irreparáveis e também de caráter pessoal.



Explorando a Ergonomia em seu histórico e desenvolvimento, com o crescimento da produção das empresas para conseguirem acompanhar a demanda que aumenta a cada dia no mercado de trabalho, a imposição de horas extras, o aceleramento do ritmo, monotonia das atividades, a grande pressão e o controle sobre as atividades do trabalhador, contribuem para a falta de sentido ou a perda de significado do trabalho, surgindo assim, as doenças físicas e psíquicas.

As preocupações com o corpo no âmbito de ver neste uma racionalidade que o torne mais útil e produtivo, não vem de agora. Com a Revolução Industrial dos séculos de XVIII e XIX, houve inserção dos valores de produtividade e rendimento como ideais para serem cultivados. Fazia-se necessário garantir a utilização plena e com segurança das energias vindas do corpo dos trabalhadores. Para garantir o alto nível de exploração da força de trabalho, as ciências biomédicas apontaram os indicadores para os estudos referentes ao corpo.

Como aponta Soares:

Com a utilização progressiva e cada vez mais específica de máquinas no mundo do trabalho, a força física teve sua importância bastante reduzida para a população. O relevante passou a ser a obtenção e sustentação de uma ou outra qualidade física, a resistência e, sobretudo, a resistência ao desgaste nervoso, a fadiga. Desponta então uma nova ciência, a ergonomia, ciência da fadiga, das relações entre o homem e a máquina no processo de trabalho. (SOARES, 1998, p.86)


Diante da Ergonomia, entende-se a pesquisa feita nas organizações de trabalho, com o objetivo de adaptar o trabalho e as informações ao homem, com a finalidade de obter resultados gerais do sistema, definindo-se como o conjunto de conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários para a concepção de ferramentas, máquinas e dispositivos que possam ser por ele utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficácia, evidenciando com propriedade e constância a quebra do paradigma a respeito da Segurança do Trabalho.

A adoção das empresas do programa de Ginástica Laboral ligada à Ergonomia não pode ser uma iniciativa isolada, tem que fazer parte de uma série de adequações úteis à realidade do mundo de uma empresa, pois é sabido que a Ergonomia nos postos de trabalho é o estudo minucioso do número de ações que os trabalhadores podem executar, a fim de atingir um nível produtivo e satisfatório para as empresas.

FERREIRA & MENDES (2001) estudando as relações entre Ergonomia e psicodinâmica, em abordagem sobre as relações do homem com o trabalho, destacam que prazer e sofrimento são uma vivência subjetiva do próprio trabalhador, compartilhada coletivamente e influenciada pela atividade de trabalho.

Nessa perspectiva analítica, todo o trabalho veicula implicitamente em um custo humano que se expressa sob a forma de carga de trabalho, e as vivências de prazer e sofrimento têm como um dos resultantes, o confronto do sujeito com essa carga que, por conseguinte, é conflitante com o seu bem-estar.

Esta afirmativa reporta-se à NR-17 que versa sobre Ergonomia e que está nos dias de hoje, altamente requisitada pelos colaboradores da maioria das empresas sediadas no Brasil, e de fato, são os fatores ergonômicos que causam a maioria dos afastamentos dos colaboradores de suas atividades cotidianas, com alguns sendo deslocados para outra função, mas a grande maioria, afastado de qualquer tipo de atividade da empresa permanecendo em casa e afetando o planejamento de gestão de pessoal em nível de dimensionamento de cada setor de uma empresa. Estas colocações estão em conformidade com os dados registrados no site de Ergonomia do Ministério do Trabalho.



Esta é uma preocupação evidente e transparente das empresas que primam pela qualidade de vida dos seus colaboradores, seja ela em nível pessoal-profissional ou coletivo-profissional, verificado que estudos e até mesmo a própria razão aponta no sentido de fazer com que se saiba que uma pessoa satisfeita, é mais produtiva, mais atenciosa e aplica de forma mais consistente a ética profissional e com isto, quem sai ganhando é o colaborador por sua saúde plena e a empresa que passa e ter custos menores com doenças, acidentes e manutenção dos equipamentos e ferramentas. Tudo isto fruto do projeto de informação continuada do período da Ginástica Laboral.

Fotograma 2 – Atividade de Ginástica Laboral onde um colaborador precisa do outro para o seu desenvolvimento.
    
Como redundância, no experimento nº 2, que foi realizado numa empresa com aproximadamente 2300 colaboradores e de grau de risco mais elevado pelo fato de se reportar à produção industrial de cimento e com um número maior de colaboradores do sexo masculino bastante significativo em relação ao sexo oposto, as questões mais expressivas são de riscos em atividades que geralmente o homem que executa pela elevada carga, exigindo esforço físico maior.

Tal empresa também executa de forma legal a prática da Ginástica Laboral com um grupo geralmente formado por trinta colaboradores que se desloca para um ambiente adaptado para a prática da ginástica e a partir daí iniciou-se o programa de dilatação do tempo envolvendo os cinco minutos finais para orientações e informações sobre Segurança do Trabalho.

Foi observado que o Engenheiro de Segurança preparava diariamente o material a ser lido pelo professor de educação física e que um dia por semana, o Engenheiro estava naquele local para proceder a sua atividade seguindo assim o mesmo padrão de conduta experimental adotado no experimento nº 1.

Ficou evidenciado no experimento nº 2 que o interesse dos participantes era elevado e que a regra dos cinco minutos não iria mais desaparecer. O setor de segurança passou a ser mais exigido quanto às visitações dos colaboradores sedentos em termos de explicações, melhores orientações a respeito da segurança, sendo que para o experimento nº 2 (Indústria de Cimento), a grande preocupação era para com a saúde, passando pela postura quanto ao movimento de carga, iluminação, ventilação e principalmente para com os acidentes clássicos de trabalho. Como dados técnicos, foi diagnosticado que a NR-17 teve 10% de índice observância por parte dos colaboradores, a NR-10 com 30%, a NR- 18 com 25%, a NR-23 com 20%, ficando as demais Normas Regulamentadoras com os 15% restantes.

O aumento do grau de interesse por parte dos colaboradores acarretou na necessidade de contratação em ambas as empresas, de mais um profissional habilitado, aprovado pela direção de cada uma das empresas, com a incumbência de prestar esclarecimentos de toda ordem sobre Saúde e Segurança do Trabalho junto aos colaboradores sedentos por informações, tornando o escopo desse trabalho totalmente justificado e já implantado e consolidado nestas empresas.

Foi identificada e mapeada uma diferença de postura em nível de tipo de preocupação e atenção sobre a segurança por parte dos colaboradores do experimento nº 1 para o experimento nº 2, bastante interessante e que independe do sexo e isto foi evidenciado nos percentuais registrados a respeito das Normas Regulamentadoras que predominaram como requisição por parte destes colaboradores. Isto já era esperado, haja vista que as empresas possuem características distintas em nível de Grau de Risco, registrando que a Instituição de Ensino possui Grau de Risco médio igual a “2” e a Indústria de cimento com grau de Risco médio igual a “5”.

Os colaboradores do experimento nº 1 fizeram um uso maior de comunicação com o setor de segurança para sanar as suas dúvidas, fazendo de forma consistente o uso de meios eletrônicos e telefônicos.

Os colaboradores do experimento nº 2 compareciam com maior frequência ao setor de segurança, na expectativa de sanar também as suas dúvidas, pois as facilidades de uso da rede mundial de computadores para a empresa de cimento eram menores, tendo como premissa de que a sobrecarga de trabalho nesta empresa é bem maior do que a Instituição de Ensino e podemos expor ainda que os colaboradores da Instituição de Ensino preocupam-se mais com a saúde pessoal e os da empresa de cimento se atem com maior frequência aos acidentes de trabalho, mas em ambas as empresas esta atenção distinta mencionada não dirime por completo a outra fonte de preocupação por parte dos colaboradores.


Os colaboradores de ambas as empresas demonstraram algo em comum, ou seja, se a empresa se preocupa com seus pares de trabalho, estes também tendem a se preocuparem com o bem-estar da empresa e neste cenário de mercado altamente competitivo e falta de mão de obra qualificada, esta assertiva é altamente relevante.


Estas evidências já eram esperadas e consideradas por conta da prerrogativa de caráter operacional de uma empresa para outra, mas uma consideração deve ser registrada que é a adesão para com os cinco minutos adicionais ao período da Ginástica Laboral que acabou se tornando uma verdadeira rotina e foi proporcional comparando-se as empresas que se prestaram proativamente como objeto de estudo desse trabalho, numa demonstração de que esta técnica promove resultados bastante significativos positivamente para a saúde financeira e de imagem da empresa e também para a saúde física e mental de cada colaborador, tendo como resultante a satisfação sedimentada pela teoria da Qualidade Total e em nível de competitividade acirrada no mundo de hoje entre as empresas, a redução de gastos com um colaborador afastado ou insatisfeito, gerando desta forma a tão almejada lucratividade.

Outra forma de demonstração de satisfação laboral e em nível de segurança, ateve-se a observar que os colaboradores estão caminhando e executando as suas tarefas no sentido de fazer com que as suas condições de trabalho, em parceria com a empresa, sejam plenas e que a entidade os terá sempre em atividade segura, acarretando numa estabilidade ainda maior no trabalho e isto deve ser exposto, haja vista que nos dias de hoje, impera dentre diversos elementos de preocupação do ser humano que atua em entidade privada, a estabilidade empregatícia, e ela é conquistada quando um colaborador passa a fazer de seu local de trabalho uma extensão de seu lar, onde se faz importante registrar elementos que solidificam tal condição, como respeito, lealdade, pontualidade, conhecimento a respeito da atividade segura, atenção à identidade da empresa, espírito de economia e corporativismo, dentre outros.


Conforme Álvaro Leregian em seu site http://www.frasesnaweb.com.br/autor/alvaro-granha-loregian:

Quem trabalha somente com a Verdade está sempre tranquilo e seguro, enquanto aquele que não o faz, precisa ficar sempre na espreita, aflito, inseguro e furtivo. (site)



O Quadro a seguir demonstra dados coletados e tratados estatisticamente, de alto grau de importância para análises conclusivas, após a implantação do adicional de cinco minutos da Ginástica Laboral.

Descrição Analítica
Experimento nº 1 (Inst. de Ensino)
Experimento nº 2 (Ind. de Cimento)
Envio de e-mail p/ setor de segurança
75%
80%
Atenção aos e-mails recebidos
90%
93%
Integração entre colaboradores
88%
90%
Leitura dos avisos nos Quadros
90%
90%
Presença no Setor de Segurança
60%
75%
Grau de satisfação p/ com as atividades
80%
85%




CONCLUSÃO

Enaltecendo a Ginástica Laboral na qualidade de vida do colaborador, o século XXI será lembrado por muitos acontecimentos e sem dúvida um destes se trata de uma preocupação maior com a qualidade de vida. Há uma atenção especial para os hábitos diários das pessoas e se estes são classificados como saudáveis ou não. Esta discussão visa à redução de hábitos deletérios à saúde e à qualidade de vida, e aumentar a frequência de hábitos promotores de saúde e de qualidade de vida.

Neste sentido, a qualidade de vida tão evidenciada pela sociedade moderna pode estar associada a vários setores da nossa vida, sendo que a satisfação pessoal em cada um desses setores é imprescindível para se adquirir um estilo de vida melhor, envolvendo vários aspectos como: vida pessoal, emocional, profissional, familiar, segurança entre outros.

Nahas (2001) salienta que qualidade de vida é a condição humana resultante de um conjunto de parâmetros individuais de caráter sócio e ambiental, modificáveis ou não, que caracterizam as condições em que vive o ser humano. Desta forma a atenção para as condições de trabalho oferecidas ao ser humano também fazem parte do que Nahas denomina ser qualidade de vida. Partindo deste pressuposto, um programa de promoção de saúde incluindo a Ginástica Laboral e Segurança do Trabalho conjugados, pode influenciar positivamente na qualidade de vida do empregado a partir do seu cotidiano laboral, modificando inclusive, seus hábitos até mesmo fora do ambiente de trabalho (MARTINS e MICHELS, 2001).

A partir dessas considerações, este artigo tem como escopo a qualidade de vida no setor profissional-trabalho e carrega consigo a visão de totalidade de qualidade de vida, pois por meio da prática da Ginástica Laboral e da preocupação para com os aspectos ergonômicos e de segurança, busca-se melhorar a qualidade de vida e a modificação de comportamento dos funcionários de uma empresa, envolvendo aspectos biológicos, físicos, psicológicos e sociais.

Independentemente da ocupação, é necessário uma boa mobilidade para a realização das tarefas diárias. Nossas ações são realizadas por meio de um corpo que possibilita diversos movimentos, mas que necessita de um equilíbrio entre a postura (ação da gravidade), a capacidade de contração muscular (força muscular) e a boa flexibilidade. Este conceito vem do perfeito equilíbrio entre a prática da Ginástica Laboral e conhecimentos aplicados à Segurança do Trabalho (LIMA, 2007).

A prática da Ginástica Laboral e conhecimentos de Segurança do Trabalho permite um treinamento da flexibilidade o que previne o encurtamento muscular crônico, motivo de queixas de dores musculares por diversos profissionais, além de conduzir para o combate dos denominados "vícios posturais", considerado uma das razões de constantes reclamações por incômodos de origem física por parte dos trabalhadores.

Com a divisão social do trabalho priorizou-se cada vez mais movimentos e esforços físicos repetitivos o que ocasionou o surgimento de doenças e lesões cada vez mais comuns na classe operária. Desta forma, tornou-se necessário a Ginástica Laboral nas empresas seja ela preparatória ou compensatória, pois, é comprovado cientificamente que a sua prática previne lesões, distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho, orienta uma melhor postura diante das tarefas desempenhadas, maior preocupação com o estilo de vida através de conversas sensibilizadoras prevenindo doenças por meio da informação a respeito de Segurança do Trabalho.

É importante ressaltar que os benefícios provenientes da prática da Ginástica Laboral caminham de mãos dadas com os fatores ergonômicos de uma empresa. Se há uma orientação postural na aula, esta deve ser materializada no momento do trabalho, com o ajuste da cadeira à anatomia do corpo do funcionário, manusear os equipamentos de forma e postura corretas, alternar posições sentadas ou em pé contribuindo positivamente com a circulação sanguínea, o ambiente ser arejado/iluminado, são elementos auxiliares na busca de um estilo de vida saudável no ambiente do trabalho e fora dele, incorporando essas novas atitudes na rotina diária.

A prática da Ginástica Laboral e dos cinco minutos adicionais para a questão da Segurança do Trabalho também contribui para a melhoria da integração, permitindo maior socialização, já que este é um momento de descontração tornando a relação menos formal. Paralelamente, a prática da Ginástica Laboral em harmonia com os conceitos de Segurança do Trabalho desperta o bom humor, a simpatia, melhora a disposição para o trabalho e consequentemente aumento na produtividade e melhor atendimento ao cliente.

O Brasil tornou-se o segundo país com o número maior de pessoas estressadas, perdendo somente para o Japão. Estudos constataram que o estresse é maior por conta do trabalho no tocante as longas jornadas e a insatisfação com a ocupação laboral, na qual esta situação influi diretamente na qualidade de vida do sujeito (Reportagem do programa Globo Repórter).

Dada esta importância à Ginástica Laboral, foi a partir daí que surgiu a ideia de uma ampliação em cinco minutos para atenção total à questão da Segurança do Trabalho, haja vista que a prática da ginástica já estava consolidada e bem aceita pelos colaboradores e em perfeita harmonia com as questões da segurança, o casamento seria duradouro.

A prática da Ginástica Laboral tem atuação importante diante dessas situações, pois visa proporcionar relaxamento do corpo, reduzindo as tensões acumuladas, diminuindo o estresse, acalmando os pensamentos de cobranças e tarefas, permite momentos de um "cuidar-se melhor", elevando a autoestima dos funcionários, deixando-os mais confiantes, motivados, dispostos e concentrados para o trabalho, mediante o programa de ampliação em cinco minutos para orientações sobre Segurança do Trabalho.

O resultado foi extremamente positivo, aceito pelos colaboradores e pela gestão das empresas envolvidas. A Saúde e Segurança do Trabalho tornaram-se uma rotina nas empresas, evidenciadas pelo número de contatos diversos com o setor de segurança em seus múltiplos meios de comunicação.

No período da pesquisa, nenhum acidente foi observado e a movimentação fruto do comprometimento oriundo das informações e orientações maciças quando dos cinco minutos majorados da prática da Ginástica Laboral foi fundamental, incitando os colaboradores a repensar a dinâmica de suas atividades na expectativa de torná-las mais eficazes e com menor grau possível de risco de acidente.

A integração obtida quando da prática da Ginástica Laboral foi elevada substancialmente não só entre os colaboradores praticantes da ginástica, mas com o setor de Segurança do Trabalho que sofreu uma verdadeira reestruturação de forma a contribuir ricamente para com as solicitações dos colaboradores advindas do projeto, envolvendo modernização dos meios de comunicação, melhoria nas rotinas de envio de e-mail entre os setores, aumento do número de programas de treinamento mais intensivos, melhoria das relações entre a equipe da CIPA e demais membros da empresa, criação de novos quadros indicativos de informações e estatísticas, maior comprometimento dos membros do setor de segurança devidamente dimensionado para o sucesso do projeto, etc.

Excelente para a empresa e brilhante para os colaboradores que se tornam mais integrados entre si e com a empresa, a partir da ampliação dos conhecimentos adquiridos sobre segurança que geram imperativamente um grau de comprometimento para consigo próprio e para com a empresa, pois passa a ser tratada e sentida como a extensão de seu lar.

O programa de ampliação em cinco minutos da Ginástica Laboral para tratar de assuntos pertinentes a Segurança do Trabalho se mostrou extremamente eficiente e pode ser aplicado em empresas de qualquer ramo de atividade, sendo que cada uma se ajustando à sua dinâmica de trabalho e aos infinitos mecanismos internos e externos de informação e comunicação junto aos colaboradores, necessários ao êxito do programa.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CAÑETE, Ingrid. Humanização da Empresa Moderna. São Paulo: Icone, 2001.
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MENDES, Jerônimo. Manual do Empreendedor. São Paulo: Atlas, 2008.
OLIVEIRA, Walter Ferreira de. Educação Social de Rua. São Paulo: Educativa, 2004.
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SOARES, Antonio. Empresas. São Paulo: Porto, 2006.
STEINHILBER, Jorge. Estudante é um Aprendiz. Rio de Janeiro: Atlas, 1998.

Julho/2013